Come�am nesta quarta-feira, em Po�os de Caldas, Sul de Minas, as audi�ncias de instru��o do processo que investiga a morte de Paulo Veronesi Pavesi, de 10 anos, que caiu do pr�dio onde morava, em abril de 2000. Segundo o Minist�rio P�blico, o menino foi levado para o pronto atendimento da cidade e, al�m de passar por procedimentos m�dicos inadequados, teve os �rg�os removidos para transplante por meio de um diagn�stico de morte cerebral forjado.
Em abril deste ano, Scafi e Fernandes entraram com uma exce��o de suspei��o contra o magistrado, alegando que ele n�o tem isen��o para atuar no caso, questionando uma a��o julgada por ele em fevereiro de 2013 em que eles foram condenados por realizar irregularmente transplante e remo��o de �rg�os de um paciente do Sistema �nico de Sa�de (SUS), em abril de 2001. Os m�dicos reclamaram que o teor da senten�a condenat�ria proferida em fevereiro e as entrevistas � imprensa concedidas pelo magistrado na ocasi�o evidenciavam a sua parcialidade. Por causa da interposi��o do documento, duas audi�ncias agendadas foram suspensas por liminar. Mas, em junho, a antecipa��o judicial foi revogada e o processo seguiu normalmente.
Tr�fico de �rg�os
Em fevereiro, quatro profissionais foram sentenciados por participa��o no esquema: o m�dico Alexandre Crispino Zincone, de 48 anos, recebeu pena de 11 anos e seis meses de pris�o; Jo�o Alberto Go�s Brand�o, de 44, Celso Roberto Frasson Scafi, de 50, e Cl�udio Rog�rio Carneiro Fernandes, de 53, foram condenados a oito anos cada um. Todas as penas s�o em regime fechado, embora os r�us possam recorrer em liberdade, como est� acontecendo. As acusa��es contra F�lix Herman Gamarra Alc�ntara, de 71, e G�rsio Zincone, de 77, caducaram porque a investiga��o iniciou em 2001.
A condena��o ocorreu em um dos oito casos investigados pela pol�cia, referente � morte, remo��o e tr�fico dos �rg�os de Jos� Domingos Carvalho, morto aos 38 anos, naquele ano. Outras sete mortes e procedimentos de transplante aguardam julgamento. A morte de Paulo Veronesi � o nono caso, que havia sido fechado, mas foi reaberto em 2012. Foram as apura��es de sua morte que levaram a descobrir o grupo considerado pelo Minist�rio P�blico uma organiza��o criminosa especializada em tr�fico de �rg�os.
O esquema, que consistiria em tratar com descaso proposital v�timas de traumatismo craniano e acidentes vasculares cerebrais, teria rendido at� R$ 200 mil por m�s aos envolvidos. De acordo com a senten�a da 1ª Vara Criminal de Po�os de Caldas, pacientes eram mantidos em condi��es inadequadas de tratamento at� que seu quadro se tornasse irrevers�vel. Nesse est�gio, segundo indicam as apura��es, eram mandados para a unidade de terapia intensiva, a fim de manter em funcionamento os �rg�os que interessavam ao grupo, definido na senten�a em termos como “organiza��o” e “m�fia”. Conseguida a autoriza��o para doa��o, rins, c�rneas, cora��o e f�gado eram encaminhados a m�dicos “dos estado vizinho de S�o Paulo ou remetidos a Belo Horizonte”, ignorando a fila �nica de transplantes e com cobran�a irregular.
(Com informa��es de Mateus Parreiras)