Na virada da Avenida Get�lio Vargas para a Rua Professor Moraes, na quente tarde dessa ter�a-feira, a articula��o do gigante abriu de um lado, como um fole, e fechou do outro. O movimento arrancou um largo sorriso de Alvim Reis. “Parece mesmo o fole de uma acordeon de 80 baixos.” Ele nem se incomodou com o atraso de pelo menos 15 minutos do bus�o. Pegou a mulher, Maria da Sa�de, pela m�o e subiu os degraus. Saiu do calor de 30 graus para o frescor do ar-condicionado. Sorriu mais quando soube que embarcara no Gonzag�o.
”Engra�ado, n�s sentados aqui e as pessoas, l� fora, olhando como se f�ssemos seres de outro mundo”, diverte-se Maria da Sa�de. Mas ele est� enganada. � aquela coisa, n�, como quando algu�m, no aeroporto cheio, acena para o Reynaldo Cisotto Gianecchini e voc� pensa que � para voc�. As pessoas olhavam, entre curiosas e espantadas, era para a nova estrela do transporte coletivo de BH, o Gonzag�o, oficialmente chamado de Move, que passa arrastado pelo motor de 360 cavalos. O apelido pode at� n�o pegar, nem no tranco, mas o sistema…
“J� colou, nem s� pelo conforto, mas pela rapidez”, diz Valdivino Rodrigues, de 29 anos, ao volante do Gonzag�o n�mero 20477, o mesmo no qual embarcaram Alvim e Maria Sa�de. “Fa�o uma viagem de ida e volta da Esta��o S�o Gabriel ao Bairro Funcion�rios em 55 minutos, uma hora. Naquele l� (e aponta para um Gonzaguinha, o modelo padr�o que passa ao lado) nem em uma hora e meia.” � que o Gonzaguinha n�o goza de privil�gios no tr�fego, como o Gonzag�o. Com Valdivinio, concorda a cobradora Maria de F�tima Luz, de 37.
O Gonzaguinha, barulhento e sacolejante, montado em carroceria de caminh�o, sem ar-condicionado e sem oferecer o menor conforto nos assentos, � s�rio candidato a uma p�gina virada para quem est� na rota do novo sistema. As amigas Aline Nogueira, de 25, e Silvana Souza, de 29, se deliciam com a primeira viagem no Gonzag�o. “Vale s� por esse ar, fresquinho. Aquele outro l� (aponta para o modelo padr�o do outro lado da avenida), neste trajeto, n�o pegamos mais. Ali�s, nem na m�sica gosto tanto do Gonzaguinha como gosto do Gonzag�o”, diz Aline.