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Estado de Minas

Delegado indiciado pela morte de ex complica judicialmente cinco pessoas

Indiciado como assassino da ex-namorada de 17 anos, Geraldo Toledo complica a vida de sua advogada e de outras quatro pessoas, acusadas de ajud�-lo a obstruir a investiga��o do crime


postado em 11/06/2013 06:00 / atualizado em 11/06/2013 06:48

O policial na reconstituição do episódio: para a encarregada do inquérito, uma pessoa de alta periculosidade(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 26/4/13)
O policial na reconstitui��o do epis�dio: para a encarregada do inqu�rito, uma pessoa de alta periculosidade (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press - 26/4/13)


 

Considerado inteligente pelos colegas, mestre em direito penal e professor universit�rio, o delegado da Pol�cia Civil Geraldo do Amaral Toledo Neto, de 40 anos, � acusado pela corpora��o � qual pertence de fazer de tudo para esconder provas que o incriminariam como autor do tiro que resultou na morte de sua ex-namorada Amanda Linhares dos Santos, de 17 anos. Apesar do esfor�o, ele foi indiciado ontem por homic�dio qualificado, por motivo f�til, cuja pena � de 12 a 30 anos de pris�o. Al�m disso, o policial, preso na Casa de Cust�dia do Bairro Horto, Regi�o Leste da capital, vai responder pelo crime de fraude processual, com cinco pessoas que o ajudaram a esconder provas do crime – entre elas sua advogada, Maria Am�lia Tupynamb�. A pena � de tr�s meses a dois anos de deten��o, mas, como se trata de obstruir a instru��o de uma investiga��o, a puni��o pode ser dobrada.

Os demais suspeitos de ajudar no sumi�o de provas e na descaracteriza��o da cena do crime s�o Paula Rafaela Rocha Maciel, que tamb�m se relacionava com o acusado, al�m de Gabriel Gomide, Carlos Alexandre Barbason e Edmar da Silva Pereira, identificados como amigos do policial. “Elas obstru�ram a elucida��o dos fatos, tirando coisas dos seus lugares, em atitudes como limpar o sangue do carro do suspeito e jogar fora muni��es”, disse a delegada corregedora respons�vel pelas investiga��es, �gueda Bueno do Nascimento. Ela conseguiu a convers�o da pris�o tempor�ria do delegado em preventiva, por tempo indeterminado, para garantir a ordem p�blica e o t�rmino da instru��o criminal. O inqu�rito foi conclu�do ontem e encaminhado � Justi�a de Ouro Preto para julgamento.

Geraldo Toledo nega o crime e diz que a ex-namorada tentou suic�dio. Mesmo preso, ele continua recebendo sal�rio de delegado, at� ser demitido ou at� que haja decis�o judicial em contr�rio. “Ele pode ser demitido. Foi sugerido no relat�rio do inqu�rito que seja instaurado processo administrativo, tendo em vista que as investiga��es indicam que ele cometeu transgress�o disciplinar de natureza grave, pass�vel de demiss�o”, disse a corregedora, que considera o acusado uma pessoa de alta periculosidade.

Amanda foi baleada na cabe�a em 14 de abril, em uma estrada que liga Ouro Preto a Lavras Novas, na Regi�o Central de Minas. A menor morreu na �ltima segunda-feira, depois de passar 51 dias internada no Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII (HPS), na capital. �gueda Bueno enumerou v�rias provas contra o delegado: “Temos um coldre de uma arma 6.35, que � a arma da qual partiu o disparo contra Amanda, que foi escondido debaixo de folhagens no quintal da casa onde o delegado se refugiou ap�s sair de Ouro Preto. Ele limpou o sangue do seu ve�culo e n�s conseguimos provar, com uso do agente qu�mico luminol, que houve tentativa de obstruir o esclarecimento dos fatos”. A arma do crime n�o foi localizada. Geraldo Toledo tamb�m destruiu o telefone celular de Amanda e o jogou fora, segundo a delegada, e depois arremessou a bolsa dela do alto do Viaduto da Mutuca, na BR-040, chegando a Belo Horizonte.

Duas testemunhas, segundo �gueda, observaram, �s 14h32 de 14 de abril, o ve�culo do delegado estacionado na BR-356, ao lado do muro de uma sider�rgica em Ouro Preto. “A jovem estava se debatendo e ele chegava a agredi-la e arremessava objetos para fora do ve�culo, numa atitude bastante agressiva, o que chocou esse casal, que parou o carro e tentou acionar a Pol�cia Militar”, disse a delegada. Quando a PM chegou, o carro do delegado j� n�o estava mais no local.


