(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

M�dicos bolsistas v�o para cidades sem estrutura

M�dicos que atender�o na grande BH e interior ter�o de enfrentar alta demanda e falta de estrutura, pessoal, medicamentos e equipamentos, conforme o em constatou


postado em 27/08/2013 06:00 / atualizado em 27/08/2013 06:59

 

Contratada pelo programa Mais Médicos, Janine Oliveira escolheu Nova União, na Grande BH, mas trabalha sem aparelhos básicos. Ela faz atendimento manual porque faltam monitores que medem pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória(foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)
Contratada pelo programa Mais M�dicos, Janine Oliveira escolheu Nova Uni�o, na Grande BH, mas trabalha sem aparelhos b�sicos. Ela faz atendimento manual porque faltam monitores que medem press�o arterial, frequ�ncia card�aca e respirat�ria (foto: Cristina Horta/EM/D.A.Press)


N�o vai ser f�cil a vida de bolsistas do programa Mais M�dicos que trabalhar�o em Minas. Munic�pios que v�o receb�-los sofrem com diversos problemas: recursos escassos, falta de m�dicos e equipamentos, poucos especialistas, longa espera por atendimento, dificuldade para contratar profissionais. Essa � a realidade constatada pelo Estado de Minas em tr�s das 47 cidades onde os 87 selecionados trabalhar�o. S�o 71 diplomados no Brasil que devem come�ar a atuar em 2 de setembro. Os 16 com registro profissional estrangeiro assumem seus postos no dia 16. Muitos sabem que enfrentar�o s�rios problemas, mas esperam poder contorn�-los. Ontem, come�ou em BH e outras sete capitais o curso de prepara��o dos profissionais com diplomas estrangeiros.

Ita�na, no Centro-Oeste do estado, com 85 mil habitantes, segundo o Censo 2010 do IBGE, tem curso de medicina oferecido h� seis anos por universidade particular, mas faltam m�dicos na cidade. S�o 16 unidades b�sicas de sa�de, mas duas n�o contam com cl�nico geral. Uma das vagas ser� preenchida por Maria de F�tima da Silva El�i, cadastrada pelo programa federal. “Esse posto est� sem atendimento h� oito meses e outra unidade sem m�dico h� seis meses. O programa ampliou a possibilidade de assist�ncia � popula��o”, afirma a secret�ria municipal de Sa�de, �ngela Gon�alves Amaral. Em fevereiro, as unidades receberam cinco bolsistas do Programa de Valoriza��o da Aten��o B�sica, do Minist�rio da Sa�de, semelhante ao Mais M�dicos, que busca suprir a car�ncia de profissionais no interior e periferias das grandes cidades.


 Zilda Ferreira de Souza , de 70 anos, precisa da ajuda de funcionários do posto de saúde do Bairro Piedade, em Itaúna, que não tem clínico geral, para conseguir receita para remédios de uso diário(foto: Nando Oliveira/EM/D.A.Press)
Zilda Ferreira de Souza , de 70 anos, precisa da ajuda de funcion�rios do posto de sa�de do Bairro Piedade, em Ita�na, que n�o tem cl�nico geral, para conseguir receita para rem�dios de uso di�rio (foto: Nando Oliveira/EM/D.A.Press)
A falta de cl�nico geral no posto de sa�de do Bairro Piedade � rotina para os moradores. A aposentada Zilda Ferreira de Souza, de 70 anos, conta com a ajuda de funcion�rios da unidade para conseguir a receita de medicamento de uso di�rio. “Eles procuram o m�dico que conhece meu caso, pedem a receita e me entregam no dia seguinte. Tem de ser assim. Para pegar direto com o m�dico, eu teria que ir a outro bairro”, conta.

A dificuldade para atrair profissionais para o munic�pio � grande, apesar da oferta de sal�rio acima de R$ 10 mil. A costureira Maria �ngela Rodrigues, de 56 anos, precisa ir toda semana a BH, a 80 quil�metros de dist�ncia, para fazer tratamento oftalmol�gico, j� que a especialidade n�o existe na cidade. “Nossa vida fica cada vez mais complicada. Ter de ir a BH toda semana � muito cansativo”, queixa-se.

