
A uma semana do in�cio do censo de moradores de rua da capital, a prefeitura selecionou ontem 19 mendigos que v�o ajudar a abrir caminho para pesquisadores. Eles foram indicados pela Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte por conhecerem os locais de concentra��o das fam�lias e terem facilidade na abordagem.
Os 150 recenseadores, em sua maioria estudantes e funcion�rios da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foram definidos ontem. Eles v�o receber R$ 400 cada um para aplicar question�rios nas nove regionais da capital, mas antes passar�o por treinamento amanh�. A expectativa � de que um relat�rio preliminar seja divulgado na primeira quinzena de janeiro, isso �, dentro de cerca de 50 dias.
Ap�s o trabalho de campo, o coordenador do projeto, o professor Frederico Duarte Garcia, do Departamento de Psiquiatria da UFMG, tem prazo de seis meses para apresentar todos os resultados. O contrato com a universidade � de R$ 166 mil e foi assinado na segunda feira.
Segundo Frederico Garcia, no treinamento os recenseadores receber�o orienta��es sobre os objetivos da pesquisa e t�cnicas de entrevistas. Os 150 selecionados ser�o divididos em 20 equipes, todas acompanhadas por moradores de rua, que tamb�m ser�o remunerados. “Eles t�m uma certa abertura com os moradores de rua e v�o ajudar nessa abordagem. � uma forma de rela��es p�blicas, eles conhecem os lugares”, explica o professor.
Pastoral
Os trajetos a serem percorridos pelos recenseadores j� foram tra�ados pela prefeitura. Al�m das ruas, ser�o visitados pelos pesquisadores albergues, abrigos e hospitais. O prazo curto para a pesquisa se deve � migra��o constante da popula��o de rua. Mesmo que o sistema informatizado da UFMG exclua os entrevistados duas vezes, o per�odo de um dia foi definido para evitar a necessidade de recontagem.
O Comit� de Acompanhamento de Pol�ticas para a Popula��o de Rua informou ontem que o objetivo da prefeitura n�o � apenas contar o n�mero de moradores de rua na capital. O �ltimo levantamento, feito em 2005, apontou 1.164, mas a Pastoral de Rua estima que h� pelo menos 2 mil pessoas nessas condi��es na cidade. “Al�m da contagem, queremos saber de onde v�m, a motiva��o que os trouxe a BH, por que est�o nas ruas e a que tipo de servi�os t�m acesso”, explica a coordenadora do comit�, Soraya Romina, que v� a propaga��o do crack como um dos principais desafios.
H� oito anos, cerca de 40% dos mendigos da capital vinham de outras cidades ou estados. Muitos n�o t�m para onde ir, ap�s apresentarem problemas de sa�de ou serem expulsos de comunidades devido ao consumo de drogas. Informa��es sobre essa realidade v�o auxiliar pol�ticas sociais, segundo Romina: “N�o temos como expandir os servi�os sem entender como eles vivem e enxergam a cidade. Precisamos trabalhar com esses dados”, explica.