Minas reafirma a sua import�ncia no cen�rio nacional de arqueologia e paleontologia e tem valorizado o potencial da regi�o c�rstica. Especialistas definem como "espetacular" a descoberta de dois esqueletos sepultados h� 10,8 mil anos na Lapa do Santo, em Matozinhos, na Grande BH, como mostrou com exclusividade ontem o Estado de Minas. O professor de paleontologia da PUC Minas, Castor Cartelle, disse que vibrou ao ler a reportagem. “� um achado fant�stico, que potencializa a riqueza do estado e se torna mais um elemento da Rota Lund”, afirmou Cartelle, se referindo ao projeto que liga o Museu de Ci�ncias Naturais da universidade, no c�mpus Cora��o Eucar�stico, na Regi�o Noroeste da capital, � Gruta do Maquin� e ao Museu Casa Guimar�es Rosa, em Cordisburgo, na Regi�o Central.
Para Ros�ngela Albano, diretora do Centro de Arqueologia Annette Laming Emperaire (Caale), vinculado � Prefeitura de Lagoa Santa e localizado no Centro da cidade, a descoberta vai motivar outras e revelar o vasto patrim�nio de f�sseis existentes na regi�o c�rstica. “Esses sepultamentos antigos v�o levar a novos achados”, observou a diretora, lembrando que as pesquisas v�m desde os tempos do paleont�logo dinamarqu�s Peter Wilhelm Lund (1801-1880), que viveu na regi�o por 45 anos e fez escava��es em cavernas e grutas com resultados de relev�ncia. As escava��es demandam muito tempo e, segundo os especialistas, � um “trabalho de formiguinha”, o que significado demorado, com doses de paci�ncia e delicadeza para n�o danificar os vest�gios encontrados sob a terra (veja o passo a passo).
Riqueza
Do s�tio arqueol�gico Lapa do Santo, saiu o terceiro esqueleto mais antigo do Brasil e dos mais antigos da Am�rica, segundo Strauss. Perto dali, em Lagoa Santa, foi encontrado em 1975 o cr�nio da que seria a primeira mulher da Am�rica, Luzia, que � de 11,4 mil anos e que est� exposto no Museu Nacional, no Rio de Janeiro. “A atual descoberta mostra que n�o se trata de parte do ‘povo de Luzia’, mas de integrantes do Homem de Lagoa Santa, conforme os estudos de Lund”, explicou.
A gerente de Unidades de Conserva��o do Instituto Estadual de Florestas (IEF), vinculado � Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), considerou a descoberta dos f�sseis “grande riqueza”, que se transforma em hist�ria e conhecimento, com repasse para os visitantes e interessados em conhecer a Rota das Grutas ou Rota Lund.
Passo a passo
Escava��es podem demorar d�cadas e obedecem a um passo a passo permeado de muito trabalho, paci�ncia e delicadeza. Conhe�a algumas etapas:
1) Inicialmente, � feita uma limpeza minuciosa da �rea e defini��o do local da escava��o
2) O trabalho come�a com raspagem lenta dos sedimentos. A ferramenta usada � colher de pedreiro
3) O terreno � todo esquadrinhado. � medida que vai descendo (na terra), o especialista vai fazendo a interpreta��o das camadas de sedimento. Nessa “leitura”, ele vai verificar a ocorr�ncia de vest�gios arqueol�gicos
4) Ao aparecer algum material, a exemplo de esqueleto, o profissional passa a trabalhar com pinc�is e pin�as, instrumentos bem leves, para n�o gerar impactos na �rea
Material vai para a USP
“Como sempre acontece, o material escavado est� indo para o laborat�rio do professor Walter Neves, na Universidade de S�o Paulo (USP), de quem j� fui aluno”, disse ontem o antrop�logo paulista Andr� Strauss, do Instituto Max Planck, da Alemanha. Em 2011, Strauss assumiu a coordena��o do projeto, que havia se iniciado 10 anos antes com a descoberta do s�tio arqueol�gico Lapa do Santo, em Matozinhos, onde trabalham cerca de 40 pessoas de diversas �reas do conhecimento.