Landercy Hemerson e Juliana Ferreira

A produtora de eventos Cristina Vieira Souza, de 31 anos, � frequentadora ass�dua de baladas em Belo Horizonte e cidades vizinhas e invariavelmente sai tarde da noite das boates. Ela nunca tinha sentido medo na hora de voltar para casa at� dois meses atr�s, quando levou um susto. “Estava numa casa noturna do Jardim Canad� (em Nova Lima), no maior clima de seguran�a l� dentro. Mas antes de eu entrar no t�xi, algu�m passou correndo e levou minha bolsa”, conta. “N�o fosse o apoio do taxista, que me levou para a delegacia e depois para minha casa, o pesadelo na madrugada teria sido pior”, acrescenta.
Embora a pol�cia n�o informe estat�sticas espec�ficas, relatos como o de Cristina s�o frequentes entre belo-horizontinos que lotam casas noturnas em busca de divers�o. Por duas noites, a reportagem do Estado de Minas percorreu boates da Regi�o Centro-Sul da capital e do Jardim Canad�, em Nova Lima, e ouviu reclama��es por casos de roubo ou abordagens mais agressivas por parte de flanelinhas e moradores de rua na sa�da dos estabelecimentos. As queixas j� preocupam donos de boates: a Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas (Abrasel) promete pedir nos pr�ximos dias uma reuni�o com o comando da Pol�cia Militar para discutir medidas.
“Estamos cientes desse problema”, reconhece Lucas P�go, diretor-executivo da Abrasel. “BH � conhecida como uma capital de vida noturna agitada e temos de garantir que os clientes estejam seguros. Est� na hora de mais uma reuni�o com a PM", acrescenta, referindo-se a conversas que foram mantidas no passado com a pol�cia e que contribu�ram para a implanta��o de patrulhas em bairros como Lourdes, em 2012. Para Lucas P�go, ainda h� sensa��o de inseguran�a na sa�da das baladas.
Por causa do problema, o engenheiro Luiz Fonseca, de 25, parou de usar o carro para ir a boates. “Passei a usar t�xi. N�o quero ter surpresas desagrad�veis na sa�da”, justificou. “Dois colegas meus foram assaltados num estacionamento improvisado no Jardim Canad�”, conta. “Chego a pensar que flanelinhas d�o dicas a comparsas sobre o perfil do dono do ve�culo. Se s�o dois jovens franzinos, como meus colegas, s�o alvos potenciais”, acrescenta.
Zona Sul
O clima tamb�m � de alerta entre frequentadores de casas noturnas na Regi�o Centro-Sul da capital. O engenheiro Henrique C�sar de Melo, de 35, conta que ficou atento sobre os riscos na sa�da da balada depois que dois colegas foram assaltados. “Falta seguran�a. Tomo cuidado na hora de buscar o carro e mesmo no trajeto de volta para casa. Pode ser que ladr�es n�o o abordem num local movimentado, mas sigam voc� at� sua casa”, disse. “Quando chego em casa (no Bairro Funcion�rios) depois da balada, prefiro dar uma volta no quarteir�o quando h� pessoas suspeitas na rua”, completou.
Na Savassi, h� presen�a constante de militares da 4ª Companhia do 1º Batalh�o da PM no cruzamento das ruas Tom� de Souza e Sergipe. No m�s passado, um jovem de 23 anos foi baleado no rosto e na perna depois de sair de uma boate no cruzamento das ruas. Em mar�o do ano passado, um homem atirou contra cinco pessoas em um carro, que acabavam de sair de uma casa noturna na Tom� de Souza, deixando tr�s feridos. Na mesma �rea, um estudante foi morto a tiros em junho de 2006.
Frequentadoras de uma boate perto dali, na Rua Levindo Lopes, a arquiteta Cinthia Machado, de 28, e a dentista Mayla Maia, de 30, passaram a andar com mais cuidado depois que viveram um momento de medo. Como n�o havia vaga perto do estabelecimento, Cinthia parou seu carro a um quarteir�o. Depois que desceram do ve�culo, um morador de rua passou a segui-las. “Acho que o policiamento � um pouco fraco no entorno da maioria das casas noturnas. E isso pode facilitar a��es de criminosos eventuais, que se passam por moradores de rua ou flanelinhas”, avalia Mayla. Para ela, a sa�da � procurar casas que tenham seguran�as na porta e manobristas.
O militar Simon Patrick, de 21, diz que procura parar em locais bem iluminados, pr�ximos � entrada das casas noturnas. “Pela minha atividade, adoto certos cuidados. Mas n�o h� certeza de que meu carro vai estar intacto, mesmo pagando com anteced�ncia o guardador”, diz. “Quando saio, fico bem atento ao movimento e, se na chegada n�o consigo um local bom para parar, sigo para um outro estabelecimento”, completa.
A comandante de Policiamento da Capital, coronel Cl�udia Ara�jo Romualdo, disse que os locais com grande presen�a de p�blico, onde s�o realizados shows musicais, eventos culturais de toda natureza e casas noturnas, recebem aten��o especial de policiamento. Sem revelar dados, o Pelot�o da PM no Jardim Canad� informou n�o ter notado crescimento na taxa de assaltos e furtos nos arredores das casas noturnas. Segundo o tenente Daniel Rodrigues, o policiamento na regi�o � refor�ado quando h� grandes eventos.