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Estado de Minas

'H� riscos de novos desmoronamentos', diz Defesa Civil sobre rua do Bairro Cruzeiro

Construtora fez parte de cons�rcio de shopping no Anchieta, que, por problemas estruturais, deixou 28 fam�lias desalojadas em 2010. Ontem, muro caiu e Rua Cabo Verde afundou mais. Tr�s pr�dios est�o interditados


postado em 27/12/2013 00:12 / atualizado em 27/12/2013 11:38

Pedro Ferreira


Laudo da Defesa Civil e bombeiros interditou três prédios vizinhos à obra depois que muro de arrimo não suportou pressão da terra encharcada e ruiu, levando parte da rua (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press.)
Laudo da Defesa Civil e bombeiros interditou tr�s pr�dios vizinhos � obra depois que muro de arrimo n�o suportou press�o da terra encharcada e ruiu, levando parte da rua (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press.)

No dia em que o muro de arrimo em uma obra da Rua Cabo Verde, no Bairro Cruzeiro, Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, desabou, causando o afundamento de metade da rua e colocando tr�s pr�dios em risco, surgem pol�micas envolvendo o nome da empresa apontada como respons�vel pela situa��o. A Edifica Empreendimentos, Arquitetura e Engenharia integrou o cons�rcio condenado pela Justi�a pelo deslocamento de terra na edifica��o de um shopping no Bairro Anchieta, que abalou a estrutura de cinco pr�dios em 2010 e deixou 28 fam�lias desalojadas. Anos antes, em outra obra da empresa, no Bairro Sagrada Fam�lia, Regi�o Leste, tamb�m houve deslocamento do muro de arrimo e uma casa vizinha foi atingida.

Na Rua Cabo Verde, 16 fam�lias – 44 pessoas – est�o desalojadas ap�s a interdi��o de tr�s pr�dios vizinhos � obra. Ontem, elas foram levadas para um hotel na Avenida Afonso Pena, no Anchieta, com despesas pagas pela Edifica. “Nem todas as fam�lias quiseram ir para o hotel”, informou um dos s�cios da empresa, Gustavo Louren�o Valadares Gontijo. Ele ainda justificou que todas as quest�es judiciais envolvendo os pr�dios vizinhos ao Shopping Plaza Anchieta j� foram resolvidas e que a Edifica pagou as indeniza��es devidas. “A nossa construtora era dona de um terreno e fez permuta com o shopping, que era respons�vel pela obra”, disse.

Pela manh�, uma reuni�o entre a Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) e a Edifica definiram uma a��o emergencial. A construtora tem de sete a dez dias para fazer um trabalho de conten��o do terreno, que amea�a ceder ainda mais e levar junto tr�s pr�dios vizinhos. “H� riscos de novos desmoronamentos se continuar a chover”, alertou o coordenador da Comdec, coronel Alexandre Lucas.

O trabalho de conten��o come�ou ontem mesmo. V�rios caminh�es despejaram pedras no buraco cavado pela construtora onde ser�o constru�dos tr�s n�veis de garagem subterr�nea. A empresa vai tentar estabilizar o terreno colocando pedra, areia e outros materiais para drenar a �gua da chuva. “V�o tentar reconstruir o talude para conter essa eros�o da rua e evitar que afete a estrutura dos pr�dios. O m�todo que eles est�o usando est� errado e vai ter outro tipo de conten��o”, disse o engenheiro civil e perito Lincoln Dias Oliveira, contratado pelos moradores. A metodologia � a mesma adotada no Plaza Shopping para evitar desmoronamento.

