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Estado de Minas

Mineiros de Ouro apresenta: receita de amor

Instituto Dona Lucinha constr�i casa na Pampulha para abrigar crian�as portadoras de c�ncer que moram no interior e fazem tratamento em BH. Projeto oferece apoio material e espiritual


postado em 28/09/2013 06:00 / atualizado em 28/09/2013 07:20

"Sentimos necessidade de expandir nosso trabalho. Ent�o, fizemos pesquisa em hospitais e constatamos a car�ncia de alojamento para as crian�as com c�ncer que v�m do interior. � uma realiza��o muito grande poder ajudar a quem precisa de forma espont�nea e com amor" - Dona Lucinha (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Quando a menina Maria L�cia Clementino Nunes pisava as pedras irregulares das ladeiras do Serro, no fim da d�cada de 1930 e in�cio dos anos 1940, aventureiros ainda chegavam � cidade da Regi�o Central de Minas, nas fraldas da Serra do Espinha�o, sonhando com ouro e diamantes. J� os moradores, sabendo que o brilho dos minerais estava se apagando, passaram a se dedicar ao campo, ao gado, �s artes, e o munic�pio passou a produzir um dos queijos mais cobi�ados no caf� da manh� dos principais centros consumidores do pa�s. E � das tradi��es culin�rias locais que v�m a sabedoria e as realiza��es de Maria L�cia.


Maria L�cia Clementino � dona Lucinha. Professora, doceira, diretora de escola, quitandeira, vereadora. Com os olhos mais vivos do que nunca, aos 71 anos, ela resume tudo isso a� em uma prefer�ncia: “O que sou mesmo � cozinheira”. Foi nos tempos de professora que passou a prestar mais aten��o ao redor. Mocinha, n�o se vexava em montar e percorrer a cavalo os caminhos reais do Serro rumo �s prec�rias escolas rurais. Ensinava o que os livros traziam e o que a sua intui��o ditava. Dos fog�es da gente do campo colheu as t�cnicas simples de combinar temperos, legumes, verduras e os gr�os da terra. “Aprendi mais do que ensinei. Achei uma cultura pronta.”

Mais do que isso. Se provou da sabedoria popular no trato com as necessidades prim�rias do dia a dia, p�s em pr�tica e experimentou li��es de amor e de respeito ao pr�ximo. Casou-se e teve 11 filhos. Na educa��o deles, a import�ncia de Lucinha ter, em vez de potes de ouro e diamantes, um ba� de valores humanit�rios, repassados a cada um desde a tenra inf�ncia. Essa � a raz�o de a fam�lia estar agora envolvida, sob o manto do Instituto Dona Lucinha, na finaliza��o de uma casa na Pampulha para dar conforto material e espiritual a 80 crian�as portadoras de c�ncer, com idade at� 12 anos, residentes a mais de 100 quil�metros de BH e que precisem vir � capital para demorados e dolorosos tratamentos.

A dona Lucinha que a maioria conhece, a alquimista dos fog�es e das panelas, jamais negou um punhado de comida a quem tem fome. Depois que abriu o primeiro restaurante em BH, na Rua Padre Odorico, n�o se omitia diante das pessoas maltrapilhas que reviravam o lixo em busca de sobras. “� para alimentar porcos”, diziam. Percebeu que era mais que isso e os olhos brilhantes se comoveram. Passou a distribuir marmitas, todas as tardes, com os alimentos que antes tinham destino menos nobre no restaurante. Sentiu que era pouco. Passou a cozinhar uma sopa e a preparar um mexido destinados especialmente aos necessitados.

“Policias militares nos orientaram a n�o servir mais a comida na rua do restaurante, para evitar tumultos. Ent�o, fui ao 22º Batalh�o, no Bairro Santa L�cia, e propus a eles assumir a distribui��o. Era uma forma tamb�m de aproximar mais a pol�cia da comunidade.” Deu certo. “Consegui apoio do Senai e montamos uma estrutura na sede do batalh�o, com cozinha e instala��es adequadas ao ensino de pessoas para cuidar de idosos, a trabalhar com costura, como copeiras e outras atividades.” Estava nascendo o projeto que resultou no Instituto Dona Lucinha.

ACOLHIDA A fam�lia chega agora � sua maior realiza��o, que ser� inaugurada ainda neste m�s. � a Casa de Acolhida S�o Jos�, na Alameda Ip� Branco, esquina com Avenida Ant�nio Carlos, Bairro S�o Luiz, Pampulha. O im�vel, de tr�s andares, est� adaptado para receber as crian�as portadoras de c�ncer. � um projeto de dar inveja �s �reas do poder p�blico de assist�ncia a necessitados. A Casa de Acolhida S�o Jos� oferecer� assist�ncia religiosa e terap�utica, biblioteca, brinquedoteca, salas de inform�tica e de cursos especiais – como bordado, artesanato e costura – para os acompanhantes, sala de TV, audit�rio, cozinha industrial, refeit�rio, lavanderia e transporte at� os hospitais.

Os h�spedes ficar�o em su�tes decoradas com motivos infantis. Os banheiros s�o adaptados com barras de seguran�a. H� jardins internos e externos e horta de onde sair�o legumes e verduras. Al�m de escadas largas e seguras, os andares s�o interligados  por elevador.

“Sentimos necessidade de expandir nosso trabalho. Ent�o, fizemos pesquisa em hospitais e constatamos a car�ncia de alojamento para as crian�as com c�ncer que v�m do interior. � uma realiza��o muito grande poder ajudar a quem precisa de forma espont�nea e com amor. Meus av�s tinham fazenda e faziam acolhida. Ofereciam pouso e alimenta��o a quem precisava”, conta dona Lucinha. O projeto � bancado pelo instituto e seu estatuto diz: “Os membros da diretoria e do conselho n�o ser�o remunerados e n�o haver� em seus quadros pessoas filiadas a partidos pol�ticos”. Sinal de que comer em um restaurante Dona Lucinha � mais do que satisfazer a fome e o paladar. �, tamb�m, um ato de doa��o.

Servi�o
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