Com o filho Mois�s, de 3 meses, nos bra�os, a dona de casa V�nia Barbosa da Silva, de 39, teve de sair do Bairro Parque Jardim, onde mora, para encontrar um pediatra no Posto de Sa�de Central. “S� podemos contar com o posto do meu bairro se for para inje��o ou algo assim. Para consultar, n�o tem m�dico”, reclama.

Inaugurada em 2006, a unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal do Hospital Manoel Gon�alves nunca funcionou. A grande maioria dos equipamentos e m�quinas, adquiridos por quase R$ 500 mil, est� parada. Poucos objetos foram transferidos para outros setores da institui��o, mas os que n�o podem ser adaptados ao uso em adultos est�o guardados, recebendo manuten��o preventiva. “Os oito leitos inativos poderiam atender pacientes de todo o estado. H� crian�as prematuras que precisam de interna��o e, � espera de vagas, correm risco de morrer”, alerta o pediatra Luiz Maur�cio Gon�alves e Silva, funcion�rio do hospital.

O pr�dio onde a UTI seria implantada foi constru�do pela Universidade de Ita�na, particular, e foi equipado com recursos do governo estadual, por meio do programa Viva Vida. A dire��o do hospital alega n�o poder arcar com os custos do funcionamento do setor. A Secretaria de Sa�de afirma que a prefeitura tamb�m n�o tem como bancar o servi�o.

Contratada pelo programa federal, Maria de F�tima, de 57 anos, nasceu em S�o Gon�alo do Par�, no Centro-Oeste. Formou-se em 1980 pela Universidade Federal de Uberaba. Mora em BH h� cerca de 20 anos e se aposentou h� dois, como m�dica do trabalho do Minist�rio do Trabalho. Tamb�m tem especialidade em cl�nica geral. “O programa � uma oportunidade de voltar � atividade e aproveitar ainda alguns anos pela frente”, diz. Antes mesmo de aderir ao programa federal, Maria de F�tima havia visitado Ita�na. “� uma cidade boa, perto de BH, mas menor, com mais qualidade de vida. Mudar ser� bom”, diz ela, que vai morar com o marido.

As prefeituras s�o obrigadas a auxiliar os bolsistas a obter moradia, oferecendo dinheiro ou im�vel. “Optei pela ajuda pecuni�ria, para escolher o apartamento de que eu gostar”. A m�dica sabe que encontrar� problemas de estrutura na unidade onde trabalhar�. “� um posto simples, pequeno. O pessoal � muito carente de aten��o b�sica. A secret�ria me disse que tentar� conseguir os equipamentos que faltarem”.

Consulta sem aparelhos


Nova Uni�o, na Grande BH, tem nove unidades b�sicas com apenas dois m�dicos de sa�de da fam�lia. No come�o do ano, ficou s� um, depois de um profissional se transferir para outra cidade para ganhar um sal�rio maior. “Demoramos cinco meses para contratar outro”, conta a secret�ria de Sa�de, Danielly Aparecida de Jesus. Em junho, o munic�pio aumentou o sal�rio dos m�dicos generalistas de R$ 9 mil para R$ 12 mil, mas mesmo assim � dif�cil atrair doutores.

A cidade fica a 60 quil�metros de BH, mas est� ligada � capital pela BR-381, uma das rodovias mais perigosas do estado. “No come�o do ano, tentei admitir um pediatra. Alguns acharam a proposta interessante, mas n�o queriam pegar essa estrada todo dia. Demorei quatro meses para conseguir contratar um”, lembra a secret�ria. Hoje, al�m dessa especialidade, Nova Uni�o tem um psiquiatra, um urologista e um ginecologista. Pacientes que precisam de atendimento de m�dia complexidade s�o encaminhados para Caet� e os de alta, para BH. “A procura por oftalmologista � muito grande, mas n�o temos dinheiro para bancar o servi�o”, diz.

