
Uns descem de �nibus na rodovi�ria, com mochilas cheias de panelas dependuradas. Outros cochilam dentro do carro na porta da Cidade do Galo, em Vespasiano, na Grande BH, depois de rodar seis mil quil�metros. Apaixonados pela Sele��o Argentina, mas sem ingresso, hospedagem e com pouco dinheiro, torcedores hermanos contrariaram as recomenda��es do consulado do seu pa�s e vieram a Belo Horizonte sem saber onde dormir ou como assistir aos jogos de Messi e cia. amanh�, contra o Ir�, no Mineir�o. Eles podem chegar a 4 mil na capital, se observada a diferen�a entre a �ltima parcial de vendas de ingressos a argentinos para a partida em BH (21 mil) e a proje��o da vinda de 25 mil feita pela Belotur.

Aventura mesmo vive Marcos Balanes, de 29 anos, que tem apenas R$ 150 para gastar at� o fim da Copa – incluindo o retorno at� Ushuaia, no extremo sul argentino. Ele come�ou a viagem de carona em 1º de julho e chegou a Uruguaiana (RS) no dia 6. Seguiu para o Rio e depois para BH de �nibus. “No primeiro jogo, tomei banho no posto de gasolina. Aqui estou usando o banheiro de um centro comunit�rio. Estou dormindo no ch�o. Espero ganhar ingresso, mas, se n�o acontecer, fico feliz pela aventura”, disse.
Dois moradores da cidade de Rafaela (prov�ncia de Santa F�) chamaram a aten��o no desembarque na rodovi�ria de BH ao descer do �nibus um pouco sujos, com mochilas, barracas e utens�lios de cozinha, preparados para acampar na porta da Cidade do Galo tamb�m. “No Rio de Janeiro, dormimos na Praia de Copacabana. Agora, queremos um local para acampar, de prefer�ncia perto da concentra��o”, espera Franco Moietta, de 23. “N�o temos ingresso, ainda vamos tentar. Isso n�o � problema. Se n�o der, vamos � Fan Fest”, garante Daniel Condotto, de 27.
O comerciante Ariel Janin, de 41, que passeava pela Savassi ontem, chegou � cidade no s�bado com dois amigos, um dos quais n�o tem entrada para a partida. “Estamos tentando achar algu�m que revenda”, disse. Segundo ele, o trio, que vive em Buenos Aires, est� hospedado em um hotel.

Seguran�a refor�ada
A presen�a de tantos argentinos sem ingresso e hospedagem preocupa a pol�cia e outras autoridades, por causa dos problemas provocados por torcedores colombianos que tamb�m n�o tinham como entrar no Mineir�o nem onde ficar e acabaram se envolvendo em crimes, como autores ou v�timas. Al�m disso, a possibilidade de invas�o do est�dio por torcedores sem ingresso, como ocorreu duas vezes no Maracan�, levou a um refor�o na seguran�a em BH.
Na madrugada de quarta-feira, a pol�cia prendeu 18 colombianos que faziam arrast�o no Centro. “Essa experi�ncia nos mostrou muitos problemas que as pessoas que chegam sem ingressos, dinheiro ou onde ficar acabam tendo. Mas a Pol�cia Militar est� atenta”, afirma o coordenador do N�cleo de Opera��es e Intelig�ncia da Secretaria Estadual de Turismo e Esportes, coronel Wilson Chagas Cardoso.
O consulado argentino n�o sabe ao certo quantos argentinos estar�o em BH, mas informou que a expectativa de 21 mil da organiza��o da Copa do Mundo corresponde apenas aos que j� compraram ingressos e deve ser ultrapassada. A Belotur estima a vinda de 25 mil. Todos os que procuram informa��es no consulado, no Bairro Funcion�rios, recebem uma cartilha com informa��es b�sicas sobre seguran�a, sa�de, transporte e turismo. Uma das mais importantes recomenda��es � sobre alojamento. “Recomendamos que se reserve alojamento antes de ingressar no Brasil, evitando assim dificuldades e riscos.”
A publica��o tamb�m destaca a import�ncia do ingresso adquirido antes da viagem ao Brasil e o cuidado com o com�rcio negro. “Por quest�es de seguran�a e de prote��o ao consumidor, n�o se recomenda a compra de ingressos nas ruas (cambistas).”
Poucos argentinos procuraram o escrit�rio diplom�tico em BH, mas boa parte dos torcedores deve chegar mesmo hoje. Uma van consular foi preparada para dar apoio aos torcedores e cidad�os na �rea pr�xima ao Mineir�o. O consulado funcionar� em esquema de plant�o no fim de semana.
No domingo, cerca de 20 argentinos invadiram o Maracan� para assistir ao jogo da sua sele��o contra a B�snia. Nove foram detidos. Na quinta-feira, foi a vez de dezenas de chilenos e de pelo menos um argentino repetirem a a��o, sendo que 85 foram presos. Como as duas sele��es est�o sediadas na Grande BH (a argentina na Cidade do Galo e a chilena na Toca da Raposa), os integrantes do Centro Integrado de Comando e Controle, que re�ne as for�as de seguran�a p�blica, se reuniram ontem para discutir refor�o na seguran�a no entorno do Mineir�o.
“N�o foi necess�rio ampliar o efetivo policial dentro do est�dio ou nas �reas vizinhas, apenas refor�ar pontos sens�veis � invas�o de grande n�mero de torcedores”, informou o coronel Cardoso. Para o militar, no entanto, as caracter�sticas do Mineir�o tornam muito dif�cil esse tipo de invas�o. “Pessoas sem ingresso n�o conseguem se aproximar do est�dio. Os check points s�o bem afastados. Por isso, se algu�m corre do local onde s�o conferidos os ingressos, ter� grande dist�ncia a percorrer e acabar� sendo detido pela seguran�a privada ou pela pol�cia”, afirma. (Colaborou Tiago de Holanda)