
Os temporais desta semana deixaram evidentes problemas no maior pronto-socorro da Am�rica Latina, o Hospital Jo�o XXIII, em Belo Horizonte. O �ltimo deles ocorreu na cobertura do pr�dio da Avenida Alfredo Balena, na regi�o hospitalar da capital, e resultou na inunda��o de pelo menos quatro salas da unidade. Os setores de politraumatizados, reanima��o, raio-x e tomografia foram invadidos pela �gua, que se infiltrou e causou o comprometimento das placas de revestimento t�rmico e ac�stico do teto, feitas com fibras de vidro. Ontem houve vistoria no telhado para atestar as condi��es da estrutura. A assessoria da Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) garantiu que os pacientes est�o sendo atendidos normalmente, mas funcion�rios sustentam que alguns transtornos persistiam e que falhas, principalmente estruturais e hidr�ulicas, v�m sendo registradas h� pelo menos tr�s anos.
No epis�dio desta semana, dois tom�grafos foram atingidos e precisaram secar antes de serem usados novamente. A expectativa � de que at� amanh� a situa��o esteja normalizada. Enquanto isso, pacientes que precisam fazer tomografia est�o sendo levados de ambul�ncia a outros quatro hospitais de BH e, depois do exame, retornam ao HPS. Um v�deo gravado na unidade durante o temporal de ter�a-feira mostra a �gua jorrando do teto. Fotos tamb�m revelam a infiltra��o em salas como a de tomografia e de reanima��o, onde partes do forro cederam. A Fhemig informou que houve entupimento nas calhas, fazendo com que a �gua ficasse represada. A press�o sobre o telhado teria contribu�do para que algumas placas que cobrem as salas n�o suportassem o peso e cedessem, abrindo buracos e fazendo com que as salas fossem alagadas.
Na manh� de ontem as salas foram higienizadas e placas foram repostas para recompor a cobertura do setor de exames de imagem e do atendimento de urg�ncia. A Fhemig informou que a chuva da tarde n�o causou novos transtornos, mas enfermeiros garantiram que a �gua voltou a pingar do teto.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Hospitais do Estado de Minas Gerais (Asthemg) Carlos Augusto dos Passos Martins informou que trabalhava no Jo�o XXIII no momento do incidente, anteontem. “A sorte � que n�o havia pacientes. Para n�s ficou evidente que n�o h� um programa de conting�ncia. N�o temos como acionar um determinado setor para tomar provid�ncias e evitar o agravamento da situa��o. Ficamos sem saber o que fazer, com medo de curto-circuito”, sustenta.
Martins afirma que em 2012 o teto cedeu na sala de emerg�ncia cl�nica. No fim do ano passado, no ambulat�rio 6, diz, tamb�m houve infiltra��o na parede. O sindicalista alega que s�o constantes tamb�m interdi��es em banheiros, devido a entupimentos, e que pisos trocados recentemente precisaram ser repostos algumas vezes.
V�deo mostra alagamento em uma das salas
A �ltima grande reforma do HPS foi conclu�da em 2012, depois de oito anos de obra. Foi a maior interven��o desde a inaugura��o da unidade, em 1973, e custou R$ 51 milh�es. A Fhemig negou que a equipe de engenharia tenha demorado a chegar ao HPS ap�s o incidente relatado pelos funcion�rios. A assessoria informou que os profissionais sa�ram imediatamente da sede da funda��o, na Avenida �lvaro Celso, tamb�m na regi�o hospitalar, acompanhados de integrantes de toda a dire��o do hospital. Acrescentou que, em rela��o aos banheiros, est�o em constante manuten��o, por causa do grande n�mero de pessoas que frequenta a unidade. Disse ainda que as reclama��es sobre o piso n�o procedem.
Sobre o epis�dio de 2012, a funda��o confirmou que houve rompimento de um cano de �gua, mas sem atingir pacientes, que foram removidos para outra sala. Em rela��o ao epis�dio do ano passado, a assessoria relatou que os doentes foram levados para outro setor. Houve interdi��o do local durante um dia, pois foram necess�rios reparos em um encanamento que passa pelo posto de enfermagem.

ELEVADOR Um dos principais recursos para apressar o atendimento a pacientes graves est� parado no HPS: um elevador constru�do especialmente para transportar quem chega de helic�ptero ao hospital, no quarto andar, direto at� a sala de politraumatizados. Segundo o sindicato dos trabalhadores, o equipamento est� parado por n�o atender a normas t�cnicas que exigiriam sa�das em todos os andares, para serem usadas em caso de pane. Segundo a entidade, no segundo e no terceiro pavimentos n�o h� portas.
A Fhemig rebateu a informa��o, dizendo que n�o � obrigat�rio haver sa�da em todos os andares. Sem esclarecer os motivos, a funda��o informou que o elevador n�o est� sendo usado porque foi feita op��o por outro equipamento que faz o atendimento regular no hospital. Quando uma v�tima chega ao heliponto, a aparelhagem � reservada exclusivamente para atend�-la.