
Basta o tempo fechar para que Maria Jos� da Silva, de 72 anos, se lembre do que viveu em 1997, quando uma enchente destruiu tudo dentro de sua casa �s margens do Rio das Velhas, em Santo Ant�nio de Ro�a Grande, comunidade que pertence a Sabar�, na Grande BH. A dona de casa vive h� 40 anos em um dos 236 trechos mapeados como cr�ticos pelo Atlas de Inunda��es, lan�ado ontem pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), durante semin�rio sobre acidentes e riscos ambientais. O documento lista mais de 1,5 mil pontos inund�veis em 36 bacias hidrogr�ficas mineiras, a maioria nas regi�es Central, Sul e Zona da Mata, e surge com o objetivo de nortear pol�ticas p�blicas para evitar trag�dias, no in�cio da esta��o que ontem j� fez os primeiros estragos na regi�o metropolitana da capital.

Na segunda coloca��o aparece o conjunto formado pelo Rio Piranga e seus afluentes, totalizando 44 segmentos cr�ticos. O Piranga faz parte da bacia hidrogr�fica federal do Rio Doce, que tamb�m aparece em segundo lugar no levantamento completo do atlas, com 304 pontos inund�veis. No caso do Velhas e de seus tribut�rios, apenas um ponto cr�tico foi indicado, o que corresponde a um trecho de 29 quil�metros em Sabar� e inclui o Ribeir�o Arrudas, mas h� 114 trechos considerados inund�veis.
Segundo o secret�rio de estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel, Adriano Magalh�es, o documento foi feito para que sejam identificadas as causas de vulnerabilidade de cada ponto, para orientar o trabalho de preven��o. “Sabemos que a ocupa��o irregular do solo e o assoreamento dos cursos d’�gua s�o exemplos de situa��es que aumentam as inunda��es. Precisamos evitar a ocupa��o de �reas de risco levantadas pelo documento e � importante que a Defesa Civil fa�a o acompanhamento dos locais com base nessas informa��es”, diz o secret�rio.
Tarefa dos munic�pios
De acordo com a diretora de Preven��o e Emerg�ncia Ambiental da Semad, Zenilde Viola, as informa��es contidas no Atlas foram tiradas dos planos de emerg�ncia pluviom�tricos emitidos ano a ano pela Defesa Civil estadual. Entre os per�odos chuvosos de 2007/2008 e 2011/2012, houve registro de 127 mortos em consequ�ncia dos temporais em todo o estado, e 32 mil pessoas ficaram desabrigadas. “Cada munic�pio tem que fazer seu papel, considerando a informa��o sobre os pontos de inunda��o”, diz a diretora.
Durante o semin�rio, uma das palestras apresentadas foi do especialista em recursos h�dricos da Ag�ncia Nacional de �guas (ANA) Othon Fialho. Ele mostrou que na bacia federal do Rio Para�ba do Sul, curso d’�gua que divide Minas e Rio de Janeiro, est�o em andamento negocia��es entre a ANA e o comit� gestor da bacia, para intervir nos pontos cr�ticos. “Estamos discutindo um protocolo a ser criado em caso de evento cr�tico e tamb�m j� indicamos a possibilidade de constru��o de cinco barragens em tribut�rios do Para�ba do Sul que ficam em Minas Gerais”, diz ele.
O especialista afirmou que duas barragens poderiam ser constru�das no Rio Carangola, uma no Xopot�, uma no Muria� e outra no Rio Preto. “Os demais comit�s precisam seguir o mesmo caminho e fomentar as discuss�es para avan�armos na solu��o de pontos que causam inunda��o no estado. O atlas � uma ferramenta importante nesse sentido”, avaliou.
Mais detectores de tempestades

“Os novos dispositivos ser�o respons�veis pela cobertura do Norte, dos vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce, al�m de parte do Noroeste de Minas”, diz o secret�rio. A previs�o � de que eles estejam funcionando normalmente nas chuvas de 2014/2015. Ainda est� prevista a instala��o de aparelhos no Tri�ngulo Mineiro e no Rio de Janeiro, que completariam 100% de cobertura em Minas.
Atualmente, o estado conta apenas com o radar instalado na Grande BH. O aparelho est� posicionado a 1.270 metros de altitude e faz uma varredura de 250 quil�metros, podendo chegar a at� 350 quil�metros, por�m, com perda de qualidade . Por meio da emiss�o e recep��o de ondas, o equipamento consegue identificar a forma��o de chuvas, tempestades e granizo. Dessa forma, alertas s�o emitidos aos munic�pios para que poss�veis trag�dias possam ser evitadas.