O dia mais uma vez foi de diversidade na Savassi, de um lado, pela alegria de turistas de dezenas de pa�ses misturados aos brasileiros. De outro, a presen�a de cerca de 200 manifestantes contr�rios � Copa. A movimenta��o come�ou de manh� com a festa de torcedores belgas e argelinos que seguiam para o Mineir�o, passou pela tens�o com a chegada de centenas de policiais e de manifestantes e terminou em mais festa � noite.

MANH�
Festa cosmopolita
Primeiro, foram os torcedores belgas e argelinos que passaram pela regi�o rumo ao Mineir�o, onde as duas sele��es se enfrentariam a partir das 13h. V�rios aproveitaram para experimentar a fama do caf� brasileiro e o t�o falado p�o de queijo. A alegria de ambas as torcidas era semelhante � de foli�es na primeira noite da Sapuca�, no Rio de Janeiro. Brasileiros que passaram pelo local se encantaram com o espa�o cosmopolita de encontro de gente de dezenas de pa�ses. Enquanto diversos dialetos eram ouvidos nos quatro quarteir�es fechados da pra�a, trabalhadores abriam as lojas para uma jornada mais curta do que a normal. O motivo foi justo: era dia de jogo da Sele��o Brasileira, contra o M�xico. De repente, tens�o, com a chegada da PM e dos primeiros manifestantes, no fim da manh�. Feito o cord�o de isolamento, a paz prevaleceu, apesar de insultos e provoca��es. Enquanto mais torcedores chegavam, um militar passou mal, talvez pelo calor, e precisou se sentar e tomar um pouco de �gua. “Aquela farda, amigo, al�m do peso, esquenta bem o corpo do sujeito”, comentou um transeunte.

TARDE
"Ser� que � perigoso?"
O clima de tens�o aumentou �s 13h10, quando os manifestantes fecharam a Get�lio Vargas e foram cercados pela PM. O forte aparato policial chamou a aten��o dos hondurenhos Miguel Rodriguez, de 35, e Gabriel Caceres, de 32, que pararam para fotografar o cord�o de isolamento. Os dois engenheiros civis sa�ram do pa�s da Am�rica Central e assistiram � partida entre B�lgica e Arg�lia no Mineir�o. “Agora, viemos procurar um lugar para ver o jogo do Brasil. Tem muito policial por aqui, ser� que � perigoso?”, perguntou Miguel em tom de brincadeira. O casal Daniel Yagelovic, 34, e Luciamara Costa, de 30, vestia verde e amarelo e esperava um bom espa�o para torcer pela sele��o. Ao perceberem os manifestantes, n�o viram problemas em dividir o espa�o. “N�o nos causa estranheza, at� porque imaginamos que seria dessa forma”, disse Daniel. “Se acontecer de um jeito pac�fico � v�lido, n�o h� problema algum. O que n�o pode � os v�ndalos se misturarem para promover quebradeira”, afirmou Lucimara, resumindo a opini�o de quase todos os torcedores ouvidos pela reportagem. �s 14h30, milhares de torcedores j� haviam ocupado os quarteir�es fechados. A assistente comercial Cl�udia Guerra levou a filha, Manuela, e se encontrou com amigas. Os bares aproveitaram a quantidade de torcedores no local: as mesas foram ocupadas em poucos minutos. Ambulantes tamb�m lucraram. Eles chegaram com diferentes mercadorias, sobretudo, nas cores verde e amarelo: chap�us, camisas, bandeiras. E, claro, as barulhentas cornetas.
NOITE
Anima��o e susto com homem armado
A festa na Savassi entrou pela noite, mas houve momentos de tens�o. Os brasileiros eram maioria na multid�o, que curtiu m�sicas para todos os gostos, como funk, eletr�nica e samba, com direito at� a uma roda de capoeira. Belgas e brasileiros voltaram a festejar juntos, cantando um “oh, oh, oh” universal. At� a bandeira do Brasil ganhou o vermelho da B�lgica. Os quarteir�es da pra�a foram fechados para a festa Savassi Cultural, que arrecadou alimentos. Por volta das 20h30, o pior momento: o motorista de um Dobl� com placa de Maca� (RJ) tentou atravessar a Pra�a Diogo de Vasconcelos no meio da multid�o, subindo a Avenida Crist�v�o Colombo.

Protesto pac�fico na Pra�a Sete
Resistentes � proposta de protesto na Savassi, cerca de 50 manifestantes se reuniram na Pra�a Sete, no Centro de BH. O grupo, com maioria sindicalista, caracterizou o movimento de quem preferiu protestar na Savassi, inclusive com interven��es art�sticas, de “oba oba”. O protesto come�ou �s 10h e terminou por volta das 14h, acompanhado por cerca de 300 militares. L�deres do movimento Marreta-Liga Oper�ria discursaram com alto-falantes e colocaram fotos na Rua Rio de Janeiro dos 14 trabalhadores que, segundo o manifesto, morreram em acidentes de trabalho em obras do Mundial.
A atua��o da PM recebeu cr�ticas. Militares do Batalh�o de Choque cercaram diversos pontos da pra�a. Muitas pessoas tiveram bolsas e mochilas revistadas, escolhidas conforme um perfil de manifestante definido pela pol�cia. “Geralmente, s�o do estilo ‘Los Hermanos’, ou seja, usam barba”, comentou um policial. Mas mulheres e homens, com ou sem barba, passaram por revista, e nenhum objeto que apresentasse risco foi achado. (Luciane Evans)