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Estado de Minas

Moradores de Santo Ant�nio do Monte relatam ang�stia de trabalhar na ind�stria de fogos

"� a �nica coisa que tem", diz funcion�ria de empresa em que explos�o matou 4


postado em 17/07/2014 00:12 / atualizado em 17/07/2014 07:28

Guilherme Paranaiba

Ref�ns da ind�stria de fogos de artif�cio, praticamente a �nica possibilidade de trabalho no munic�pio, respons�vel pela gera��o de cerca de 15 mil empregos na cidade, os moradores de Santo Ant�nio do Monte, no Centro-Oeste de Minas, n�o escondem o temor que os acompanha quando saem de casa e se dirigem para o trabalho di�rio nas f�bricas de bombas, roj�es e foguetes. Ontem, um dia depois da explos�o da Fogos Globo, que causou a morte de quatro oper�rios, a preocupa��o com a ocorr�ncia de mais acidentes era o principal assunto.

H� 15 anos trabalhando na empresa onde ocorreram as mortes, Benvinda Maria da Costa Silva, de 33 anos, reconhece que a empresa se preocupa em seguir padr�es de seguran�a, mas lamenta que quatro companheiras de trabalho tenham sido v�timas da trag�dia. Ela afirma que a popula��o de Santo Ant�nio do Monte n�o tem outra alternativa a n�o ser trabalhar na ind�stria de fogos. "A gente precisa trabalhar e � a �nica coisa que tem. Os produtos qu�micos usados na confec��o de fogos e bombas reagem at� mesmo com a mudan�a brusca de clima, o que cria o risco mesmo se todas as normas forem seguidas", diz ela, relembrando casos em que houve explos�es mesmo � noite na f�brica, sem nenhum funcion�rio manipulando produtos.

Benvinda conta que h� dois anos perdeu um cunhado, quando houve explos�o semelhante na Fogos Estrela. "Completou dois anos em 8 de maio. Lembro na �poca que os mais antigos diziam que esse n�o era o primeiro e muito menos seria o �ltimo acidente a matar trabalhadores do ramo em Santo Ant�nio do Monte", completa.

SEPULTAMENTO
Al�m do medo, a tristeza marcou a manh� de ontem no enterro de duas das quatro funcion�rias que morreram na explos�o de um pavilh�o da Fogos Globo. Maria das Gra�as Gon�alves Siqueira, de 42, e Marli Lucia da Concei��o, de 39, foram sepultadas no Cemit�rio Municipal de Santo Ant�nio do Monte. Inconsol�veis, os parentes ainda tentavam compreender o que havia acontecido. A primeira a ser enterrada foi Marli, �s 10h. O cortejo deu a volta na pra�a em frente ao cemit�rio, antes de seguir para o t�mulo.

Da mesma forma fizeram os familiares de Maria das Gra�as, antes do sepultamento. "A gente procura entender, mas est� dif�cil. N�o d� para imaginar que uma coisa dessas aconte�a na fam�lia da gente. Uma fatalidade que levou minha irm�", diz o frentista e pedreiro Edson Gon�alves, de 39, irm�o de Maria das Gra�as. "Infelizmente, � esse tipo de servi�o que mais d� emprego para nossos moradores e as pessoas precisam do trabalho", afirma Edson.

Diante do clamor causado pela explos�o, o coordenador do Sindicato das Ind�strias de Explosivos no Estado de Minas Gerais, Am�rico Lib�rio, disse que j� est� marcada uma reuni�o entre os empres�rios na semana que vem para discutir o fato. Ele nega que haja um temor entre os funcion�rios. "O trabalhador sabe que se ele fizer tudo corretamente, n�o tem perigo", afirma.

Lib�rio informou que as 79 f�bricas da regi�o de Santo Ant�nio do Monte t�m profissionais capacitados em seguran�a nos locais de manuseio de explosivos e que os funcion�rios tamb�m s�o treinados para atuar de forma segura. "Seguimos � risca uma regulamenta��o que � regida pelo Ex�rcito Brasileiro e, inclusive, temos um posto do �rg�o apenas para isso aqui em Santo Ant�nio do Monte", afirma. Ele considera que houve uma fatalidade. "Nossa ind�stria � centen�ria e emprega e tr�s a quatro mil pessoas diretamente as f�bricas. S�o 15 mil empregos indiretos", completa.

INVESTIGA��ES Ontem, o oper�rio Eleniton Gon�alves, de 19, que sobreviveu � explos�o, foi ouvido pela Pol�cia Civil. O delegado Luc�lio Silva, encarregado das investiga��es, disse que conseguiu informa��es suficientes para a apura��o. "O fogo come�ou no local de trabalho do Elenilton. Ele citou outras pessoas que ainda ser�o ouvidas e podem fornecer mais detalhes", disse o policial. A previs�o � que daqui a 30 dias ele tenha em m�os laudos da per�cia e do Ex�rcito Brasileiro, imprescind�veis para o caso. O jovem ficou mais de tr�s horas na sala do delegado, mas n�o quis falar com a imprensa ap�s deixar a delegacia. Segundo a namorada, Patr�cia Alves, de 24, ele descarregava bombas prontas quando percebeu que o contato entre duas unidades causou um inc�ndio seguido de explos�o.

A reportagem entrou em contato com a empresa, mas ningu�m foi localizado. Ontem, nenhum funcion�rio da empresa trabalhou.

Mem�ria

Tradi��o e muitos acidentes


Santo Ant�nio do Monte tem tradi��o na produ��o de fogos e concentra alto n�mero de acidentes em f�bricas do produto. Em setembro de 2013, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas em explos�o na empresa Polvo. Em maio de 2012, duas pessoas morreram em acidente parecido na empresa Fogos Estrela. Em janeiro de 2011, foram duas mortes em uma f�brica na MG-429, no limite entre Lagoa da Prata e Santo Ant�nio do Monte. Segundo a Associa��o Brasileira de Pirotecnia, no ano 1800 j� havia fabricantes de fogos de artif�cio no munic�pio. Em 1859, os irm�os Joaquim Ant�nio da Silva e Luiz Mez�ncio da Silva (Luiz Macota) come�aram a fabricar roj�es. Ganharam muito dinheiro com a fabrica��o e venda do produto, atraindo o interesse de outras pessoas e dando origem ao polo pirot�cnico que hoje re�ne 79 f�bricas.


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