A bolsista do Mais M�dicos Janine Gon�alves de Oliveira, de 28 anos, vai compor uma terceira equipe de sa�de da fam�lia. Formou-se em junho pela Universidade Estadual de Montes Claros, sua cidade natal, no Norte do estado, e no mesmo m�s se mudou para BH. H� duas semanas passou a trabalhar em Nova Uni�o como generalista. Gostou da cidade e a indicou como primeira op��o de destino, entre as seis exigidas pelo Minist�rio da Sa�de aos inscritos no programa. “A cidade � acolhedora, tranquila, posso andar na rua �s 10 da noite sem receio”, diz Janine. Apesar de considerar os profissionais bem treinados, ela esbarrou na falta de equipamentos, como monitores que medem press�o arterial, frequ�ncias card�aca e respirat�ria. O munic�pio tamb�m carece de respirador. “Se algu�m aparece com insufici�ncia respirat�ria, temos que fazer atendimento manual at� chegar a Caet�”, afirma. Faltam medicamentos tamb�m, principalmente para emerg�ncias card�acas.

S� uma vez por m�s

Itaguara, na Grande BH, tem quatro equipes de sa�de da fam�lia, com tr�s unidades b�sicas. Uma das turmas atende pacientes em 19 distritos da zona rural. “� uma �rea muito extensa. O m�dico n�o consegue voltar mais de uma vez por m�s ao mesmo local”, reconhece o secret�rio de Sa�de, Edvar Aparecido Mamede Alves. Em maio, um generalista foi trabalhar na rede particular, e as equipes foram reduzidas para tr�s. “S� consegui contratar outro em agosto, apesar do sal�rio de R$ 10,3 mil”, relata.

No centro de especialidades, h� um pediatra e tr�s ginecologistas, mas eles s� atendem tr�s dias por semana. “Precisamos de mais um pediatra, mas n�o conseguimos bancar”, lamenta Alves. Pacientes que precisam de cardiologista s�o levados para Betim e de ortopedista v�o para Ita�na, mas s� em situa��o de urg�ncia. Nos outros casos, � preciso enfrentar a perigosa BR-381 at� BH, a 97 quil�metros. “Na capital, para essa especialidade, temos uma quota de tr�s vagas a cada 60 dias. N�o posso mandar al�m disso. A fila demora muito. �s vezes, a pessoa n�o quer esperar e entra na Justi�a para o munic�pio pagar atendimento particular”, acrescenta.

A quinta equipe de sa�de da fam�lia de Itaguara ser� criada com a chegada do bolsista do Mais M�dicos Dirceu Carneiro de Faria Saldado, de 56, que ficar� encarregado de visitar pacientes na zona rural. Ele se diplomou em 1980, na antiga Escola de Ci�ncia M�dicas de Volta Redonda (RJ), onde nasceu. Trabalha como cl�nico geral em Cana Verde e Lavras, onde tamb�m faz plant�es no pronto-socorro. Tamb�m � especializado em medicina do trabalho. A bolsa de R$ 10 mil paga pelo programa o estimulou. “Sempre atuei na rede p�blica e meus sal�rios foram inferiores a esse valor, que � condizente com o servi�o m�dico”, afirma.

Dirceu n�o conhece Itaguara. “Sei que tem um hospital, a Santa Casa de Miseric�rdia, mas n�o sei em que condi��es. N�o tenho medo de enfrentar qualquer situa��o. Estou preparado para fazer o que for poss�vel, tentar aprimorar, sugerir e cobrar melhorias”, diz. Ele acredita que o Mais M�dicos ajudar a desenvolver a infraestrutura da rede p�blica. “Os investimentos em sa�de sempre foram menores que o necess�rio. Ao mandar profissionais para munic�pios carentes, esse programa exige servi�os de laborat�rio, de raio X, toda uma estrutura. O programa acelera as melhorias”

 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)