
A Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) confirmou em comunicado que n�o pretende aderir ao programa Mais M�dicos, refor�ando decis�o tomada em 12 de agosto pela congrega��o da faculdade, �rg�o m�ximo de decis�es da institui��o. Mas em outro documento, no dia 28 do mesmo m�s, a faculdade afirma que pode “participar com apoio institucional nas a��es” do programa federal, o que tem causado pol�mica. Professores discordam sobre qual aux�lio pode ser prestado e o reitor da universidade, Cl�lio Campolina, admite at� mesmo colaborar no treinamento de bolsistas.
A medida provis�ria que institui o Mais M�dicos foi discutida em 12 de agosto na reuni�o da congrega��o, que inclui a diretoria da faculdade, chefes dos departamentos e representantes de professores, estudantes e funcion�rios t�cnicos e administrativos. Por 10 votos a nove, a faculdade decidiu n�o firmar o termo de ades�o do programa, que oferece bolsa de R$ 10 mil a profissionais para trabalhar em munic�pios do interior e periferias de grandes cidades.
Em nota, entre outras cr�ticas, a congrega��o defendeu que bolsistas formados no exterior revalidassem os diplomas. A faculdade “n�o acha adequado prestar supervis�o e orienta��o” aos profissionais que n�o fizessem a revalida��o. Se aderisse ao programa, a institui��o teria que escolher professores para atuar como tutores acad�micos, respons�veis por definir as atividades dos inscritos e dos m�dicos supervisores que devem acompanh�-los.
A pol�mica come�ou ap�s o diretor da faculdade, Francisco Jos� Penna, reunir-se em 26 de agosto, em Bras�lia, com dois secret�rios do Minist�rio da Sa�de: o de Aten��o � Sa�de, Helv�cio Magalh�es, e o de Gest�o do Trabalho e da Educa��o na Sa�de, Mozart Sales. No dia seguinte, os dois enviaram carta a Penna defendendo a dispensa da revalida��o e a necessidade de implantar uma “modalidade restrita” de autoriza��o, para os bolsistas com diplomas estrangeiros atuarem “em determinadas localidades e focados na aten��o b�sica”.
Em 28 de agosto, a congrega��o voltou a se reunir e, em adendo � nota do dia 12, considerou que as explica��es dos secret�rios do minist�rio “nos permitem avan�ar nas discuss�es do programa e participar com apoio institucional nas a��es” do Mais M�dicos. Em carta de protesto destinada � comunidade acad�mica, um dos integrantes da congrega��o, o chefe do departamento de cl�nica m�dica, professor Ricardo de Menezes, acusou o �rg�o de ter mudado “a toque de caixa, sem estudo pr�vio”, a decis�o de n�o ades�o.
Em nova reuni�o na ter�a-feira, a congrega��o reiterou que a faculdade “recusa o termo de ades�o” do Mais M�dicos, mas, ao mesmo tempo, ratificou o adendo que prev� a participa��o “com apoio institucional” no programa. Na an�lise do reitor, a congrega��o “decidiu colaborar no que for poss�vel”, segundo declarou em entrevista ao Estado de Minas. “Mesmo que a congrega��o n�o concorde com a formula��o do programa, n�o podemos negar assist�ncia, princ�pio elementar da �rea de sa�de. Somos uma institui��o p�blica e temos um compromisso social e pol�tico com a sociedade”, ressalta.
Campolina considera a possibilidade de a faculdade ajudar no treinamento dos bolsistas. "Vai depender das demandas. Treinamento... Nossa Telemedicina funciona muito bem para o estado todo, de maneira que n�o vamos recusar ajuda”, disse, referindo-se a uma ferramenta virtual que permite que m�dicos de qualquer lugar usem a internet para consultar especialistas de plant�o no Hospital das Cl�nicas da universidade. O professor Ricardo Menezes discorda do reitor. “A n�o ades�o significa n�o disponibilizar qualquer estrutura da faculdade, incluindo os professores e a Telemedicina”, aponta.
ESTUDANTES Os estudantes da faculdade est�o divididos. “N�o deveria aderir. O programa � uma medida imediatista do governo. Vir�o m�dicos do exterior que desconhecem as doen�as end�micas do pa�s. A popula��o poder� receber atendimento inadequado”, opina Marina Buldrini Filogonio, de 20 anos, que cursa o 5º per�odo de medicina. Outro universit�rio de 20 anos, que n�o quis se identificar e est� no 6º per�odo, � favor�vel � ades�o, mas defende a revalida��o: “O programa � uma medida paliativa, mas, mesmo com a pior infraestrutura, um m�dico � capaz de resolver alguns problemas. A revalida��o deveria ser feita, para saber se o m�dico � capaz”. (Colaborou Paula Sarapu)