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Estado de Minas

Deficiente visual conta como percebe a Pra�a da Liberdade por meio das sensa��es

Morador da Regi�o Centro-Sul gosta de contemplar, como pode, um dos mais famosos pontos de BH


postado em 24/08/2014 06:00 / atualizado em 26/08/2014 08:29

Gustavo Felipe saiu sozinho pelas ruas de BH quando completou 22 anos, em 1997. De lá para cá, não parou mais(foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press)
Gustavo Felipe saiu sozinho pelas ruas de BH quando completou 22 anos, em 1997. De l� para c�, n�o parou mais (foto: Tulio Santos/EM/D.A.Press)


Morador da Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, Gustavo Felipe, de 39 anos, � frequentador ass�duo da Pra�a da Liberdade. Desde os 22 anos, quando se arriscou a cortar a cidade sozinho pela primeira vez, o deficiente visual passa algum tempo contemplando – como pode – um dos pontos mais charmosos da cidade. Conhece o Edif�cio Niemeyer, “refer�ncia para o ponto de �nibus e de pr�dio diferente, curioso”. Sabe bem do coreto e do antigo pal�cio do governo. Formado em letras, Gustavo, a pedido do EM, descreve esse que � um de seus pontos preferidos na cidade. “O ar � bom. � puro perto das fontes. E tem muitas �rvores. �rvores altas. A grama � verdinha. N�o � o verde que voc� conhece. � um verde que eu imagino, molhado e vivo.”


Clique aqui para ouvir mais sobre a hist�ria de Gustavo


“Tem sons de tudo o que � jeito. At� o barulho dos beijos conhe�o. Os namorados pensam que n�o. Mas estou vendo tudo (risos). Ou�o os p�ssaros e sinto a presen�a dos policiais. Vejo crian�as e velhos perto de mim. Mo�as bonitas tamb�m. Perfumes e vozes facilitam bastante. E tem o cal�amento. As pedras que fazem o caminho.” Divertido, rom�ntico e desconfiado, Gustavo conta que teve um nascimento dif�cil. Diz que veio ao mundo por meio de f�rceps, instrumento m�dico usado em partos dif�ceis, “com consequ�ncias graves”. A maior delas, a perda da vis�o. Houve tamb�m, em fun��o de uma cirurgia na cabe�a, danos nos movimentos do lado esquerdo do corpo.

 

Assista a entrevista com o deficiente visual, Gustavo Felipe

 


Apesar da for�a e da supera��o, Gustavo lamenta a discrimina��o vivenciada na cegueira. “Muita gente discrimina. Somos tratados por muitos como se f�ssemos de outro mundo. Falta considera��o. No ponto de �nibus, por exemplo, nem todo mundo tem boa vontade para ajudar. Por que n�o h� um aviso sonoro pensado para a nossa situa��o? E voc� acredita que j� fui assaltado tr�s vezes?”

Barreiras para superar


Julia Martins de Oliveira, de 47 anos, tem dificuldades em lidar com a defici�ncia da filha Juliana, de 15. “N�o � f�cil. S� Deus. Ela lida com a situa��o muito melhor que eu”, revela a m�e. A dona de casa, moradora de Ibirit�, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, deixou de lado todos os projetos pessoais para se dedicar � filha ca�ula. Juliana nasceu deficiente visual, com glaucoma cong�nito. Bonita, inteligente e dedicada, a menina vem se destacando nos estudos e na pr�tica de esportes. � uma das jovens atletas de golbol do Programa Superar.

Ou�a a hist�ria de Juliana


� noite de treino com o educador f�sico Vin�cius Barreto. Para o orgulho da m�e companheira, Juliana chama a aten��o na quadra. Salta para evitar o gol com a disposi��o de veterana. Lan�a a bola com a for�a e dire��o de campe�. Com ela em campo, fica mais dif�cil para o time advers�rio vencer. J�lia n�o esconde a alegria de ver a batalha da filha. “Ela � muito aplicada. D� gosto ver.” A dona de casa cobra mais empenho do poder p�blico em benef�cio dos deficientes visuais da cidade. Da�, a maior revolta.

