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Estado de Minas

Igreja em S�o Br�s do Sua�u� abriga pe�as feitas por irm�o de Aleijadinho

Barroco mineiro teve outros "Aleijadinhos". Conhe�a as obras deixadas por eles


postado em 22/12/2013 06:00 / atualizado em 22/12/2013 08:01

São Sebastião, peça do irmão de Aleijadinho, Padre Félix, conservada em igreja de São Brás do Suaçuí(foto: Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press)
S�o Sebasti�o, pe�a do irm�o de Aleijadinho, Padre F�lix, conservada em igreja de S�o Br�s do Sua�u� (foto: Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press)
S�o Br�s do Sua�u� – A chuva forte da tarde de sexta-feira, com raios e ventania, mostrou que a igreja matriz da primeira metade do s�culo 18 dedicada ao padroeiro S�o Br�s est� bem protegida. Periodicamente, o titular da par�quia, padre L�cio �lvaro Marques, faz revis�o no telhado para evitar infiltra��es, como tamb�m nos sistemas el�trico e de seguran�a. Tudo isso para garantir a tranquilidade dos fi�is e conserva��o do acervo, que tem pe�as atribu�das a Padre F�lix, filho do mestre de obras e louvado (perito) portugu�s Manuel Francisco Lisboa e irm�o de Aleijadinho.

Entusiasmado, o restaurador e historiador Carlos Magno Ara�jo mostra as imagens de S�o Sebasti�o e S�o Benedito, num altar, e a de S�o Sebasti�o, em outro. “Pesquisei o assunto durante muito tempo at� chegar a uma conclus�o. O trabalho do Padre F�lix n�o tem a express�o art�stica e a qualidade do acervo deixado por Aleijadinho, mas precisava ser pesquisado e identificado.” Segurando a imagem de S�o Sebasti�o, padre L�cio revela que a atribui��o s� valoriza o patrim�nio da igreja, pois “o que era suposi��o agora tem comprova��o por meio de estudos”.

Outro artista presente na igreja � o Mestre do Cajuru, de quem n�o se sabe o nome, apenas a origem portuguesa. Ele atuou em Minas no per�odo joanino (ver abaixo), embora antecipando a linguagem do estilo rococ�. Entre as caracter�sticas est�o os tra�os repetitivos (m�o direita r�gida, nuvens em forma de elos entrela�ados etc.) quase como uma assinatura; uso de figuras alongadas, com cabelos em mechas de delicados fios, sempre voltados para tr�s, caindo �s costas como um rabo de cavalo; e olhos grandes e amendoados, posicionados lateralmente nas faces. O ret�bulo do lado esquerdo (de quem olha para a capela-mor) exibe as imagens de Nossa Senhora do Carmo, Santo Elias e Santa Tereza de �vila; o da direita, Nossa Senhora do Ros�rio; e mais � frente, de S�o Miguel Arcanjo. “As figuras esculpidas pelo Mestre do Cajuru eram longil�neas.”

Nas Gerais do s�culo 18 (ver abaixo) destacaram-se ainda Manoel Jo�o Pereira, que trabalhava com pedra e madeira e retratava os anjos sempre sorridentes; Rodrigo Francisco, especialista em pe�as de terracota e tecido encolado (algod�o enrijecido com cera); Valentim Correia Paes, respons�vel pelas imagens que saem nas prociss�es da semana santa em S�o Jo�o del-Rei; Jos� Coelho de Noronha, autor da talha da Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Caet�, e foi refer�ncia para Aleijadinho; Mestre Oliveira, com acervo na Regi�o Centro-Oeste; Mestre Piranga e Francisco Xavier de Brito.

Nossa Senhora do Rosário, peça atribuída ao Mestre do Cajuru(foto: Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Nossa Senhora do Ros�rio, pe�a atribu�da ao Mestre do Cajuru (foto: Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Sobre o Mestre Piranga, tudo indica que fosse o nome de uma oficina composta pelos portugueses Jos� de Meireles Pinto e Ant�nio de Meireles Pinto, que eram parentes, e Luiz Pinheiro, de quem n�o se sabe a nacionalidade, informa o restaurador e pesquisador Adriano Ramos, de Belo Horizonte. Ele segue, h� anos, as pegadas desses artistas e prepara um livro sobre eles. Mestre Piranga ganhou esse nome pelo trabalho desenvolvido na regi�o do Rio Piranga, afluente do Rio Doce, na Zona da Mata.

Os artistas

Francisco Vieira Servas (1720-1811) – Nascido em Portugal, trabalhou como entalhador e escultor em madeira nas igrejas de Nossa Senhora da Concei��o, em Catas Altas; no Santu�rio do Senhor Bom Jesus de Matosinhos e de Nossa Senhora da Concei��o, em Congonhas; e de Nossa Senhora do Ros�rio, de Mariana. Criou estilo pr�prio na concep��o dos altares, com destaque para um elemento denominado arbaleta (arremate sinuoso) (foto).

