
Eles est�o por todo lugar. Vagueiam pelas ruas ou se re�nem em grupos, muitos com as roupas sujas, os corpos magros, o olhar perdido. � poss�vel not�-los da janela de casa, de dentro do carro, da mesa do bar. Mas, para muita gente, � como se fossem invis�veis: a apar�ncia transtornada e o comportamento errante fazem de uma aproxima��o algo improv�vel. S�o usu�rios de crack, a droga que mais avan�a no pa�s. A pedra que mais rapidamente provoca danos � sa�de. Chegaram a ser chamados de zumbis, pelos h�bitos noturnos e pela impress�o de que suas hist�rias j� foram apagadas. N�o foram.
Por seis meses, o Estado de Minas acompanhou a trajet�ria de 10 mineiros usu�rios de crack. S�o um retrato de como a droga, mistura barata de pasta-base de coca�na e bicarbonato de s�dio, ainda atrai muitos brasileiros de renda mais baixa, mas n�o s� eles. Wagner � dono de bancas de jornal. Frederico teve uma empresa de comunica��o visual. Depois do primeiro trago, que n�o tarda mais de 15 segundos em fazer efeito, os dois se viciaram na pedra, como o porteiro Wilquer, o jardineiro Cleiton, a dona de casa Dione de Deus, a gar�onete Nat�lia e a diarista Vanessa. Completam o grupo a tamb�m diarista Sandra, o seguran�a Carlos e o pedreiro Marcus, os �nicos que em um �ltimo contato asseguravam viver momento de paz depois de se submeter a tratamento.
Desta segunda at� quarta-feira, o EM mostra os altos e baixos do grupo, conta como o drama deles tamb�m vira tormento para as fam�lias e revela que, apesar do dif�cil caminho at� a recupera��o, a maioria ainda sonha com o dia em que vencer� o v�cio. Na primeira reportagem da s�rie, as hist�rias de quatro mineiros para quem seis meses foram pouco tempo para sair das trevas.
1,3 milh�o
� a estimativa de usu�rios de crack no Brasil, segundo o Levantamento Nacional de �lcool e Drogas, de 2012. O n�mero � subnotificado: leva em conta apenas quem tem resid�ncia fixa.