Para Deane Silva de Almeida, de 32, da Associa��o dos Deficientes Visuais de Belo Horizonte (Adevibel), a cidade, de fato, n�o est� preparada para lidar com quem tem grande dificuldade ou nenhuma capacidade de enxergar. De acordo com a lideran�a, foi feito o rebaixamento das cal�adas pensando nos cadeirantes, mas isso dificultou ainda mais a vida dos cegos. A pista t�til, tamb�m para ela, � outro ponto cr�tico na cidade. “Especialmente no Hipercentro. N�o temos a pista em todos os lugares e onde elas est�o, acabam do nada, em postes, orelh�es e bancas de jornais e revistas”, critica.

Deane fez carreira como judoca. S�o duas d�cadas nos tatames de todo o Brasil. A atleta enxergou at� os 8 anos. Hoje, v�tima de intoxica��o por medicamento, tem “baixa vis�o” – algo entre 15% e 20% da capacidade de uma pessoa comum. Politizada, a esportista tem trabalhado pelos deficientes visuais com a dedica��o de quem conhece a fundo as agruras da causa.

Quer ajudar? Pense nisso:



  •  Identifique-se, caso encontre algu�m que pare�a estar em dificuldades. Permita que a pessoa com defici�ncia visual  perceba que voc� est� falando com ela e ofere�a seu aux�lio. Mas � bom saber que nem sempre a ajuda � necess�ria.
  •  Caso sua ajuda como guia seja aceita, coloque a m�o da pessoa no seu cotovelo dobrado. Ela ir� acompanhar o movimento do seu corpo enquanto voc� vai andando. Em um corredor estreito, por onde s� � poss�vel passar uma pessoa, coloque o seu bra�o para tr�s, de modo que a pessoa cega possa continuar seguindo voc�.
  •  ï¿½ sempre bom avisar sobre a exist�ncia de degraus, pisos escorregadios, buracos e outros obst�culos durante o trajeto.
  • Ao explicar dire��es, seja o mais claro e espec�fico poss�vel; de prefer�ncia, indique as dist�ncias em metros (“uns vinte metros � frente”, por exemplo). Quando for se afastar, avise sempre.
  • N�o se deve brincar com um c�o-guia, pois ele tem a responsabilidade de guiar o dono que n�o enxerga e n�o deve ser distra�do dessa fun��o.
  • As pessoas cegas ou com vis�o subnormal s�o como voc�, apenas n�o enxergam. No conv�vio social ou profissional, n�o as exclua das atividades normais. Deixe que decidam como podem ou querem participar.
  •  Fique � vontade para usar palavras como “veja” e “olhe”, pois as pessoas com defici�ncia visual as empregam com naturalidade.

Dificuldade em v�rios graus

 

Baixa vis�o (leve, moderada ou profunda): compensada com o uso de lentes de aumento, lupas, telesc�pios, com o aux�lio de bengalas e de treinamentos de orienta��o.

Pr�ximo � cegueira: quando a pessoa ainda � capaz de distinguir luz e sombra, mas j� emprega o sistema braile para ler e escrever, utiliza recursos de voz para acessar programas de computador,
locomove-se com a bengala e precisa de treinamentos de orienta��o e  de mobilidade.

Cegueira: quando n�o existe qualquer percep��o de luz. O sistema braile, a bengala e os treinamentos de orienta��o e de mobilidade, nesse caso, s�o fundamentais.

O diagn�stico de defici�ncia visual pode ser feito muito cedo, exceto nos casos de doen�as degenerativas como a catarata e o glaucoma, que evoluem com o passar dos anos

 

Um mundo pelo tato

A cada 5 segundos, uma pessoa se torna cega no mundo. Do total de casos de cegueira, 90% ocorrem nos pa�ses emergentes e subdesenvolvidos. At� 2020, o n�mero de deficientes visuais poder� dobrar no mundo.


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