
No engarrafado tr�nsito de Belo Horizonte, eles podem at� estar cada vez mais lentos, mas, no quesito infra��es, os t�xis da capital andam acelerando e batendo marcas de anos anteriores. � o que revela levantamento exclusivo do Estado de Minas sobre as ocorr�ncias administrativas informadas pela Ouvidoria-Geral do Munic�pio, com base em notifica��es da BHTrans. No per�odo pesquisado, entre janeiro e outubro de 2012 e 2013, por exemplo, as ocorr�ncias aumentaram 22,6%, passando de 4.145 para 5.081. As multas tamb�m cresceram comparativamente, cobrindo 91% das ocorr�ncias neste ano, contra 81% do anterior. Mas a fiscaliza��o se mostra menos capaz de impor penalidades administrativas: as suspens�es e advert�ncias para casos mais graves ca�ram de 16% dos registros de irregularidades para 10,5%.
Para o professor Guilherme de Castro Leiva, coordenador do curso t�cnico de transporte e tr�nsito do Cefet-MG, esse comportamento � um dos que prejudicam o tr�nsito na cidade. “Nossas vias j� est�o no limite da capacidade. Toda vez que se para em �reas de carga e descarga, espa�os de ve�culos especiais e locais de estacionamento proibido, isso compromete o fluxo de ve�culos, podendo originar reten��es e acidentes”, afirma. Para o especialista, mesmo quando o passageiro solicita uma parada irregular, cabe ao condutor se negar a infringir a lei. “Quem avalia o que fazer ou n�o � o profissional”, disse.
O servi�o de t�xi em Belo Horizonte conta hoje com 6.576 ve�culos, sendo que 528 (8%) foram incorporados h� cinco meses, o que pode ter contribu�do em parte para o aumento das ocorr�ncias. Embora represente a minoria, um n�mero consider�vel de taxistas foi flagrado em infra��es consideradas mais graves, por representar amea�as � seguran�a de passageiros e ao tr�nsito. Pelo menos 180 condutores foram multados por conduzirem seus ve�culos nessas situa��es.
A gravidade desse tipo de ocorr�ncia � tamanha que prev� multa na primeira constata��o e suspens�o do permission�rio no terceiro registro em um ano. Passar a dire��o do ve�culo a uma pessoa n�o autorizada pela BHTrans, por exemplo, parece ser algo impens�vel, mas 19 permission�rios foram denunciados por esse tipo de atitude, que exp�e usu�rios que confiam na seguran�a do sistema a um condutor clandestino.
O especialista do Cefet-MG alerta que esses comportamentos dep�em contra a categoria, mesmo partindo de um n�mero relativamente pequeno de condutores. “Quem trabalha no tr�nsito � a refer�ncia e o cart�o de visita de uma cidade. Tem de prezar por isso e mostrar que o sistema � confi�vel. Se n�o conduz o ve�culo da forma correta, os demais usu�rios percebem e classificam todos os profissionais por esse desrespeito”, disse Leiva. Para o especialista, por esses e outros problemas o transporte por t�xis em BH ainda est� longe de ser eficiente e confort�vel. “O sistema � deficit�rio no que tange � qualidade. Temos de trabalhar um processo de maior capacita��o e emprego de tecnologia”, afirma.
Disputa por espa�o na rua
O diretor-presidente do sindicato dos taxistas de Minas Gerais (Sincavir), Ricardo Faeda, afirma que o aumento da frota que circula nas ruas e a redu��o do n�mero de fiscais tornou o exerc�cio da profiss�o mais dif�cil e conflitante com as regras de tr�nsito na capital. “Temos carros particulares invadindo o espa�o dos taxistas, os pontos de t�xi. Faltam tamb�m mais locais de parada e de estacionamento”, disse. O sindicalista critica ainda o fato de os agentes da BHTrans n�o poderem fiscalizar o motorista comum. “O fiscal de tr�nsito � quem verifica a situa��o dos t�xis, mas n�o pode fazer nada contra os carros que entram nos nossos espa�os e nos impedem de trabalhar. A PM e a Guarda Municipal t�m poucos agentes para o servi�o”, considera.
Quanto � redu��o do n�mero de puni��es administrativas, o sindicalista aponta como causa a conscientiza��o dos motoristas, cientes de que n�o podem repetir tr�s vezes infra��es de uma mesma categoria, o que resultaria em suspens�o. “O nosso c�digo � muito duro e aplica penalidades que s�o do C�digo de Tr�nsito Brasileiro, como a falta de uso do cinto de seguran�a. Isso n�o deveria ser puni��o administrativa”, considera.
Consultada, a assessoria de imprensa da BHTrans informou que ontem n�o haveria quem pudesse falar sobre o assunto. Em nota, a empresa acrescentou que faz “rigoroso acompanhamento da qualidade do servi�o prestado nos t�xis”. A fiscaliza��o em campo � feita por 400 agentes. “Reclama��es da popula��o registradas no telefone 156 ou no portal www.bhtrans.pbh.gov.br tamb�m norteiam a fiscaliza��o em campo e as vistorias.”
