O remanejamento de parte do bando de capivaras, que infesta a Lagoa da Pampulha e destruiu jardins do paisagista Burle Marx, foi a solu��o proposta ontem pelo vice-prefeito de Belo Horizonte, D�lio Malheiros, ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama). “Vamos fazer um plano de manejo de forma a preservar a biodiversidade e retirar o excesso de mam�feros. Tudo ser� feito com autoriza��o do Ibama, por um processo licitat�rio”, disse Malheiros, ao informar que licita��o, para contrata��o de uma empresa especializada, deve ficar pronta at� o m�s que vem. Na pr�xima semana, o prefeitura pretende apresentar ao Ibama termo de refer�ncia detalhando suas propostas.
O vice-prefeito admitiu que n�o h� para onde levar as capivaras e tranquilizou a popula��o, informando n�o haver confirma��o de febre maculosa na capital causada por carrapatos. “Se houvesse certeza de algum esp�cime doente, hospedeiro do carrapato, esse processo de retirada dos animais j� seria imediatamente providenciado. Temos um atestado da Fiocruz de que n�o h� esse problema”, afirmou.
Cercas
Mesmo assim, a transfer�ncia das capivaras ser� feita o mais r�pido poss�vel, segundo ele, porque os roedores est�o destruindo os jardins rec�m-restaurados de Burle Marx. “As capivaras que estragam os jardins ser�o as primeiras a ser retiradas, para n�o causar tantos preju�zos. Tamb�m vamos providenciar o cercamento dos jardins, at� que o edital seja publicado e a empresa contratada fa�a o plano de manejo”, acrescentou.
O planejamento � aguardado pelo Ibama desde fevereiro. O atraso, segundo Malheiros, deve-se ao fato de n�o ser um processo f�cil. “N�o sabemos quantas capivaras s�o e para fazer o edital � preciso ter um n�mero estimado. Eram cerca de 170, mas outras chegam � lagoa pelos c�rregos de Contagem”, disse.
A empresa vencedora da licita��o do plano tamb�m ficar� respons�vel pelo remanejamento e controle dos n�mero de animais no entorno da lagoa. O edital vai estabelecer ainda que cada animal capturado seja avaliado do ponto de vista epidemiol�gico. Os roedores doentes ser�o abatidos e incinerados, segundo Malheiros.
Segundo o analista ambiental J�nio Augusto dos Santos Silva, do N�cleo de Fauna Silvestre do Ibama, a capivara existe em todos os cursos d’�gua do pa�s, sempre em grupos de at� 40 animais. “Os filhotes crescem e abandonam o grupo”, explicou.
Moradores a favor e contra
H� 11 anos, o Ibama autorizou o munic�pio a retirar as capivaras da Pampulha. Em 2010, a prefeitura fez nova solicita��o em rela��o � superpopula��o dos animais no Parque Jos� Lins do R�go, criado em ilha, que se tornou ambiente prop�cio para os animais. Na �poca, 77 capivaras foram levadas para criat�rios comerciais, como estabelece a lei. “Os animais v�o compor um plantel de matrizes desses criadouros. N�o v�o para o abate. V�o reproduzir e o criador pode abater os animais oriundos do cruzamento”, explicou o analista ambiental J�nio dos Santos Silva.
Moradores e frequentadores da Pampulha s�o contra o exterm�nio ou retirada de todas as capivaras da lagoa, apesar dos problemas causados, como sujeira nas cal�adas e acidentes de tr�nsito na Avenida Otac�lio Negr�o de Lima. “Elas est�o incorporadas � natureza”, disse a vendedora Nat�lia Pinto. Para o administrador Wellington Aubert, de 30, as capivaras devem permanecer na lagoa, mas sob controle. “Elas tornam a lagoa mais atrativa”, afirma o companheiro dele, Eduardo Aubert, de 31.
Para eles, deve ser feito um estudo para definir a quantidade ideal de animais na lagoa. Para Wellington, as capivaras s�o perigosas para o tr�nsito de ve�culos. “Quase atropelei uma delas uma vez. Elas podem causar acidentes graves”, alerta.
O advogado J�lio C�sar Mamede Rocha, de 45, pratica esportes na orla da lagoa e se sente incomodado com as fezes no passeio. “Elas n�o incomodam, mas comem de tudo que acham pela frente. Sou a favor da retirada delas”, disse o advogado. “Ouvi dizer que um visitante do parque morreu de febre maculosa. As capivaras podem ser uma amea�a, principalmente nesse per�odo de f�rias escolares e com muitas crian�as no parque”, disse J�lio C�sar. O empres�rio L�cio Fonseca Abdo, de 44, est� impressionado com o aumento das capivaras na lagoa. “A sujeira que elas deixam me incomoda”, disse. (PF)