
Longe da baderna e das confus�es, o grito de protesto de Douglas foi interrompido em um pulo dado em falso de cima do Viaduto Jos� Alencar, que faz a liga��o das avenidas Ant�nio Carlos e Abrah�o Caram, no acesso ao Mineir�o. Segundo um dos dois amigos que o acompanhavam na manifesta��o, Fernando Fernandes, Douglas tentou pular a mureta do viaduto para alcan�ar a outra pista, mas n�o viu o v�o livre entre os dois lados. De acordo com a Pol�cia Civil, n�o haver� investiga��o sobre a morte, pois ainda n�o h� ind�cios de crime. Outros cinco manifestantes foram pegos pela mesma armadilha nos protestos de s�bado e quarta-feira. A prote��o instalada pela Prefeitura de Belo Horizonte na ter�a-feira n�o evitou o risco, pois impedia o acesso apenas nas cabeceiras do elevado
A m�e assistiu a tudo pela televis�o e, na hora do acidente, identificou o filho pela cor da camisa. “Vi o Douglas deitado no ch�o. Meu filho era muito especial na minha vida, falava que me amava todos os dias”, diz Neide, em prantos. “N�o sei se conseguirei superar esta dor”, completa. Filho de pais separados, Douglas se mudou com a m�e, as duas irm�s e uma sobrinha, h� cerca de dois anos, de Curvelo, na Regi�o Central, para Contagem, na Regi�o Metropolitana de BH. O pai mora em S�o Francisco de Paula, no Centro-Oeste do estado. Teve que ser internado com hipertens�o ao saber da morte do filho.
Havia seis meses que era funcion�rio da Usifast, empresa de log�stica em Contagem. L�, trabalhava como auxiliar de log�stica e ajudava a colocar as mercadorias nos caminh�es. Pegava servi�o �s 6h da manh�, mas, na quarta-feira, faltou ao expediente para ir � manifesta��o. Desde a semana passada estava entusiasmado com os movimentos de protesto e, no perfil do Facebook, chegou a convocar os amigos para irem para a rua. Compareceu � manifesta��o de s�bado e chegou a postar fotos dos protestos de quarta, pouco antes do acidente. Ontem, a morte virou assunto nas redes sociais, onde muitos lamentaram a trag�dia.
“Ele morreu lutando, mas n�o sei se valeu a pena. Fatalidade ou n�o, morreu por aquilo que acreditava. Era uma pessoa cheia de planos, aventureiro, bonito”, lamenta a irm� Let�cia. Para o primo, fica a imagem de um jovem que tentou fazer a diferen�a. “Ele tinha uma luz pr�pria e n�o esperava ningu�m fazer nada por ele. Ia sempre atr�s. No s�bado, chegou a me falar que a manifesta��o tinha a nossa cara e que ele iria participar, porque, desse jeito, faria a diferen�a”, conta.