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Estado de Minas

Conhe�a a trajet�ria de Burle Marx, o jardineiro de BH

Requalifica��o dos jardins do Museu de Arte e Casa do Baile, conclu�da esta semana, lan�a novo olhar sobre obra de Burle Marx na capital. S� para a Pampulha, foram 12 projetos


postado em 06/07/2013 06:00 / atualizado em 06/07/2013 07:27

O Museu de Arte da Pampulha em dois tempos: projeto de paisagismo foi desenvolvido por Burle Marx na década de 1940, quando edificação ainda era cassino; restauração preservou traçado original do jardim(foto: ACERVO MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO/REPRODUÇÃO)
O Museu de Arte da Pampulha em dois tempos: projeto de paisagismo foi desenvolvido por Burle Marx na d�cada de 1940, quando edifica��o ainda era cassino; restaura��o preservou tra�ado original do jardim (foto: ACERVO MUSEU HIST�RICO AB�LIO BARRETO/REPRODU��O)

O espelho d’�gua da Pampulha j� reflete o desenho original de dois jardins criados, na d�cada de 1940, pelo paisagista e artista pl�stico Roberto Burle Marx (1909–1994), nascido em S�o Paulo, criado no Rio de Janeiro e autor de projetos, em Belo Horizonte, que entraram para a hist�ria do urbanismo e ganharam a admira��o do mundo. Quem passa hoje em frente ao Museu de Arte (MAP), antigo cassino, e da Casa do Baile nota a diferen�a nos espa�os p�blicos e pode ver melhor o tra�ado, as plantas e a integra��o entre concreto e tons da natureza. Na ter�a-feira, a prefeitura, por meio da Funda��o Municipal de Cultura (FMC), entregou as obras, que v�o se somar ainda � Igreja de S�o Francisco, Pra�a Alberto Dalva Sim�o e Resid�ncia Kubitschek. Tudo faz parte das iniciativas para tornar orla e conjunto arquitet�nico Patrim�nio da Humanidade, t�tulo concedido pela Organiza��o das Na��es Unidas para a Educa��o, Ci�ncia e Cultura (Unesco).

O paisagista pode ser considerado um “jardineiro de BH” e a Pampulha lhe deu proje��o internacional. “A inaugura��o, h� 70 anos, foi um grande acontecimento, realmente impactante, com cobertura feita pelas revistas especializadas da Europa e Estados Unidos”, diz o arquiteto, urbanista e paisagista Ricardo Lanna, respons�vel pela requalifica��o e restaura��o dos jardins. Ele conta que, na �poca, foram 12 os projetos para a regi�o, alguns que nunca sa�ram do papel, outros destru�dos, descaracterizados ou desaparecidos do mapa da cidade. S�o eles o Golf Clube, atual Funda��o Zoo-Bot�nica; Parque Vereda, n�o executado; o hotel, que ficou s� nas funda��es, as quais foram demolidas na d�cada de 1970; Ilha dos Amores, agora ref�gio de aves; Lar dos Meninos, sem vest�gios; capta��o de �gua, destru�do; e Iate Clube, totalmente descaracterizado.

Autor do livro Arquitetos da paisagem – D�cada de 40 -Memor�veis jardins de Roberto Burle Marx e Henrique Lahmeyer de Mello Barreto, Lanna garimpou em publica��es nacionais e estrangeiras fotos de �poca de extrema utilidade na requalifica��o. “Curiosamente, a Casa do Baile e o MAP s�o os �nicos jardins cujos projetos est�o perdidos. Dessa forma, tive que pesquisar muito, estudar os conceitos originais e a organiza��o espacial, o tipo de vegeta��o e outros aspectos”, conta Lanna. Uma das descobertas, na entrada do antigo cassino, foi o piso de vidro, quebrado h� muitos anos por um ve�culo desgovernado. O local estava coberto por granito e voltou ao formato original, inclusive com ilumina��o.

Tra�o modernista Burle Marx chegou a Belo Horizonte pelas m�os do arquiteto Oscar Niemeyer (1907–2012), quando Juscelino Kubitschek (1902–1976) era prefeito (de 1940 a 1945). Antes de trabalhar na capital, ele passou por Cataguases, na Zona da Mata, Ouro Preto, projetando os jardins do Grande Hotel, e Arax�, no Alto Parana�ba, onde deixou a assinatura no projeto paisag�stico do parque do hotel do Barreiro – esse �ltimo, na d�cada de 1930, foi encomendado pelo governador mineiro Benedito Valadares (1892-1973). Nos jardins mineiros, Burle Marx reuniu variedades de plantas da Amaz�nia, mata atl�ntica e cerrado e misturou cores como o amarelo das ac�cias e o roxo das quaresmeiras. “Para Arax�, por exemplo, as plantas seguiam de trem, era uma grande dificuldade. Valeu a pena, pois o grande hotel do Barreiro � um dos parques mais bonitos do Brasil”, afirma Lanna. Para o presidente da FMC, Le�nidas Oliveira, recuperar os jardins de Burle Marx “significa retornar � �urea d�cada de 1940, que ele e outros baluartes criaram o conjunto da Pampulha”.

