
Dois meses depois do in�cio das manifesta��es que espalharam medo e destrui��o pelas regi�es da Pampulha, Centro e Savassi, em Belo Horizonte, as cicatrizes do vandalismo ainda est�o presentes na Avenida Ant�nio Carlos, onde a situa��o est� longe de voltar � normalidade. Muitas lojas ainda exibem vidros quebrados; outras permanecem destru�das e sem previs�o de reabrir. Segundo a C�mara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), 17 dos 36 empres�rios da Ant�nio Carlos, a maioria donos de concession�rias de ve�culos, sofreram danos, sendo que 38,89% dos estabelecimentos foram atingidos mais de uma vez e 11% tiveram preju�zos acima de R$ 1 milh�o. No �mbito das investiga��es policiais, 30 inqu�ritos relativos � destrui��o de 20 lojas da Avenida Ant�nio Carlos e do Centro ainda est�o pendentes e a Pol�cia Civil tenta localizar testemunhas da morte de dois manifestantes, que ca�ram de um viaduto. Mas puni��o efetiva aos acusados ainda parece longe de ocorrer.

Enquanto as investiga��es ainda n�o resultaram em puni��o efetiva para v�ndalos e criminosos, empres�rios e funcion�rios das lojas atacadas lutam para se reerguer. De acordo com o presidente do Sindicato dos Concession�rios e Distribuidores de Ve�culos (Sincodiv-MG), Mauro Pinto de Moraes Filho, algumas lojas dificilmente ser�o reabertas. “Tivemos dois tipos de preju�zo: as instala��es foram destru�das e a imagem das empresas tamb�m ficou prejudicada. Muitos clientes se afastaram. Hoje, os empres�rios trabalham com muita dificuldade e de forma prec�ria”, disse. Funcion�rios desses estabelecimentos tamb�m sofreram consequ�ncias, j� que muitos foram demitidos e outros, for�ados a entrar em f�rias coletivas. “Muitos funcion�rios ganham comiss�o e, se n�o tem neg�cio, n�o tem sal�rio. Recebem apenas o m�nimo garantido pelo sindicato”, informa o presidente do Sincodiv-MG.

Na Minas Motos, os reparos foram imediatos, pois o movimento de clientes � grande e a loja pretende se recuperar, o mais r�pido poss�vel, das perdas que o seguro n�o cobre, explica a gerente Magna Morais. “Destru�ram toda a frente da loja, queimaram quatro motos e avariaram outras quatro. Levaram 120 capacetes e arrancaram quatro portas de madeira”, conta ela, que reclama da demora da Pol�cia Militar para agir. “Deixavam os v�ndalos livres para fazer o que eles bem queriam. Os empres�rios pagam impostos tamb�m para ter seguran�a.”
Guerra

O projeto de reforma, segundo Nelson, prev� prote��o refor�ada para a loja. “Na hora do confronto, a pol�cia se preocupou mais com a seguran�a das pessoas e o patrim�nio privado ficou em segundo lugar”, disse Nelson, que enfrentou tr�s protestos. “Destru�ram tudo em quest�o de minutos. S� no primeiro tumulto, que foi em um s�bado, acabaram com 20 ve�culos”, conta. Ele acrescenta que os funcion�rios foram transferidos e que houve perda de clientes de mais de cinco anos.
A BHTrans informou que cinco radares destru�dos na Ant�nio Carlos foram substitu�dos, mas os equipamentos ainda n�o t�m data para voltar a funcionar.
PM defende cautela
Para o comandante de Policiamento Especializado da PM, coronel Ant�nio Carvalho, o tipo de manifesta��o que ocorreu em junho foi uma novidade n�o s� para Minas, mas para todo o pa�s. “No meio das pessoas que protestavam de forma ordeira surgiram grupos que tinham a pretens�o de n�o reivindicar coisa alguma. Queriam apenas que houvesse por parte das for�as policiais uma rea��o”, disse o coronel. Segundo ele, houve uma evolu��o da comunidade, que passou a enxergar e a identificar os v�ndalos, o que facilitou a a��o policial. “A pol�cia acabou aprendendo com esse contexto”, disse Carvalho.
O oficial da PM argumenta que, em situa��o de confronto, a maior preocupa��o � preservar a integridade f�sica de todas as pessoas. “O bem maior que existe na sociedade � a vida”, disse. Por isso, segundo ele, a pol�cia n�o agiu de imediato durante as quebradeiras. Ele conta que filmagens e fotografias mostram que manifestantes pac�ficos transitavam pela avenida, vulner�veis a qualquer interven��o com uso de for�a.
Apesar da postura adotada em junho, o coronel disse que a PM tem trabalhando com a comunidade para que o patrim�nio p�blico e privado seja preservado. “S�o empresas que geram empregos e uma situa��o como essa afeta a vida de outras pessoas, que n�o t�m onde trabalhar. Mas temos tratado dessa quest�o com a comiss�o criada com o Minist�rio P�blico, Defensoria P�blica, Ordem dos Advogados do Brasil e Poder Legislativo, que representam a sociedade como um todo”, disse o oficial.