
A bola vai rolar no gramado, e os torcedores j� entraram na contagem regressiva. A um m�s da Copa do Mundo, Belo Horizonte ainda faz ajustes para receber visitantes brasileiros e estrangeiros. No olhar dos turistas, os desafios ainda s�o muitos e v�o de sinaliza��o inadequada ou inexistente � falta de informa��o. Mas para passar boa impress�o e melhorar a estrutura atual, setores de turismo e servi�os investem em iniciativas para atrair os f�s do futebol e garantir a comunica��o com quem fala outra l�ngua.
“A principal demanda � o circuito de Oscar Niemeyer, na Pampulha. Os turistas querem ver o paisagismo e as obras, mas � um local que tem dificuldade de sinaliza��o”, afirma Andreza. Outra quest�o delicada, segundo ela, � a sensa��o de inseguran�a que os visitantes t�m: “Eles n�o se sentem seguros de ir de um atrativo para outro a p�, porque aqui n�o � como o Rio de Janeiro, que voc� anda pela orla e v� um policial parado a cada esquina”.
Estudante colombiano, Carlos Madrid, de 25 anos, est� em BH desde mar�o para um interc�mbio social e ficar� at� o Mundial para ver de perto a sele��o de seu pa�s. Semana passada, ele, a namorada, uma amiga colombiana e outra colega italiana passearam pela Pampulha. Para o jovem, informa��o � a pe�a-chave do problema em BH.

“O turista pode encontrar muitas coisas aqui, mas faltam informa��es. Recebemos um guia tur�stico da cidade sem muitos itens e apenas com um mapa do per�metro da Avenida do Contorno. Se precisar ir a qualquer outro lugar, n�o h� refer�ncia”, diz. “As ruas s�o todas sem placa e as pessoas n�o sabem o nome delas, o que complica bastante”, afirma. Carlos, natural da cidade de Medel�n, refer�ncia em transporte p�blico, considera ainda que o sistema de BH precisa melhorar. E alerta para os pre�os dos t�xis e da hospedagem durante o Mundial.
Turistas de Recife (PE), o analista Frederico Cavalcante de Andrade, de 57, e a mulher dele, C�lia Maria Sobreira, de 54, passaram quatro dias na capital. “O aeroporto � terr�vel e um p�ssimo cart�o de visitas. Mas tivemos a impress�o de que as obras da cidade est�o bem mais adiantadas que em Recife”, disse Frederico. J� C�lia elogiou o sistema de transporte r�pido por �nibus, o BRT/Move. “Pegamos um coletivo em frente ao Ouro Minas e paramos no Mercado Central. � uma dist�ncia consider�vel e foi r�pido”, disse.

Basta clicar numa das bandeiras, escolher o idioma e teclar o que se quer saber. Do lado dos lojistas, idem: responder em portugu�s e pedir a tradu��o para o idioma do cliente. “Al�m de atender o turista, vamos auxili�-lo a conhecer a cidade”, afirma o superintendente do mercado, Luiz Carlos Braga. Tamb�m at� o fim do m�s, a entrada da Avenida Augusto de Lima receber� as bandeiras dos 32 pa�ses participantes da Copa.
Do lado de bares e restaurantes, o presidente da associa��o brasileira que representa o setor (Abrasel), Fernando J�nior, afirma que as provid�ncias j� foram tomadas. Ele destaca que os festivais gastron�micos e aqueles envolvendo os bares da capital contribuem para a elabora��o de pratos novos e refor�am o peso das comidas tradicionais do estado. Card�pios traduzidos para outras l�nguas e o aprendizado de palavras-chave para entender o que o fregu�s estrangeiro pede foram os principais investimentos no setor, respons�vel por 50% da m�o de obra e 40% do produto interno bruto (PIB) que gira no setor de turismo. “Todos os turistas est�o dentro dos nossos estabelecimentos, seja o estrangeiro ou o parente do interior. N�o temos atra��o tur�stica em termos de local, mas de sabores e sensa��es”, ressalta.
Muitas op��es na Pra�a da Liberdade
Um dos destinos preferidos dos turistas em Belo Horizonte, o Circuito Cultural Pra�a da Liberdade prepara eventos especiais para a Copa do Mundo. No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a programa��o de fim de semana do Projeto Educativo, com v�rias a��es para atrair espectadores e formar p�blico, ser� oferecida de segunda a sexta-feira, a partir de 12 de junho. S�o elas: conta��o de hist�rias, visita teatralizada (nela, educadores percorrem os andares do centro cultural incorporando personagens que t�m rela��o com a cidade), laborat�rios de experimenta��o para trabalhar texto e corpo e a Esta��o Boemia (hist�rias de BH da d�cada de 1950). A exposi��o Resistir � preciso, sobre a ditadura, que ser� aberta dia 21, � outra atra��o.

De acordo com o gerente de programa��o cultural e a��es educativas do CCBB, Vander Andr� Ara�jo, o centro se prepara desde sua inaugura��o para o recebimento de turistas. “� uma acessibilidade completa, pois temos atendentes e educadores bil�ngues em ingl�s e em libras. Temos a preocupa��o de atender todos os p�blicos, seja estrangeiro ou deficiente”, relata. Ara�jo destaca que receber as equipes do Festival Internacional do Teatro (FIT) tamb�m tem sido um treinamento para quando a bola rolar. “S�o pessoas do mundo inteiro vindo aqui almo�ar. � importante as equipes terem esse contato, � enriquecedor”, destaca.
No Memorial Vale, a estrat�gia foi definir uma programa��o com o tema do momento: o futebol. “O p�blico que vem para o Mundial quer futebol e festa. H� pesquisas mostrando que n�o v�o a museus, por isso, adaptamos nossa programa��o”, afirma o gerente do local, Wagner Tameir�o. Uma das atra��es ser� a exposi��o Futebol: som e paix�o, uma parceria com o Estado de Minas. A mostra re�ne imagens de grandes dribles e jogadas dos arquivos do jornal e da revista O Cruzeiro. A exposi��o vai ocupar as duas galerias de mostras tempor�rias, localizadas no quarto andar do memorial. Paralelamente, haver� rodas de bate-papo sobre futebol e Copa do Mundo.
A VEZ DA V�RZEA No espa�o do caf�, o futebol amador tamb�m ter� vez. O esporte do povo, dos campinhos de v�rzea e da praia est� retratado nas lentes de v�rios fot�grafos. No hall e na escadaria, camisas 10 customizadas por estilistas e marcas de renome do pa�s. O memorial tamb�m vai abrigar a quinta edi��o do Festival de Cinema de Futebol, o Cinefoot. Em cartaz estar�o curtas e longa-metragens dedicados ao esporte e a seus personagens. Educadores com flu�ncia em ingl�s e espanhol est�o preparados para as visitas guiadas. “Esperamos um aumento de 50% no nosso p�blico”, diz Tameir�o. (JO)