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Estado de Minas

Saiba quem foi o homem do patrim�nio hist�rico

Primeiro presidente do instituto hist�rico nacional, Rodrigo Melo Franco de Andrade se destacou na preserva��o de monumentos. pra�a da liberdade ser� palco de homenagem


postado em 17/08/2013 06:00 / atualizado em 17/08/2013 06:58

Jornalista e escritor, Rodrigo esteve à frente do Iphan por três décadas e promoveu tombamento de vários monumentos(foto: Iphan/Divulgação)
Jornalista e escritor, Rodrigo esteve � frente do Iphan por tr�s d�cadas e promoveu tombamento de v�rios monumentos (foto: Iphan/Divulga��o)
Quando ele nasceu, em 17 de agosto de 1898, Belo Horizonte ainda se chamava Cidade de Minas e era uma capital rec�m-inaugurada. Cento e quinze anos depois, completados hoje, a mem�ria de Rodrigo Melo Franco de Andrade (1898-1969) � reverenciada em todo o pa�s, tendo o seu nome se tornado tradu��o da preserva��o do acervo cultural. Primeiro presidente do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), o advogado, jornalista e escritor esteve � frente do �rg�o federal por tr�s d�cadas, sempre com a miss�o de fazer o tombamento dos monumentos, evitar a evas�o de obras, objetos de arte e outras pe�as de relev�ncia, enfim, proteger os tesouros do Brasil. E para celebrar o Dia do Patrim�nio Nacional, a Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul de BH, vai se transformar, das 8h �s 21h, num palco gigantesco, com a presen�a de artistas e artes�os de v�rios munic�pios mineiros sob o comando do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha/MG).


“Poucas institui��es t�m a imagem t�o associada ao seu fundador como o Iphan. Saudosismo? Justo o contr�rio. O sentido atribu�do por Rodrigo Melo Franco de Andrade ao patrim�nio � o oposto da celebra��o melanc�lica do passado, mas sim o v�nculo entre esse passado e a produ��o do presente”, diz a presidente da autarquia federal, Jurema Machado. Ela lembra que essa liga��o vem desde a din�mica das cidades e dos monumentos at� a manifesta��es culturais constantemente recriadas. “Por isso, essa imagem se tornou atemporal, n�o s� para o Iphan, como para toda a pol�tica de preserva��o no Brasil.” Para homenagear Rodrigo, a p�gina do Iphan na internet (www.iphan.gov.br) traz, at� amanh�, uma s�rie de artigos, fotos e pesquisas sobre o belo-horizontino.

“Rodrigo Melo Franco de Andrade foi a primeira grande personalidade de express�o nacional nascida em Belo Horizonte, que � mais velha do que ele apenas oito meses”, ressalta o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Angelo Oswaldo de Ara�jo Santos. Admirador do trabalho do advogado e jornalista, Angelo Oswaldo diz que ele “nunca teve atitudes conservadoras, mas conservacionistas, de vanguarda. Tinha vis�o larga e o seu objetivo n�o era ‘conservar’ o passado, mas p�r o patrim�nio a servi�o da cultura brasileira, nos �mbitos social e educativo”.

Carlos Drummond foi um dos colaboradores de Rodrigo nos primeiros anos do Sphan. Na fotos, os dois juntos em Ouro Preto, em 1951(foto: Iphan/Divulgação)
Carlos Drummond foi um dos colaboradores de Rodrigo nos primeiros anos do Sphan. Na fotos, os dois juntos em Ouro Preto, em 1951 (foto: Iphan/Divulga��o)
A trajet�ria do mineiro no Iphan come�ou em 1936, quando o ent�o ministro da Educa��o e Sa�de, Gustavo Capanema (1900-1985), por indica��o do escritor M�rio de Andrade (1893-1945) e do poeta Manuel Bandeira (1886-1968), o convidou para organizar e dirigir o antigo Servi�o do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Sphan). A partir da�, a prote��o dos bens patrimoniais do pa�s passou a ser sua atividade principal, ficando em segundo plano a literatura, jornalismo, pol�tica e advocacia. A implanta��o do servi�o exigiu o cumprimento de diferentes tarefas, como a reda��o de uma legisla��o espec�fica, com a introdu��o do instrumento do tombamento, prepara��o de t�cnicos e trabalhos na �rea, disputas judiciais, luta pela sobreviv�ncia da reparti��o junto a pol�ticos e governantes e busca de uma consci�ncia de preserva��o em n�vel nacional.