Quase 1,5 mil p�ginas sustentam a apura��o

"Eles obstru�ram a elucida��o dos fatos, tirando coisas dos seus lugares, em atitudes como limpar o sangue do carro do suspeito e jogar fora muni��es" - �gueda Bueno do Nascimento, delegada corregedora (foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press)
O inqu�rito referente ao caso Amanda foi instaurado em 15 de abril, um dia depois de o delegado abandonar a v�tima, baleada na cabe�a, em uma unidade de pronto atendimento de Ouro Preto, sem qualquer identifica��o, e fugir tamb�m sem se identificar. Diante das suspeitas contra ele, o caso foi passado para a corregedoria. O inqu�rito tem 1.478 p�ginas, distribu�das em quatro volumes. Foram cumpridos nove mandados de busca e apreens�o, tomados 62 depoimentos, tr�s deles do acusado, e feitas 20 per�cias, entre medicina legal e per�cia criminal. Tamb�m foi quebrado o sigilo telef�nico de 13 linhas, entre elas tr�s do delegado e duas usadas por Amanda. Uma liga��o an�nima � PM de Ouro Preto foi rastreada, pois a conversa n�o havia sido gravada. A pessoa foi localizada e prestou depoimento.

Chegando a Belo Horizonte depois do crime, segundo a delegada �gueda Bueno, Geraldo Toledo deixou o carro na casa de um amigo, fez algumas incurs�es pela cidade e dormiu na casa de outro amigo. “No dia seguinte, ele foi � delegacia querendo conversar com sua chefe, mas sem querer se entregar, alegando apenas que houve uma trag�dia, pois a namorada havia se suicidado na frente dele. A chefe estava em uma reuni�o; ele saiu e n�o voltou mais”, disse �gueda. O mandado de pris�o tempor�ria foi, ent�o, expedido.

Violento

Tamb�m foram anexadas ao processo c�pias de procedimento em que Geraldo Toledo � acusado de les�o corporal contra Amanda, em 20 de mar�o, menos de um m�s antes do disparo do tiro que a matou. Para a respons�vel pelo inqu�rito, o delegado matou a ex-namorada por motivo f�til. A corregedora ressalta que o acusado tem temperamento agressivo e no dia do crime estava com raiva da v�tima, porque ela havia feito uma den�ncia contra ele. “Houve uma discuss�o deles minutos antes do crime na rodovia. Duas testemunhas a viram no colo dele, sendo agredida”, refor�ou �gueda, lembrando que uma testemunha presenciou uma discuss�o do casal dias antes do crime.

“Era um relacionamento conturbado. N�o se nega que essa garota fosse apaixonada por ele. Seria at� natural uma garota de 17 anos se apaixonar por um homem mais velho, com seus encantos, bastante vers�til, que falava bem, tinha um carro chamativo. Ela se encanta por ele, mas h� uma rela��o conturbada, porque ela era uma adolescente e se comportava como tal. Lamentavelmente, ele n�o tem um comportamento de um homem maduro”, criticou a delegada corregedora. Por outro lado, ela avalia o suspeito como muito inteligente. “N�o podemos subestim�-lo. � algu�m de muita perspic�cia, inclusive no que se tange ao procedimento processual penal”, disse.


ENTENDA O CASO

– A fam�lia de Amanda Linhares descobriu o relacionamento da adolescente, ent�o com 15 anos, com o delegado, 23 anos mais velho, em 2011. O caso foi denunciado por representantes da escola onde a jovem estudava.
– Durante mais de dois anos, parentes dizem ter tentado sem sucesso afastar a garota do policial, inclusive mandando-a por seis meses para a casa de av�s, em Goi�s.
– A fam�lia se mudou para o interior, mas Amanda ficou na capital. Chegou a morar por algum tempo com Geraldo Toledo, mas o relacionamento era tumultuado.
– Amigas da jovem denunciam ter presenciado o delegado fazendo amea�as � namorada, que estava gr�vida, querendo que ela abortasse. � fam�lia, Amanda disse ter perdido o beb�. O policial negava a gravidez, o que teria sido desmentido por exames entregues � Corregedoria da Pol�cia Civil.
– O chefe da adolescente em um centro de compras do Bairro Buritis chegou a informar � fam�lia que Amanda chegava para trabalhar com hematomas no corpo, o que levou parentes a suspeitar de agress�es.
– Duas semanas antes de ser baleada, Amanda registrou queixa de agress�o contra Geraldo Toledo. Ap�s ser agredida, a adolescente voltou para a casa da m�e. A Justi�a decretou medida protetiva em favor da menor.
– No dia em que foi baleada, 14 de abril, Amanda recebeu liga��o de Geraldo Toledo, segundo familiares. Eles atestam que ela se maquiou e escolheu roupa nova e salto alto para sair com o policial. Toledo alega que ela estava depressiva e que tentou se matar.
– Baleada na cabe�a, em uma estrada que liga Ouro Preto a Lavras Novas, a menor foi deixada em uma unidade de pronto atendimento pelo policial, sem nenhum documento. Durante as investiga��es, a pol�cia apurou que pertences da jovem foram jogados em v�rios pontos, supostamente pelo policial.
– No dia seguinte, Toleto se envolveu em outra confus�o, amea�ando com arma funcion�rios de um shopping popular em BH. O delegado, que responde a mais nove sindic�ncias, dez inqu�ritos e dois processos administrativos na Corregedoria, foi preso como principal suspeito de balear a ex-namorada, que morreu no dia 3, ap�s 51 dias internada.
– Em 26 de abril, Toledo participou de reconstitui��o em Ouro Preto. Mesmo com o exame residuogr�fico, que n�o detectou p�lvora nas m�os da jovem, ele sustentou o argumento de que a ex-namorada tentou suic�dio.


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