
Belo Horizonte tornou-se capital simb�lica da Col�mbia na �ltima semana. Depois de um jejum de 16 anos sem participar de Copas do Mundo, cerca de 30 mil colombianos desceram em peso para a capital mineira, com ou sem ingressos, para acompanhar a estreia da sua sele��o no Mineir�o. Sentiram-se em casa. Elogiaram a hospitalidade, a comida t�pica e relataram familiaridade com o clima ameno e as montanhas, semelhantes aos de Medell�n – tida como uma das cidades mais belas e organizadas da Col�mbia. � vontade em Belo Horizonte, fizeram tamb�m cr�ticas construtivas e deixaram sugest�es para a cidade, em especial sobre transporte, atendimento em outros idiomas e pequenos ajustes de estrutura.
Com uma fita tran�ada na altura da testa, nas tr�s cores da bandeira do seu pa�s, a arquiteta Paula Marizales elogiou BH, enquanto degustava uma farofa, regada a cerveja, em um restaurante na Savassi. “� uma cidade culta e limpa, que se parece com Medell�n”, comparou. A colombiana n�o se importou de interromper o almo�o para conversar e arriscou imitar o sotaque mineiro ao agradecer a entrevista. “Muito obrigada a oc�!”, disse. Na mesa ao lado, o analista de sistemas brasileiro Jo�o Gabriel Costa Rocha, de 36 anos, casado h� dois com a colombiana Claudia Gonz�lez, explicava que a cordialidade � caracter�stica do povo colombiano. “� cultural deles. Soa como ofensa deixar de cumprimentar algu�m”, contou ele, enquanto sua esposa oferecia gentilmente um pirulito “rojo, de fresa” (vermelho, de morango).
Ajustes
Sem reparos � hospitalidade – houve colombianos que relataram ter contado com a ajuda de brasileiros para evitar se perder ou fazer caminhos mais longos e demorados –, turistas fizeram avalia��o sobre servi�os e a estrutura da cidade. Para o contador Gustavo Ram�res, de 52, o sistema de transporte p�blico se assemelha ao de Medell�n, que conta com BRT h� mais de 10 anos. Ele considera que o sistema precisa de constante amplia��o e poderia contar com mais linhas. “L�, como aqui, ainda n�o � suficiente para absorver todo mundo”, avaliou. O projeto do BRT em Belo Horizonte prev� amplia��o do sistema para outro corredores.
Segundo o contador, as passagens s�o mais caras em BH, assim como as corridas de t�xi. Por outro lado, Ram�res elogiou as ruas largas e “boas para caminhar” das regi�es da Savassi e Centro, que lembram bulevares e priorizam o conforto dos pedestres. Por sua vez, o metr�logo colombiano Jairo Duque, de 50 anos, ressalvou que esperava que mais belo-horizontinos que trabalham no atendimento a turistas falassem outros idiomas. “Nos restaurantes, os atendentes falam pouco espanhol. � preciso falar bem devagar e suave para que nos entendam”, disse. Em seguida, como se estivesse arrependido de criticar os mineiros, Duque se emenda. “Apesar disso, s�o todos muito am�veis.”
Em rela��o � estrutura para receber turistas, o administrador de empresas Luiz Florez, de 25, sugeriu a instala��o de mais banheiros p�blicos. “Estamos em um Mundial, uai! N�o entendo como podem faltar banheiros p�blicos na cidade”, disse ele, um dos milhares de colombianos que fizeram da Savassi ponto de encontro desde a noite de sexta-feira.
Mineiros aprovam visitantes
O Mercado Central, centro comercial horizontal mais famoso do hipercentro, ganhou um amarelo diferente, estrangeiro, no domingo de compras e passeio. A alegria dos colombianos arrebatou simpatizantes de todas as idades nos corredores de bancadas. Lucas Gabriel, de 10, fez muita festa para os torcedores visitantes e pediu at� para a m�e fazer fotografias dele com os novos amigos. “Gostei muito da Col�mbia. Vou torcer para os colombianos at� enfrentarem o Brasil.” E a�? Como � que vai ser, Lucas? “1x1. E vamos passar nos p�naltis, depois de muito sufoco”, sorri, saindo do aperto.
Eliza Fonseca, de 44 – a “Lora”, do famoso Bar da Lora –, � outra cheia de boa impress�o dos novos amigos vindos da Col�mbia. “Todos muito alegres, divertidos, educados, muito parecidos com a nossa boa gente brasileira”, diz. Nos �ltimos dias, turistas de l�ngua espanhola estiveram misturados ao povo brasileiro na badalada esquina de bebidas e petiscos. O sucesso de audi�ncia no ponto � a por��o de f�gado com cebola e jil�. Sensa��o do estabelecimento. Mauro Godinho, de 47, curtindo a cervejinha de antes do almo�o, diz n�o ter d�vida da pr�xima viagem de f�rias. “Vou a Medell�n. Esse povo � um barato!”, diz o professor.
Ontem, os colombianos se renderam aos doces, p�o de queijo e a cacha�a de Minas. Maria Ang�lica veio de Bogot� para acompanhar a sele��o do t�cnico Jos� P�kerman. Depois de festejar noite adentro a estreia do time do cora��o no Mundial, acordou cedo e foi experimentar os doces da terra na Regi�o Central. “Temos doces incr�veis na Col�mbia e os daqui s�o excelentes tamb�m”, sorriu.
A geneticista Lorena Sanchez, de 31, estava acompanhada da fam�lia no Mercado Central. Na banca de queijos gra�dos, diz-se encantada com a hospitalidade do belo-horizontino e com a cidade em festa. O marido, Ricardo, tenta decifrar a melhor pe�a da casa mineira. No restaurante mais badalado do quarteir�o coberto, a estrela da mesa foi Mineirinho Valente – prato vencedor do Comida di Buteco 2005 –, com canjiquinha, costelinha, lombo defumado, lingui�a, queijo e espinafre. Segundo Rafael Fabri, de 24, um dos donos do Casa Cheia, o tira-gosto liderou a prefer�ncia colombiana.