Nos primeiros anos do Sphan, Rodrigo teve a colabora��o de brasileiros ilustres, al�m de M�rio de Andrade e Manuel Bandeira: Carlos Drummond de Andrade, Afonso Arinos de Melo Franco, Vinicius de Moraes, Gilberto Freire, S�rgio Buarque de Holanda, L�cio Costa, Joaquim Cardoso e Carlos Le�o. E formou uma equipe de pesquisadores, historiadores, juristas, arquitetos, engenheiros, conservadores-restauradores, mestres-de-obras, a quem transmitia seu entusiasmo e empenho incans�vel na defesa do patrim�nio. Sempre sob sua orienta��o, foram feitos invent�rios, estudos e pesquisas, al�m de obras de conserva��o, consolida��o e restaura��o de monumentos. E mais: organiza��o de um arquivo de documentos e dados colhidos em institui��es p�blicas e de particulares; forma��o de acervo fotogr�fico; estrutura��o de biblioteca especializada; e recupera��o de pinturas antigas, esculturas e documentos, al�m de in�meros bens protegidos, por meio da cria��o de museus regionais e nacionais –Inconfid�ncia, em Ouro Preto (1938); do Ouro, em Sabar� (1945); do Diamante, em Diamantina (1954); o Regional de S�o Jo�o del-Rei, (1963) e outros Brasil afora.

Fase heroica

O per�odo em que Rodrigo Melo Franco de Andrade esteve � frente da institui��o, que vai de 1937 a 1967, ficou conhecido como fase her�ica, refletindo a realidade dos percal�os e desafios enfrentados. Rodrigo e seus seguidores entendiam a atua��o no Sphan como uma miss�o, que ia al�m da ocupa��o de cargos na estrutura burocr�tica no governo do ent�o presidente Get�lio Vargas (1882-1954). Pesquisa do Iphan mostra que “os que o conheceram e com ele trabalharam afirmam que o envolvimento entre a pessoa e o servi�o era t�o grande, que tornava imposs�vel entender o patrim�nio sem conhecer e compreender a personalidade e a atua��o de Rodrigo Melo Franco de Andrade. Escreveu Rubem Braga: “No transcurso do 20º anivers�rio � frente do Sphan, Rodrigo mandou chamar alguns dos seus funcion�rios (...). N�o houve docinhos nem beberete; nem sequer uma flor. O que os funcion�rios ouviram foi um grave e delicado ‘pito’ e um apelo para que trabalhassem mais. Nenhum se queixou depois; todos ficaram comovidos porque o funcion�rio que Rodrigo mais censurou foi ele mesmo, o chefe”.

 

 

 SAIBA MAIS: FAM�LIA ILUSTRE
Rodrigo Melo Franco de Andrade era filho primog�nito do professor de direito criminal e procurador seccional da Rep�blica, Rodrigo Bretas de Andrade, e de D�lia Melo Franco de Andrade. Seus ascendentes paternos eram da regi�o de Ouro Preto e o bisav� paterno, Rodrigo Jos� Ferreira Bretas, foi o primeiro bi�grafo de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. A m�e dele pertenceu � fam�lia Melo Franco, de Paracatu, da qual descenderam Francisco de Melo Franco e Afonso Arinos de Melo Franco. Desde a primeira inf�ncia, quando se alfabetizou em casa, manifestou o gosto pelas letras e artes. Aos 12 anos, foi viver na casa do tio Afonso Arinos, em Paris. De volta ao Brasil, se aproximou de grupos modernistas, criando la�os de amizade que permaneceram ao longo dos anos, com An�bal Machado, Milton Campos, Jo�o Alphonsus, Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Abgar Renault e Oswald de Andrade, entre outros. Participou de manifesta��es culturais que sucederam a Semana de Arte Moderna (Semana de 1922), em S�o Paulo, e iniciou sua amizade com os intelectuais do movimento modernista, em especial M�rio de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Tarsila do Amaral e Pedro Nava. Rodrigo publicou o livro de contos Vel�rios e era pai do cineasta Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988).


LINHA DO TEMPO
1898 –Em 17 de agosto, Rodrigo Melo Franco de Andrade nasce em Belo Horizonte, quando a capital ainda se chamava Cidade de Minas
1919 –Rodrigo se forma em direito no Rio de Janeiro, depois de fazer per�odos do curso superior tamb�m em Belo Horizonte e S�o Paulo
1937 – A convite do ministro da Educa��o e Sa�de, Gustavo Capanema, Rodrigo se torna o primeiro dirigente do Iphan, consolidado pelo decreto-lei nº 25 de 30/11/37
1938 –Antiga Vila do Pr�ncipe, Serro, no Vale do Jequitinhonha, � a primeira cidade do pa�s a ter seu conjunto urbano-paisag�stico tombado pelo Iphan
1967 – Depois de 30 anos no cargo, Rodrigo deixa a dire��o do Iphan
1969 – Em 11 de maio, Rodrigo morre no Rio de Janeiro
1987 – Iphan cria o Pr�mio Rodrigo Melo Franco de Andrade, entregue anualmente a empresas, institui��es e pessoas que promovem a preserva��o do patrim�nio cultural brasileiro
1998 –Criado o Dia do Patrim�nio Nacional e a data escolhida � 17 de agosto, quando nasceu Rodrigo Melo Franco de Andrade


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