Inaugurado em dezembro de 2011, o Viaduto Jos� Alencar, que faz a liga��o entre as avenidas Ant�nio Carlos e Abrah�o Caram, na Regi�o da Pampulha, foi projetado para facilitar o acesso ao Mineir�o para ve�culos que saem do Centro e tamb�m para ligar bairros como Jaragu�, Dona Clara e Liberdade, todos na Pampulha, ao est�dio de maneira mais r�pida, eliminando um cruzamento. A estrutura tamb�m foi pensada para se adequar ao transporte r�pido por �nibus (BRT, da sigla em ingl�s), mas nem o mais pessimista dos engenheiros imaginava que um dia manifestantes tomariam o lugar dos carros e andariam a p� pelo elevado, correndo o risco de cair, como ocorreu com o jovem Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21 anos, que n�o resistiu, e com outras cinco pessoas que ficaram feridas em acidentes semelhantes.
Para o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Avalia��es e Per�cias de Engenharia (Ibape/MG), Cl�menceau Chiabi, o viaduto foi concebido da maneira correta, sendo usado apenas para o tr�nsito de ve�culos. “Como h� sem�foro para pedestres embaixo do elevado, na Avenida Ant�nio Carlos, n�o h� justificativa para tr�nsito de pedestres na parte de cima”, diz o engenheiro. Ele tamb�m explica que em outros casos, como no viaduto da Avenida Raja Gabaglia que passa por cima da BR-356, no Belvedere, Centro-Sul da capital, pode haver uma passarela, mas sempre com o objetivo de fazer a travessia de uma avenida que passa embaixo. “O viaduto n�o foi concebido para que suas pistas sejam atravessadas”, acrescenta Chiabi. Ainda segundo o especialista, as caracter�sticas da estrutura, como o v�o entre os dois viadutos, dependem do tra�ado das avenidas que s�o conectadas por eles.
O empres�rio Silas Brasil, de 36, tamb�m estava em cima do Viaduto Jos� Alencar no momento em que Douglas Henrique caiu sobre a Avenida Ant�nio Carlos. Segundo Silas, quando come�ou o confronto na frente de uma concession�ria, com muitas bombas, os manifestantes pularam de uma parte do viaduto para a outra, com o objetivo de ver o que estava acontecendo na Ant�nio Carlos. “Quase todo mundo pulou da parte segura, que tinha um canteiro, onde basta passar a perna para o outro lado para conseguir chegar � outra pista. Creio que ele achou que em qualquer ponto era assim, mas acabou tentando passar em um trecho em que h� o v�o e as muretas s�o bem distantes.”
A PM solicitou interven��o da Prefeitura de BH para evitar que os manifestantes pulassem de um lado para o outro, mas a tela instalada n�o surtiu efeito. Ela n�o foi colocada acompanhando a linha das muretas, apenas na cabeceira do viaduto. O Estado de Minas fez contato com a prefeitura para que se pronunciasse sobre o assunto. Em nota, a administra��o limitou-se a afirmar que “a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) utiliza, para projetos dessa natureza, os mais rigorosos crit�rios de seguran�a, coerentes com o uso esperado para essas estruturas”.
FERIDOS
Em nota divulgada ontem, a Secretaria de Estado da Sa�de (SES) informou que Douglas Henrique recebeu atendimento imediato depois que caiu do viaduto, dado por uma equipe m�dica de plant�o na Pampulha, no Posto M�dico Avan�ado instalado pr�ximo ao Mineir�o. Das outras cinco pessoas que ca�ram do Viaduto Jos� de Alencar, uma j� teve alta do HPS Jo�o XXIII. � um homem de 28 anos que tamb�m sofreu a queda na quarta-feira e teve traumatismo craniano leve. Tr�s jovens que despencaram da estrutura no s�bado, durante a partida entre Jap�o e M�xico, continuam internados. L.F.A., de 22, respira por aparelhos, em estado grave e C.A.C.L., de 17, permanece est�vel respirando normalmente, ambos no Jo�o XXIII. J� R.C.G., de 22, aguarda uma cirurgia para o punho no Hospital Risoleta Neves e passa bem.
Outra pessoa que caiu foi o jovem G.M.J., 18, na �ltima segunda-feira. Ele tamb�m est� no Risoleta Neves, mas j� passou por cirurgia na bacia e faz fisioterapia. Segundo a Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), 16 pessoas ficaram feridas nas manifesta��es de quarta-feira, sendo que 15 j� receberam alta e uma delas permanece internada.
T.M.A., de 24, levou um tiro de bala de borracha no olho e foi transferido para uma cl�nica particular, onde foi submetido a cirurgia na tarde de ontem. Segundo parentes, o rapaz, um advogado, n�o participava do protesto. Ele retornava do Mineir�o, onde assistiu a Brasil x Uruguai, e j� estava perto de casa quando foi ferido. A v�tima corre o risco de perder a vis�o no olho atingido. (Com Luiz Ribeiro)
