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Estado de Minas

Morte de mineira na It�lia exp�e drama emocional e financeiro de fam�lias

Morte de mineira na It�lia devasta parentes e exp�e drama a que fam�lias s�o submetidas quando casos ocorrem no exterior. Burocracia e dificuldades nas investiga��es aumentam a dor


postado em 23/09/2013 06:00 / atualizado em 23/09/2013 08:25

Sandra Kiefer

 

Parentes de Marília Martins durante o enterro em Uberlândia: sepultamento ocorreu 20 dias depois da morte (foto: Cleiton Borges/Correio de Uberlândia)
Parentes de Mar�lia Martins durante o enterro em Uberl�ndia: sepultamento ocorreu 20 dias depois da morte (foto: Cleiton Borges/Correio de Uberl�ndia)

Mar�lia Rodrigues Silva Martins, de 29 anos, de fam�lia de classe m�dia alta de Uberl�ndia, morava havia 10 anos na It�lia. Cheia de planos, estava radiante com os cinco meses de gravidez e se preparava para tirar o brev� de piloto feminino de helic�ptero. No fim de agosto, por�m, foi encontrada morta na empresa de avia��o onde trabalhava. A promotoria italiana acusa de assassinato o empres�rio italiano Claudio Grigoletto, que reconheceu ser o pai do filho que a brasileira esperava. Ele foi preso no dia seguinte e admitiu que brigou com Mar�lia, mas nem a aten��o que autoridades d�o ao caso foi o suficiente para confortar a m�e, Nat�lia Silva.

O caso de Mar�lia exp�e a agonia de familiares quando a morte ocorre no exterior. O processo fica ainda mais dolorido, cansativo e nem sempre � poss�vel contar com a disposi��o de autoridades de outros pa�ses em investigar a fundo as ocorr�ncias. “Voc� pode imaginar o que � organizar dois vel�rios para a pr�pria filha? Um para os amigos estrangeiros da escola e do trabalho e outro para os familiares daqui?”, pergunta Nat�lia. Mais de 20 dias depois do crime, ela enterrou a filha em Uberl�ndia na �ltima quarta-feira. “N�o sei o que � dormir mais de duas horas por noite nos �ltimos 20 dias. Estou exaurida”, revela.

Perder um parente no exterior obriga familiares a tomar provid�ncias extras. De uma hora para outra, os familiares mais pr�ximos se veem envolvidos com a burocracia em torno do traslado do corpo, a inevit�vel demora de todo o processo e gastos de funeral calculados em moeda estrangeira. Em 2012, ao menos 1.457 brasileiros morreram no exterior, 36% a mais em rela��o aos 1.069 registros de �bito recebidos pelo Itamaraty no ano passado. Este ano, embaixadas e consulados brasileiros j� comunicaram 688 mortos at� setembro.

Segundo o Itamaraty, nem todas as mortes de brasileiros chegam a ser comunicadas oficialmente ao governo, mas apenas os casos que necessitam da interfer�ncia das embaixadas como forma de agilizar a tramita��o dos documentos entre dois pa�ses. A grande maioria dos registros de �bito feitos j� vem com a especifica��o de morte natural. “O que preocupa n�o s�o os casos famosos ou de brasileiros que moram l� fora, mas as pessoas comuns. S�o milhares”, compara o deputado federal C�ndido Vaccarezza (PT-SP), autor de projeto, em tramita��o nas comiss�es, que obriga o governo a arcar com as despesas para o traslado dos corpos de brasileiros cujas fam�lias n�o tiverem recursos financeiros.

O deputado lembra que, al�m do sofrimento e da enorme burocracia internacional, muitas fam�lias s�o obrigadas a fazer campanhas de arrecada��o de fundos para trazer o corpo de parentes. O projeto tamb�m estabelece que as mortes de brasileiros em outros pa�ses dever�o ser comunicadas ao consulado brasileiro do local. “Houve caso de uma fam�lia em que um dos parentes juntou R$ 5 mil para passar cinco dias de f�rias na Disney e acabou morrendo. A fam�lia � obrigada a deixar a pessoa congelada at� conseguir arrecadar os recursos para transportar o corpo, o que pode custar de R$ 20 mil a R$ 50 mil, dependendo da situa��o”, compara Vaccarezza.

Consulado No caso de Mar�lia, encontrada morta em 30 de agosto na cidade de Gambara, em Br�scia, na It�lia, o consulado de Mil�o acompanhou o desdobramento do caso e tomou todas as provid�ncias burocr�ticas, com a interfer�ncia do governo de Minas, que se encarregou da interlocu��o com o Itamaraty junto com a m�e, fluente em italiano. Mar�lia tinha ido morar na It�lia com a m�e h� 10 anos. Nat�lia voltou h� tr�s anos, deixando a filha estabelecida em Mil�o.

As despesas do traslado do corpo ficaram a cargo da fam�lia. “Penso que o que aconteceu com a minha filha pelo menos teve o prop�sito de ajudar a mudar a imagem das brasileiras l� fora. O caso dela teve uma enorme repercuss�o na It�lia, porque Mar�lia era bonita, trabalhadora e sabia se comportar corretamente. O que aconteceu com ela poderia ter acontecido no Brasil, na Fran�a ou na Su��a. Gente do mal existe em todos os lugares”, desabafa Nat�lia.

 
Mortes

1.457

n�mero de brasileiros que morreram no exterior em 2012, aumento de 36% em rela��o a 2011

688
n�mero de mortes de brasileiros fora do pa�s comunicadas ao Itamaraty at� setembro 



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