EMBARGO Segundo o especialista, os problemas na Cabo Verde come�aram h� um ano e meio. Na �poca, ele foi contratado pela Edifica para fazer um laudo t�cnico. “A obra ficou embargada por seis meses e tivemos v�rias reuni�es no Minist�rio P�blico. Houve um ajuste de conduta para modificar o projeto. Eles abandonaram a estaca cravada e passaram a usar estaca escavada, o que a gente prop�s. Resolveu o problema porque parou de trincar os pr�dios vizinhos e a rua, mas aquela parte do muro que desabou agora j� estava feita antes. Em vez de eles fazerem uma interven��o para refor�ar o muro, eles deixaram como estava”, disse Lincoln. O laudo feito h� um ano e meio j� mostrava que a rua estava trincada. “J� era para ter desabado h� mais tempo se eles n�o tivessem mudado a metodologia depois do ajuste de conduta com o Minist�rio P�blico”, disse o engenheiro.

Ontem, o que sobrou do asfalto da Rua Cabo Verde foi coberto com lona pl�stica, assim como parte do barranco, para diminuir a infiltra��o de �gua no solo, que est� encharcado. A segunda etapa da obra ser� a reconstru��o da rua, que foi totalmente interditada. Gustavo Gontijo acredita que em dois dias come�ar� a providenciar o aterro e que em seis dias tudo estar� pronto, mas vai aguardar o prazo dado, de 10 dias, para uma nova avalia��o por quest�o de seguran�a. Se o laudo for positivo, os moradores retornam para suas casas, segundo ele.

Dia de mudan�a para desocupar pr�dios

Os moradores dos tr�s pr�dios interditados passaram o dia de ontem fazendo mudan�a. Pouco depois do desabamento, �s 5h30, o Corpo de Bombeiros anunciou a interdi��o do Edif�cio Andrea, no n�mero 308, que faz divisa com o terreno em obras. O pr�dio tem quatro pavimentos e um apartamento por andar. Todas as unidades est�o ocupadas e t�m 16 moradores, segundo o s�ndico, o auditor de empresas Ademir Chagas de Oliveira, de 60 anos. Por volta das 10h, o coordenador da Defesa Civil municipal, coronel Alexandre Lucas, avisou aos moradores que outros dois im�veis haviam sido interditados. O Edif�cio Tiago, no n�mero 297, tem tr�s andares e seis apartamentos, quatro ocupados, por 12 pessoas, segundo a subs�ndica, a banc�ria Selma Carvalho Costa, 48. J� o Edif�cio Cabo Verde, na esquina com a Rua Muzambinho, tem o mesmo n�mero de andares e apartamentos, com ao menos 16 pessoas.

Alguns moradores foram para casas de parentes e amigos, outros para o hotel pago pela construtora. O funcion�rio p�blico Francisco Porto, de 40, foi o primeiro a contratar caminh�o de mudan�a. Desde o dia 24 ele estava dormindo na casa da m�e. “Ontem retirei minhas roupas e agora vou levar os m�veis. Um amigo nos cedeu um apartamento vazio. J� estamos nos precavendo contra um poss�vel colapso do pr�dio”, contou ele, que mora com a esposa.

Vizinho de Francisco, a aposentada Maria do Carmo Nunes, de 62, estava revoltada. Tremendo, ela se queixou aos gritos em frente ao edif�cio onde mora com um filho, uma filha e o genro. “Ningu�m est� suportando mais a situa��o que estamos vivendo. Estou h� tr�s dias sem dormir, n�o estou me alimentando mais”, disse. “Cad� as autoridades competentes? Por favor, achem uma solu��o para as nossas vidas. Se n�o fizerem nada aqui, o pr�dio vai desabar. Olha a rachadura onde j� est�”, continuou, apontando as fendas no asfalto.

A maior parte das cr�ticas dos moradores se dirige � construtora Edifica, respons�vel pela obra. “Desde o come�o essa obra est� dando problema. Os primeiros sinais de que algo daria errado foi a ruptura do passeio em frente. Fizeram um concerto, aplicaram massa, mas foi apenas um servi�o de alvenaria”, disse o professor aposentado Manoel Alexandre de Souza, de 79, que mora no Edif�cio Andrea e est� alojado na casa de uma filha.

(foto: Artes/Soraia Piva)
(foto: Artes/Soraia Piva)


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