“Se voc� quer ser minha namorada/Ah, que linda namorada/Voc� poderia ser…”. Quem apurar o ouvido, e sentir um qu� de nostalgia, quase poder� relembrar da voz de Nana Caymmi cantando de maneira tranquila, sem pressa, com bossa, a m�sica Minha namorada. Belo Horizonte estaria mais rom�ntica, inspirada pelo centen�rio de Vinicius de Moraes, o poeta das letras de amor? Na tarde de ontem, nas pra�as, ruas e bares da cidade, parecia n�o existir tempo ruim para casais apaixonados. At� mesmo debaixo de chuva, era poss�vel flagrar o encontro de sombrinhas de flores mi�das, grudadas em cinzentos guarda-chuvas. S� as m�os restavam de fora, entrela�adas, molhando na garoa persistente. Casais desavisados dividiam a marquise, sem se importar com a presen�a alheia. Trocavam carinhos.
“S� esperei ela crescer um pouco para eu me aproximar. N�o �, amor?”, brinca Tiago Avelar da Silveira, de 25 anos, que conhece desde a inf�ncia a namorada Camila Tatiana de Jesus e Silva, estudante de enfermagem, de 24 anos. “N�o, meu bem! Voc� � apenas um ano mais velho do que eu!”, sorri Camila. Os dois se entreolham, c�mplices. Correm juntos na chuva, atravessando o sinal de tr�nsito. Interrompem a pressa para trocar um selinho. E tornam a fugir da chuva, juntos.
Em outro cen�rio inesperado, a rodovi�ria da capital, um casal troca beijos furtivos, sentado em desconfort�veis cadeiras de pl�stico. “� a primeira viagem de f�rias, depois de oito anos sem folga”, explica o pedreiro Michael Martins, de 25 anos, que vai passar 15 dias em Vit�ria (ES), na companhia de Nat�lia Am�ncio, de 23. Os dois est�o em clima de lua de mel. Depois de se familiarizar com a letra de Minha namorada, Martins declara-se para a mo�a: “N�o tenho for�a de express�o para dizer o que sinto, mas essa poesia � tudo o que eu gostaria de dizer.” “Voc� n�o precisa dizer nada… � s� ficar assim, pertinho de mim”, elogia a mo�a, t�mida.
Se viesse hoje a Belo Horizonte, Vinicius talvez estivesse agora sentado em uma mesa de bar no Bairro Santa Tereza ou em um dos caf�s na Regi�o da Savassi. Tomaria um u�sque duplo, ou quem sabe a garrafa inteira. Encantado pelo desfile de beleza das mulheres de Minas, ele provavelmente engataria mais um caso na sua lista de nove casamentos. Nenhum deles durou mais de 10 anos e o mais curto n�o passou de um ano. Ele mesmo se explicou, no mais conhecido poema, Soneto da fidelidade, que se tornaria o hino dos casamentos atuais. “Eu possa lhe dizer do amor (que tive)/Que n�o seja imortal, posto que � chama./Mas que seja infinito enquanto dure”.
Ramon e Talita

MINHA NAMORADA
Se voc� quer ser minha namorada
Ah, que linda namorada
Voc� poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ningu�m mais pode serTiago e Camila

Minha at� morrer
Voc� tem que me fazer um juramento
De s� ter um pensamento
Ser s� minha at� morrer
E tamb�m de n�o perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas hist�rias de voc�
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ningu�m saber por qu�Diogo e Gabriela

Amada pra valer
Por�m, se mais do que minha namorada
Voc� quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida � nada
Sem a qual se quer morrer
Ariane e Fernando

Amiga, companheira
Voc� tem que vir comigo em meu caminho
E talvez o meu caminho seja triste pra voc�
Os seus olhos t�m que ser s� dos meus olhos
Os seus bra�os o meu ninho
No sil�ncio de depois
E voc� tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de n�s dois