
O controle da popula��o de capivaras n�o � problema exclusivo da Lagoa da Pampulha, onde a Prefeitura de Belo Horizonte peleja para retirar 250 animais de seu entorno. Pelo menos 15 processos correm no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) relacionados � prolifera��o do mam�fero em Minas Gerais. Al�m da Pampulha, os casos se espalham em condom�nios fechados e munic�pios pr�ximos a ambientes aqu�ticos, h�bitat dos maiores roedores do mundo. O fen�meno preocupa autoridades, uma vez que, al�m de trazer risco de acidentes de tr�nsito, a capivara pode servir de reservat�rio da bact�ria causadora da febre maculosa, transmitida ao homem pelo carrapato-estrela. Como mostrou ontem o Estado de Minas, a prefeitura instalou placas avisando sobre a ocorr�ncia do carrapato em parque ecol�gico na Pampulha, para alertar sobre o perigo.
Os munic�pios de Ponte Nova, na Zona da Mata, Divin�polis, na Regi�o Centro-Oeste, e Sete Lagoas, na Regi�o Central, tentam fazer o acompanhamento e controle dos roedores. O desafio tamb�m est� presente em condom�nios como o Alphaville, �s margens da Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, o Canto das �guas, em Rio Acima, e o Nossa Fazenda, em Esmeraldas, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Todos contam com processos em curso no Ibama relativos � elabora��o do plano de manejo de capivaras, estudo que caracteriza a popula��o dos animais e tra�a as a��es de controle.
“Essa � uma situa��o comum em v�rios locais, pois a capivara se reproduz bem em ambientes urbanos onde tenha alimento e �gua � disposi��o e, nessas �reas, n�o encontra predador (o mais comum � a on�a-pintada)”, afirma o analista ambiental do Ibama Junio Augusto Silva. Geralmente, os animais chegam � �rea urbana por meio dos cursos d’�gua. Em Ponte Nova, uma popula��o de cerca de 40 indiv�duos vivem pr�ximos ao Rio Piranga, que corta a cidade. Eles j� provocaram acidentes.
H� cerca de tr�s anos, uma batida entre uma capivara e um carro levou o Minist�rio P�blico (MP) a exigir, por meio de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que o munic�pio tomasse provid�ncias. “Foi por isso que contratamos o plano de manejo. Vamos levantar a popula��o e levar os animais para o Parque Natural Municipal Tancredo Neves”, afirma o assessor de servi�os urbanos e meio ambiente da Prefeitura de Ponte Nova, Jos� Roberto Rosado. O plano come�ar� a ser elaborado no pr�ximo m�s, a contragosto de parte da popula��o. “Muita gente � contra a retirada das capivaras, pois s�o uma atra��o”, reconhece.
Nova Lima
Faz dois anos que a Associa��o Geral Alphaville Lagoa dos Ingleses, que re�ne condom�nios e com�rcio da regi�o, procurou o Ibama para saber como tratar dos animais. A entidade j� identificou 15 capivaras que ficam pr�ximas ao espelho d’�gua e a pista de caminhada. “Estamos bastante preocupados com a quest�o da Pampulha e vamos querer remover os animais, pois eles n�o trazem benef�cio nenhum”, afirma o diretor-presidente da associa��o, Ab�lio dos Santos. O representante do Alphaville se refere � instala��o de placas a cada 50 metros no Parque Ecol�gico Promotor Francisco Jos� Lins do Rego, na orla da Lagoa da Pampulha, alertando que a “�rea � sujeita � ocorr�ncia de carrapatos”. A �rea verde � ponto de concentra��o das capivaras, que podem servir de reservat�rio da bact�ria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa. A doen�a � transmitida para o homem pelo carrapato-estrela.
Em fevereiro, a Funda��o Ezequiel Dias (Funed) confirmou a morte de um jovem de 20 anos por febre maculosa. A v�tima havia passeado de bicicleta na orla da Pampulha. Segundo a Secretaria Municipal de Sa�de, o caso ainda est� em fase de investiga��o. “Nos �ltimos tr�s anos, tivemos tr�s casos de febre maculosa e nenhuma confirma��o de que foram provocados por carrapato em capivara da Pampulha”, afirma o vice-prefeito D�lio Malheiros, que acumula o cargo de secret�rio de Meio Ambiente. Amanh�, ele vai ao parque.
A m�dica Virg�nia Zambelli, da Sociedade Mineira de Infectologia, afirma que o risco de transmiss�o da doen�a existe, mas n�o v� motivo para p�nico. “� melhor evitar ficar pr�ximo das capivaras e em contato com a grama. Para o carrapato transmitir a doen�a, ele precisa estar contaminado e ficar de quatro a seis horas fixado ao corpo”, afirma. Al�m das capivaras, cavalos e c�es s�o hospedeiros comuns da bact�ria da febre maculosa. A orienta��o � procurar atendimento m�dico em caso de sintomas como febre, dores de cabe�a e no corpo e manchas avermelhadas.
Animal pode pesar 100kg
A capivara � o maior roedor do mundo, medindo at� 1,30m de comprimento e 0,60m de altura. Pode chegar a 100kg, mas seu peso m�dio � de 50kg para f�meas e 60kg para machos. Vivem, normalmente, em grupos de dois a 30 indiv�duos, em que h� sempre um casal dominante. Herb�voro, o animal consome de tr�s a quatro quilos de vegeta��o fresca por dia. Reproduz-se a partir dos dois anos. A capivara pode servir de reservat�rio da bact�ria causadora da febre maculosa, transmitida ao homem pelo carrapato-estrela. Os sintomas se confundem com os de outras infec��es: febre alta, dor no corpo, dor de cabe�a, falta de apetite e des�nimo, seguidos do surgimento de manchas avermelhadas na pele, que crescem e tornam-se salientes. N�o h� vacina. O tratamento, com antibi�ticos, precisa ser administrado no per�odo inicial da doen�a.