
Os quilombolas est�o com medo. Maria Jos� Soares Prates, de 62, tamb�m exibe as marcas deixadas pelos jagun�os. Segundo ela, dois furos no queixo foram causados por tiros de chumbo. Mas o presidente da Associa��o Remanescente Quilombola das Comunidades Nativas do Arapuim, que engloba o grupo atacado, Valdomiro Alves da Silva, de 70, mostra um cartucho de espingarda de grosso calibre colhido no local das agress�es. “Eles perguntavam para o patr�o se era para atirar na cabe�a ou jogar gasolina e fogo”, disse ele. Segundo os trabalhadores, o grupo ocupou parte da antiga Fazenda Morro Preto por cerca de tr�s anos, mas foi retirado em novembro de 2012 por decis�o de Justi�a. No s�bado, eles voltaram a ocupar o terreno, mas acabaram surpreendidos no dia seguinte pela trucul�ncia dos jagun�os.
A delegada Andr�a Pochmann, da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Meio Ambiente e Conflitos Agr�rios, confirmou que o fazendeiro Jo�o F�bio Dias, o Jo�ozinho (filho do atual propriet�rio da �rea), participou da a��o violenta, na qual 11 pessoas ficaram feridas, duas a tiros. “Os agressores atiraram contra essas pessoas em fuga”, disse a policial, evidenciando a inten��o de matar. H� ind�cios da contrata��o de pistoleiros no Tri�ngulo Mineiro e no Par�, segundo as autoridades, para agredirem os quilombolas.
DESAPROPRIA��O Quem tamb�m acompanha o caso � o procurador de Justi�a Afonso Henrique de Miranda Teixeira, coordenador das promotorias de Conflitos Agr�rios do Minist�rio P�blico de Minas Gerais. Ele ressaltou que a viol�ncia contra o mais fraco nas disputas agr�rias vem de longa data. “Precisamos de uma atua��o firme do MP e do Judici�rio para levar os agressores � cadeia. Pessoas que pegam uma escopeta e d�o tiros nas outras t�m que ser presas”, disse ele. O procurador acredita que � necess�ria a demarca��o das terras dos descendentes de escravos para p�r fim nos conflitos. A Delegacia Regional do Instituto Nacional de Coloniza��o e Reforma Agr�ria (Incra) em Minas informou que uma �rea de 1,8 mil hectares da antiga Fazenda Morro Preto, onde ocorreu a viol�ncia, dever� ter a desapropria��o ajuizada pelo �rg�o dentro dos pr�ximos 15 dias.