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Estado de Minas

Uma dor que mostra o rosto: artigo fala sobre a morte de jovem que caiu de viaduto


postado em 28/06/2013 09:08 / atualizado em 28/06/2013 09:12

(foto: Reprodução/Facebook)
(foto: Reprodu��o/Facebook)
Muita gente se apressou em celebrar um movimento sem l�der e sem bandeiras. Outros tantos falaram em horizontalidade como atributo de uma manifesta��o que parecia romper criativamente com tudo o que se sabia de pol�tica. N�o foram poucos os que sentiram que a revolta brotava de cada um, reunindo o saud�vel impulso de tentar mudar o mundo e diminuir as injusti�as.

Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21 anos, era um jovem brasileiro que veio do interior para estudar e trabalhar. N�o prosseguiu nos estudos, mas labutava todos os dias para ajudar a sustentar a fam�lia. Ele foi �s ruas na quarta-feira com dois amigos para melhorar o Brasil. N�o voltou para casa. Morreu ao cair de um viaduto, em meio � troca de viol�ncias dos dois lados da trincheira. Estava sozinho.

As duas situa��es – o individualismo e a solid�o – talvez se somem para deixar ardendo nos olhos, como atingidos por g�s que fere, a mais triste das perguntas: quem vai chorar a morte de Douglas, al�m de sua fam�lia? Uma vida jovem que se perde daquela maneira deveria parar o mundo, o in�til jogo de futebol a poucos metros, a estupidez que se alastrava � sua volta. Sem Douglas, a vida da cidade deveria ter ficado sem sentido.

A pol�tica precisa da solidariedade. N�o foi por acaso que a fraternidade foi incorporada aos princ�pios da maior revolu��o moderna. Mais que liberdade e igualdade, que s�o ideias, � a fraternidade que d� o sentido humano da pol�tica. A solidariedade que brota de irm�os de causa faz com que a morte de um �ndio gere justificadas revoltas, que o assassinato no campo fortale�a o la�o entre os sem-terra. Fez com que a perda de um estudante, como ocorreu em 1968, no restaurante carioca Calabou�o, tenha mobilizado todo o pa�s.

Em todos esses casos, o sentimento era o mesmo: poderia ser um de n�s, um irm�o, um filho. � este sentimento coletivo que cria identidades pol�ticas capazes de mover o mundo de verdade e de dar sentido �s fileiras que marcham de m�os dadas em torno de ideias generosas.

O individualismo an�rquico das redes sociais parece gerar um compromisso de outra ordem, mais funcional e operativo, mas menos humano e verdadeiro. Uma passeata de resultados. Talvez por isso se fale tanto em an�nimos e se usem tantas m�scaras idiotas. A morte n�o permite disfarces. Ela mostra o rosto. E o choro da m�e que perdeu um filho. N�o existe dor maior.

Em nome de Douglas Henrique, a tarefa agora � reunir for�as, aclarar os prop�sitos e organizar a luta. Sem pol�tica, a tristeza � senhora.


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