
Uma pane no sistema de informa��es do metr� de Belo Horizonte acabou servindo como um teste de fogo para o BRT/Move no segundo dia �til de opera��o do novo sistema. Mais do que cruzamentos invadidos por ve�culos e pedestres ou confus�o por falta de sinaliza��o e orienta��o comuns no dia anterior, bastou a velocidade dos trens do metr� ser reduzida de 60km/h para 25km/h na Linha 1 (Vilarinho/Eldorado) para que milhares de passageiros migrassem pela passarela da esta��o de integra��o S�o Gabriel das plataformas do metr� para as de �nibus. O sistema ficou saturado, com empurra-empurra nos embarques e passageiros deixados para tr�s por falta de lugar nos coletivos. Nessa ter�a-feira, a reportagem do EM testou o desempenho de uma linha de bairro a bairro e de uma que leva at� o corredor exclusivo do Move e constatou que o percurso sem baldea��o � mais r�pido.
Por causa da pane no metr�, a BHTrans teve de disponibilizar mais cinco ve�culos articulados para que as linhas 82 (S�o Gabriel/Savassi) e 83 (S�o Gabriel/Centro), Paradora e Direta, n�o entrassem em colapso. Segundo um especialista consultado pelo EM, nem se o Move estivesse operando com as todas as linhas troncais previstas conseguiria absorver o n�mero de passageiros do metr�.
O defeito no sistema de sinaliza��o do metr� ocorreu em pleno hor�rio de pico, das 7h30 �s 9h15, no trecho entre as esta��es Waldomiro Lobo e S�o Gabriel, informou a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Por causa da dificuldade de orienta��o, os maquinistas tiveram de reduzir a velocidade das composi��es por seguran�a.
Irritados com os atrasos e incomodados pelo abafamento gerado pela redu��o do sistema de ventila��o, que funciona conforme a movimenta��o dos carros, os passageiros que chegaram � Esta��o S�o Gabriel viram no Move uma solu��o. Muitos encontraram a Esta��o Vilarinho com catracas fechadas por correntes, para que mais pessoas n�o entrassem nos trens, e tamb�m recorreram ao Move.
“Tenho de chegar � f�brica onde trabalho �s 8h, mas acho que n�o vou conseguir”, lamentou a oper�ria de confec��o Eliane Aparecida Milit�o, de 38 anos, que aguardava a vez de embarcar no Move. “Aqui est� t�o tumultuado como no metr�. � mais uma op��o, mas n�o est� atendendo”, constatou. Normalmente, ela usaria o metr� pela Esta��o S�o Gabriel para ir de sua casa, no Bairro Nazar�, para o local de trabalho, no Funcion�rios, Centro-Sul da capital.
Por volta das 7h30, a partida de um ve�culo da linha 83D chegou a ser atrasada em cerca de dois minutos porque o excesso de passageiros impedia o fechamento de uma das quatro portas. “Se n�o apertar direito, n�o sai”, avisou um funcion�rio da BHTrans. Coletivos das linhas 82 (Esta��o S�o Gabriel � Savassi, passando pela �rea hospitalar) e 83P (mesmo trajeto da 83D, s� que parando em oito esta��es na Avenida Cristiano Machado) tamb�m sa�am com pessoas at� encostadas nas portas. Filas extensas se formaram nas catracas.

RISCOS O n�mero de passageiros aglomerados nas plataformas foi muito superior ao registrado na segunda-feira e causou riscos, j� que a multid�o acabou se precipitando para a beirada da estrutura, muito perto de onde os �nibus articulados param. O problema � que n�o havia agentes de embarque ou avisos postados antes da linha amarela de seguran�a ao longo da plataforma, que foi ultrapassada como se n�o existisse.
Das janelas dos ve�culos passageiros reclamaram da superlota��o fazendo gestos com os dedos. A grande quantidade de usu�rios, acima do esperado para as tr�s linhas em opera��o, fez com que mais espa�os fossem ocupados nas instala��es ainda em obras, com movimenta��o de maquin�rio pesado, material de constru��o e oper�rios.
Para o especialista em transporte e tr�nsito e professor da Fumec M�rcio Aguiar, mesmo que o Move estivesse em pleno funcionamento, transportando as cerca de 700 mil pessoas por dia, n�o seria capaz de absorver a demanda do metr�. “O BRT � um sistema de m�dia capacidade, que transporta uma quantidade razo�vel de passageiros (cerca de 150), enquanto cada vag�o do metr� chega a transportar 250 pessoas, ou seja, at� 1 mil quando estiver cheio”, calcula.
Mas o teste n�o programado teria servido para conhecer as limita��es do sistema, avaliar a capacidade de resposta operacional e de introduzir mais �nibus em casos extremos. Os cinco carros adicionados pela BHTrans rodaram apenas durante o problema no metr�, segundo a empresa. Logo depois de a situa��o se contornada, a frota voltou a 18 coletivos.
Al�m dos passageiros que n�o haviam conseguido pegar o metr�, o BRT foi procurado por gente que queria ver se o sistema era boa alternativa aos �nibus BHBus.