Pedestres viram presa f�cil de assaltos em BH

A cada 20 minutos, uma pessoa � v�tima de roubo em Belo Horizonte. Esse dado faz parte das estat�sticas da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), que registrou, de janeiro a setembro, 20,8 mil ocorr�ncias de roubo na capital, o que resulta numa m�dia de 76 pessoas atacadas por dia, ou seja, mais de tr�s v�timas por hora. A situa��o assusta os moradores e preocupa as autoridades de seguran�a p�blica, j� que os n�meros deste ano est�o 21% maiores que os registrados em 2012, quando 62 pessoas, em m�dia, foram v�timas desse tipo de crime todos os dias nos nove primeiros meses do ano, chegando a 17 mil casos registrados.

O secret�rio R�mulo Ferraz revela mais uma caracter�stica da a��o dos criminosos: pelo menos 60% dos casos s�o de roubo a transeuntes, ligando o alerta principalmente para pedestres que circulam em lugares como o Hipercentro e a Regi�o de Venda Nova (veja mat�ria na p�gina 22). Segundo a Pol�cia Civil, essas s�o as duas �reas consideradas mais visadas para esse tipo de crime na capital. Tamb�m destacam-se os roubos a estabelecimentos comerciais, a pessoas dentro de ve�culos, a passageiros de coletivos, entre outros. Apesar de o secret�rio afirmar que a meta � atingir a m�dia do ano passado at� dezembro, vem a� um per�odo onde historicamente os assaltos aumentam. O fim de ano � marcado por uma circula��o maior de dinheiro, o que aumenta a a��o dos criminosos.

Mensalmente, a Seds divulga os dados da criminalidade a partir de dois grandes grupos: crimes violentos, que incluem homic�dios, assaltos e mais cinco tipos, e os violentos contra o patrim�nio, que s�o o roubo e a extors�o mediante sequestro. O aumento dos n�meros de roubos consumados, de acordo com dados obtidos pelo Estado de Minas, resultaram no crescimento das estat�sticas de viol�ncia e representam o maior desafio para as autoridades, uma vez que os �ndices de assassinato tiveram uma redu��o quando comparados com 2012 (veja quadro).

Uma das v�timas dos criminosos, a estudante de comunica��o Camila Braga, de 21 anos, conta que o medo se tornou seu companheiro desde que foi amea�ada com uma faca por um assaltante no Bairro Floresta, Regi�o Leste, em julho. Ela seguia pela Rua Sapuca� quando um homem se aproximou, tirou a arma de uma mochila e anunciou o assalto. “Achei que ele iria pedir uma informa��o, mas pegou meu celular e levou R$ 14 que tinha na carteira. Mandou eu n�o gritar e me amea�ou.” A jovem fez boletim de ocorr�ncia, mas o suspeito nunca foi encontrado. Os dias seguintes foram de muita apreens�o. “Nunca tive essa cultura do medo, mas vivi momentos ruins, de p�nico. O lugar me marcou. Ando r�pido e procuro sempre me manter perto de algu�m. Parei at� de pegar o metr� por um tempo”, conta.

Tr�s assaltos

A viol�ncia contra pedestres tamb�m atingiu a aut�noma Ana Fiuza, de 56, v�tima de tr�s assaltos. O �ltimo foi em janeiro, na Rua Fernandes Tourinho, na Savassi, Bairro Funcion�rios, Centro-Sul de BH. Um adolescente simulou estar armado e pediu sua bolsa. Ela conseguiu correr e pedir ajuda a quem passava pelo local, mas o bandido fugiu. “Estamos pedindo socorro nessa quest�o da seguran�a. � um absurdo essa situa��o, tenho pavor de andar na rua. Estamos na m�o de Deus”, desabafa. Os outros roubos foram na Avenida Bias Fortes e na Rua Vi�osa, em 2011 e 2012 , o que, segundo ela, refor�a os fatos de que a viol�ncia vem crescendo nos �ltimos anos.

Para o professor de sociologia e pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Seguran�a P�blica (Crisp) da UFMG, Br�ulio Figueiredo Alves da Silva, � importante trabalhar com todas as ferramentas que as pol�cias t�m, como o geoprocessamento, para analisar onde est�o ocorrendo esses crimes, qual o hor�rio de maior incid�ncia, o perfil das v�timas e tamb�m o dos autores, quando identificados. Com isso, ele afirma ser poss�vel desenvolver a��es de preven��o. "� fundamental usar a informa��o para subsidiar pol�ticas e estrat�gias de preven��o criminal", refor�a.

O secret�rio R�mulo Ferraz admite que o n�mero de roubos preocupa e acredita em dois fatores para explicar esse quadro. “A legisla��o � um problema, porque temos casos de ladr�es que j� foram presos mais de cinco vezes e est�o soltos. Outro fator � o ambiente do uso de entorpecentes. Os jovens precisam fazer dinheiro para adquirir drogas e para isso cometem roubos”, diz ele. Ferraz lista algumas a��es implementadas pelas pol�cias para tentar baixar a m�dia de 76 roubos por dia em 2013 para 62, a m�dia em 2012.

“Tivemos agora uma renova��o da frota de ve�culos das pol�cias e vamos ganhar mais 1,3 mil militares nas ruas em todo o estado com a posse dos servidores administrativos. Pelo menos metade est� destinada para a capital”, informa. Ainda segundo o secret�rio, uma a��o que cabe mais � Pol�cia Civil � a identifica��o dos alvos, para que os assaltantes j� conhecidos e que praticam muitos roubos sejam recolhidos. Por fim, ele cita a amplia��o do sistema de c�meras de vigil�ncia em Belo Horizonte. “Temos 160 equipamentos, estamos licitando mais 128 e o munic�pio vai instalar 160 para o ano que vem. Sabemos que a redu��o da criminalidade nos locais cobertos pelas c�meras � de 30%”, completa.

Evolu��o do crime

18.829 crimes violentos em BH de janeiro a setembro de 2012 *

22.268 crimes violentos em BH de janeiro a setembro de 2013*

Roubo, extors�o mediante sequestro, homic�dio, tentativa de homic�dio, estupro, tentativa de estupro e sequestro/c�rcere privado

Aumento de 18,26%

576 homic�dios em BH de janeiro a setembro de 2012

505 homic�dios em BH de janeiro a setembro de 2013

Redu��o de 12,43%