V�rzea da Palma – Eles moram em casas em p�ssimas condi��es – a maioria em barracos de lona –, n�o t�m acesso � energia el�trica e ao telefone celular. N�o disp�em de saneamento b�sico e sofrem restri��es at� mesmo do sagrado direito de ir e vir. Essas s�o as condi��es miser�veis enfrentadas pelos moradores da Ilha do Boi, no meio do S�o Francisco, abaixo da foz do Rio das Velhas, no munic�pio de V�rzea da Palma, perto de Pirapora, Norte de Minas.
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Pedro e os demais ocupantes da ilha t�m a renda cada vez menor, pois a quantidade de peixes no rio diminuiu consideravelmente. No �ltimo ano, as planta��es foram destru�das pela seca. Essa situa��o fez com muitos moradores ficassem sem ocupa��o, em dificuldade. Os ilh�us n�o disp�em de equipamento de irriga��o e dependem da chuva, que faltou nos primeiros quatro meses do ano. A escassez de chuva reduziu o n�vel da �gua do “bra�o” do rio que separa a ilha da terra firme. Algumas partes j� est�o secas.
Pelo menos metade dos ocupantes da ilha � formada por agricultores, que tamb�m s�o pescadores profissionais. Por essa condi��o, durante os quatro meses do per�odo da piracema (novembro a fevereiro), quando a pesca � proibida, o “defeso” (seguro) de um sal�rio m�nimo pago aos pescadores ajuda na manuten��o das fam�lias. Passada a piracema, retornam as dificuldades. � quando falta dinheiro at� para a alimenta��o.
Os moradores da ilha enfrentam outra barreira para vender o parco pescado e o que produzem nas hortas e para ir ao com�rcio comprar alguma coisa ou em busca de atendimento m�dico. Para se deslocar at� o distrito de Barra do Guacu�, o n�cleo urbano mais pr�ximo, s�o obrigados a navegar mais de 10 quil�metros pelos rios S�o Francisco e Velhas.
Eles poderiam ir por uma estrada de terra que passa em frente � ilha. Teriam que atravessar de barco apenas o bra�o do Velho Chico e fazer o restante do percurso de carro. Mas, segundo a presidente da Associa��o de Pescadores e Agricultores da Ilha do Boi, Valdete do Carmo Oliveira, os moradores n�o podem us�-la porque o dono da fazenda na margem do rio, em frente � ilha, trancou com cadeados seis cancelas ao longo da estrada. “As chaves ficam com o gerente, que s� permite a passagem de pessoas em apenas uma parte do dia”, diz Valdete.
A moradora Maria do Carmo Souza, de 60, lamenta o preju�zo causado pelas cancelas trancadas. “Quando conseguimos um barco para transportar um ou dois sacos de feij�o ou milho, a gente vende. Mas, normalmente, as coisas ficam aqui sem vender por falta de transporte”. Ela reclama tamb�m do pre�o da gasolina que move o motor dos pequenos barcos.