Mestre Piranga – Pode ter sido o nome de uma oficina formada pelos portugueses Jos� de Meireles Pinto, Ant�nio de Meireles Pinto e Luiz Pinheiro, de quem n�o se sabe a nacionalidade. Ganhou esse nome pelo trabalho desenvolvido na regi�o do Rio Piranga, afluente do Rio Doce, na Zona da Mata. Deixou obras em Catas Altas da Noruega e v�rias localidades do Vale do Rio Piranga.

Mestre do Cajuru – De origem portuguesa, trabalhou em Minas no per�odo joanino, embora antecipando a linguagem do estilo rococ�. Entre as caracter�sticas est�o os tra�os repetitivos (m�o direita r�gida, nuvens em forma de elos entrela�ados etc.) quase como uma assinatura; uso de figuras alongadas, com cabelos em mechas de delicados fios, sempre voltados para tr�s, caindo �s costas como um rabo de cavalo; e olhos grandes e amendoados, posicionados lateralmente nas faces.

(foto: Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Manoel Jo�o Pereira – Brasileiro, trabalhava com pedra e madeira. A sua �rea de atua��o foi a antiga Comarca do Rio das Mortes, com destaque para as cidades de Prados, S�o Jo�o del-Rei (distrito de S�o Gon�alo do Amarante) e Resende Costa, atualmente na Regi�o do Campo das Vertentes; e Lavras, no Sul de Minas. Como destaque, as figuras humanas, o coroamento do ret�bulo e lavabo da sacristia da Capela de S�o Francisco de Assis, que fica na Igreja de S�o Francisco de Assis, em S�o Jo�o del-Rei. Os anjos s�o sempre sorridentes.

Rodrigo Francisco – Brasileiro. Escultor em terracota, fez tamb�m pe�as em madeira e imagens em tecido encolado (algod�o enrijecido com cera) em igrejas de S�o Jo�o del-Rei, Tiradentes e Prados, no Campo das Vertentes.

Jer�nimo F�lix Teixeira – � autor dos dois altares colaterais do Santu�rio do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, e da portada (entrada principal) da igreja, considerada a primeira em estilo rococ� (foto). A pe�a serviu de inspira��o para Aleijadinho fazer as portadas monumentais que entraram para a hist�ria.

Valentim Correia Paes – Nasceu em Tiradentes. Fez muitas das imagens que saem em prociss�o na semana santa em S�o Jo�o del-Rei, onde viveu durante muitos anos. O seu trabalho ainda � pouco conhecido.

Mestre Oliveira – Trabalhou em Oliveira, Itapecerica e Campo Belo, na Regi�o Centro-Oeste. Deixou um grande acervo nas igrejas. As obras de qualidade art�stica ainda precisam ser estudadas.

(foto: Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press)
(foto: Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Jos� Coelho de Noronha (1704-1765) – Portugu�s. � respons�vel pela talha da Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, em Caet�. Aleijadinho teve Noronha como refer�ncia para sua obra.

Padre F�lix – Irm�o de Aleijadinho. O seu trabalho n�o tem a express�o art�stica e a qualidade do acervo deixado por Antonio Francisco Lisboa e s� agora est� sendo pesquisado.

Francisco Xavier de Brito – Portugu�s. Foi um dos principais nomes do barroco mineiro, tendo sido tamb�m um dos mestres de Aleijadinho. Escultor e entalhador, foi respons�vel pela capela-mor da Bas�lica de Nossa Senhora do Pilar de Ouro Preto e de obras de relev�ncia no Rio de Janeiro.

Fonte: Carlos Magno Ara�jo, restaurador e historiador de S�o Jo�o del-Rei

Mem�ria

Tecido na f�

Em julho de 2010, o EM destacou o trabalho do escultor Rodrigo Francisco que dominou nas Gerais do s�culo 18 uma t�cnica rara no Brasil colonial, embora conhecida em pa�ses de coloniza��o espanhola e situados na Cordilheira dos Andes, caso da Bol�via, Peru e Equador. Os restauradores e historiadores Edmilson Barreto Marques e Carlos Magno Ara�jo encontraram mais de 40 pe�as na Regi�o do Campo das Vertentes, de autoria de Rodrigo Francisco, das quais a metade produzida em tecido de algod�o. A identifica��o contou com a refer�ncia de um documento, datado de 1753, com o nome do artista, que atestava o pagamento pela execu��o da imagem de S�o Joaquim da Matriz de Santo Ant�nio, em Tiradentes. Na �poca, o recibo foi encontrado pelo pesquisador Olinto Santos Filho, do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan).


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