Minas sempre esteve no roteiro do paisagista, agraciado, em 1982, com t�tulos de doutor honoris causa concedidos pela Academia Real de Belas Artes de Haia, da Holanda, e do Royal College of Art de Londres, Inglaterra. Na d�cada de 1960, esteve em Congonhas para atuar no adro do Santu�rio do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e em BH foi respons�vel ainda pelos jardins internos do Pal�cio das Mangabeiras, resid�ncia oficial do governador, o jardim do Aeroporto da Pampulha e a Pra�a Carlos Chagas, da Assembleia Legislativa. Na capital, � digno de destaque a Pra�a das �guas, um dos charmes do Parque das Mangabeiras, que mereceu projeto paisag�stico de Burle Marx no in�cio da d�cada de 1980. Maior �rea verde da capital mineira e um dos maiores parques urbanos da Am�rica Latina, a unidade conserva��o tem v�rias plantas que vieram do s�tio do paisagista em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro.

(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)
(foto: JAIR AMARAL/EM/D.A PRESS)


Refer�ncia

At� Burle Marx se tornar refer�ncia no paisagismo modernista, com cerca de 3 mil projetos em v�rios pa�ses, todos os jardins p�blicos e de grandes resid�ncias no pa�s eram baseados nos modelos ingl�s e franc�s – um bom exemplo desse �ltimo � a Pra�a Raul Soares, no Bairro Barro Preto, na Regi�o Centro-Sul de BH. Ao romper com o padr�o vigente, ele criou um estilo brasileiro, valorizando plantas nativas, como o coqueiro maca�bas, muito comum no estado, e outras variedades r�sticas. Muito desse conhecimento e respeito pelas plantas nacionais ele adquiriu em Minas, com o bot�nico Henrique Lahmeyer, que se tornou seu assistente na empreitada da Pampulha.

Para o amigo ingl�s Laurence Fleming, autor do livro Roberto Burle Marx, um retrato, o paisagista era a cara de Einstein. Quem v� a fotografia do homem de fartos cabelos grisalhos, de bigode e �culos n�o tarda a compar�-lo ao escritor baiano Jorge Amado. Mesmo que as apar�ncias enganem, o certo � que, para quem o conheceu pessoalmente, era um homem de personalidade forte, comunicativo, ao mesmo tempo alegre e s�rio. Considerado o “pai do paisagismo moderno”, foi ainda desenhista, pintor, tapeceiro, ceramista, escultor e pesquisador, entre outras atividades. “Ele foi o arquiteto da paisagem, um mestre em organizar ambientes para atender as necessidades do homem”, observa Lanna.

JOIAS DA PAMPULHA


MUSEU DE ARTE DA PAMPULHA (MAP)

S�ntese da obra de Burle Marx. Os jardins do in�cio da d�cada de 1940 abrigam a escultura Pampulha, de Jos� Pedrosa, um espelho d’�gua com a forma ameboide e as manchas formadas por flores e folhagens

PAMPULHA IATE CLUBE (PIC)

Chamam aten��o as curvas ao longo dos gramados, que t�m plantas como l�rios amarelos e bela-em�lias. Burle Marx plantou coqueiros maca�bas perto da piscina

PRA�A ALBERTO DALVA SIM�O

O projeto recebeu influ�ncia do Grande Hotel de Arax�, tamb�m com jardins projetados por Burle Marx. H� elementos da paisagem mineira, com esp�cies dos campos rupestres do estado

CASA DO BAILE

O local mostra grande integra��o entre o projeto paisag�stico e a arquitetura modernista de Oscar Niemeyer. Em 2002, os jardins foram recuperados

IATE T�NIS CLUBE

O projeto original foi totalmente desvirtuado e a restaura��o � um dos desafios. Mesmo assim, a descaracteriza��o � revers�vel

IGREJA DE S�O FRANCISCO DE ASSIS

Cart�o-postal da regi�o, marco da arquitetura modernista brasileira � um dos pontos mais visitados da capital. Contraste entre os mosaicos da fachadas se harmoniza com a beleza das flores

RESID�NCIA KUBITSCHEK

A antiga casa do prefeito Juscelino Kubitschek mant�m um dos projetos paisag�sticos mais fi�is ao original. O espelho d’�gua j� foi recuperado e em breve vai come�ar a recupera��o dos jardins

USIMINAS


Projetados na d�cada de 1970, os jardins tropicais s�o belo exemplo de conserva��o. Ocupam uma �rea de 10 mil metros quadrados, incluindo o espelho d’�gua, e abrigam 52 tipos de plantas

LINHA DO TEMPO


1909

Em 4 de agosto, Roberto Burle Marx nasce em S�o Paulo.  Quatro anos depois muda-se com a fam�lia para o Rio de Janeiro

1942


Elabora��o dos projetos paisag�sticos do Iate Clube, da Casa do Baile e da orla da Pampulha, em BH


1943

Burle Marx entrega o projeto paisag�stico do Grande Hotel da Pampulha, considerado um dos mais bonitos da orla, embora n�o executado, e da Resid�ncia Kubitschek

1944

Conclus�o do projeto paisag�stico do Golf Clube, atualmente Funda��o Zoo-Bot�nica de Belo Horizonte, na Pampulha

1945

Projeto da Pra�a Santa Rosa, hoje Pra�a Alberto Dalva Sim�o, na Pampulha


1982


Burle Marx recebe os t�tulos de doutor honoris causa concedidos pela Academia Real de Belas-Artes de Haia, da Holanda, e do Royal College of Art de Londres, Inglaterra


1994

Em 4 de junho, Burle Marx morre no Rio de Janeiro, depois de projetar mais de 2 mil jardins

2013

Em 2 de julho, � apresentada a primeira parte da restaura��o dos jardins de Burle Marx na orla da Lagoa da Pampulha, com a entrega, pela prefeitura, das obras da Casa do Baile e Museu de Arte (MAP)


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