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Estado de Minas

M�sico supera perda da vis�o por meio da arte

Na �ltima reportagem da s�rie, acompanhe a trajet�ria do m�sico que superou a perda da vis�o e de parte da audi��o, al�m de vencer um c�ncer, para brilhar nos palcos de Minas


postado em 27/08/2014 00:12 / atualizado em 27/08/2014 08:43

Iluminado pelo talento com o violão e pela vontade de vencer, o músico Evaldo Leoni Nogueira diz ser capaz de ouvir do palco os pedidos de quem assiste aos seus shows:'Dizem que leio pensamentos'(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Iluminado pelo talento com o viol�o e pela vontade de vencer, o m�sico Evaldo Leoni Nogueira diz ser capaz de ouvir do palco os pedidos de quem assiste aos seus shows:'Dizem que leio pensamentos' (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)


Ou�a a narra��o completa da hist�ria de Evaldo



Boa parte da vida de Evaldo Leoni Nogueira, de 56 anos, se passa nos palcos de Belo Horizonte. M�sico, compositor, excelente no trato com o viol�o, o deficiente visual nascido em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, desde os anos 1970 ajuda a escrever a hist�ria da cultura em Minas. Al�m de integrante do grupo Voz e Poesia, ao lado dos atores Luciano Luppi e Ivana Andr�s, Evaldo � tamb�m artista convidado de dois musicais arrebatadores da produ��o local: Morte e vida severina, de Pedro Paulo Cava, e Samba, amor e malandragem, de Kalluh Ara�jo.

O amor � cena vem dos tempos de “m�sico da noite”, no hipercentro, depois de ganhar o p�o como vendedor ambulante de bilhetes de loteria. No Bar do Non�, na esquina de Avenida Amazonas com Rua Tupis, e com o grupo Voz e Poesia, o sucesso veio como Evaldo Leoni. Recentemente, depois de inverno na alma abatida por c�ncer, o m�sico diz ter renascido para um novo tempo. Com Morte e vida severina, curado e influenciado pelo amigo e companheiro de elenco Adilson Magh�, ressurge como Evaldo Nogueira.

“N�o tenho d�vida de que o amor e a minha hist�ria com a arte, o viol�o, a vida no palco foram muito importantes para esse meu renascimento”, diz. A perda total da vis�o � hist�ria triste do passado de quase meio s�culo. O glaucoma de nascen�a apagou o olho direito de Evaldo, com 5 anos. O esquerdo, tr�s anos mais tarde. “Apesar de crian�a, na �poca, lembro-me de absolutamente tudo. As cores… o rosto da minha fam�lia”, recorda.

Sem a vis�o, Evaldo foi para escola especializada no Rio de Janeiro, onde viveu de 1962 a 1972. “L�, estudei m�sica, canto e, aos 12 anos, comecei com o viol�o. Tamb�m toquei teclado, mas n�o gostei da minha atua��o e decidi investir nos instrumentos de cordas”, conta. Na volta a Minas, a fam�lia escolheu Belo Horizonte para viver.

Em 1976, um acidente envolvendo fogos de artif�cio trouxe nova tristeza ao artista. A explos�o de um foguete pr�ximo ao ouvido direito o fez perder 60% da audi��o. Sensorial ampliado pela defici�ncia visual, Evaldo tirou a perda de letra e d� sinais evidentes de que, ainda assim, � capaz de ouvir melhor do que quem tem a vista boa.

Exemplo da incr�vel audi��o do mo�o � o sucesso como m�sico da noite. Evaldo conta sua estrat�gia de “efeito-surpresa”. “Acaba sendo muito natural. Mesmo no palco, executando uma m�sica, consigo ouvir o que as pessoas est�o dizendo. E � muito comum algu�m comentar que gosta desse ou daquele cantor, ou de determinada m�sica. A�, toco a m�sica e a pessoa diz: ‘Ele leu o meu pensamento’”, diverte-se.

Na arte e no amor, muitas alegrias tomam conta de Evaldo. A fala mansa e a educa��o de impressionar ajudam nos la�os firmes da amizade tamb�m em fam�lia. Casado com a carioca Selma Leandro h� 16 anos, o artista n�o esconde a f� de vida para sempre com a companheira, com quem divide o encanto de criar seis filhos.

Ou�a a hist�ria da irm� Clara do Menino Jesus


F� que remove as sombras

Foi triste para as religiosas do Mosteiro Santa Clara, na Regi�o Centro-Sul, saber das l�grimas de irm� Maria Clara do Menino Jesus, de 83 anos, quando perdeu parte consider�vel da vis�o. A dor maior da freira foi saber que, com o agravamento da doen�a de catarata, n�o poderia ver mais o rosto das companheiras. “Ela gostaria tamb�m de acompanhar as ora��es no livro e n�o d� mais conta”, diz madre Fernanda.

De f� inabal�vel, irm� Clara conta que o “sustento” desse novo tempo vem do amor de Jesus. “S� ele. Quando Deus tira a vis�o, ele tira tudo”, diz. Mesmo com a grande dificuldade, a religiosa n�o deixa de participar de nenhuma das atividades do mosteiro, segundo madre Fernanda. Os olhos pequenos atr�s das lentes escurecidas, ainda que tristes, s�o de bondade e do�ura.

Veja v�deo sobre as dificuldades dos cegos no dia a dia de Belo Horizonte :

 

De fala macia e calma, irm� Clara lamenta n�o poder mais costurar. “Sinto muita falta dos trabalhos manuais”, conta. “Mesmo assim, ela � uma irm� muito ativa, muito participativa. Ontem mesmo, � noite, estava na cozinha ajudando a secar as lou�as”, sorri madre Fernanda, que credita ao carinho do acolhimento do mosteiro o fortalecimento de irm� Clara.

Na casa de paz na Savassi, desde 1950, o sil�ncio � soberano. Irm� Clara chegou ao endere�o com a edifica��o ainda em obras, em 1955. S� ali, s�o quase 60 anos de vida dedicada aos assuntos do c�u. Ao fim da entrevista, a irm� deixa mensagem de amor e esperan�a para os que n�o enxergam. “Por mais dif�cil que seja, n�o podemos perder a nossa f�. Devemos estar preparados para tudo que Deus nos d�. Quase todas as pessoas t�m um chamado de Deus. E isso pode ser um chamado”, diz, sorrindo.

Um mundo pelo tato

 Abrigo e acolhimento


O Lar das Cegas, da Associa��o de Cegos Louis Braille, d� abrigo e acolhimento a 16 mulheres carentes – a maioria vinda do interior em busca de estudo e independ�ncia. A casa fica na Rua Geraldo Teixeira da Costa, 202, Bairro Floresta, Belo Horizonte. Mais informa��es: (31) 3273-5858.

Lei de Cotas

A Lei nº 8.213/91  regulamenta as cotas de contrata��o de pessoas com defici�ncia. Segundo o artigo 93, empresas com entre 100 e 200 funcion�rios devem preencher no m�nimo 2% dos seus postos com reabilitados ou portadores de defici�ncia; entre 201 e 500 funcion�rios, o �ndice � de 3%; de 501 a mil, 4%; acima de mil, 5%.


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