
A seca que castiga o Sudeste e o Nordeste do Brasil est� prestes a fazer uma grande v�tima no setor el�trico em Minas Gerais. A Usina de Tr�s Marias, constru�da no leito do Rio S�o Francisco pode parar de gerar energia no fim de outubro ou in�cio de novembro. Atualmente, ela opera com apenas duas das seis turbinas. Com capacidade total de 396 megawatts/hora (MWh), Tr�s Marias tem em sua barragem apenas 4,5% do seu volume de �gua. Trata-se do n�vel mais cr�tico desde a inaugura��o, em 1962.
Na �ltima quinta-feira, a �gua liberada pela usina foi reduzida de 150m3/s para 140m3/s, com o objetivo de garantir o n�vel m�nimo do Rio S�o Francisco e preservar o reservat�rio, que est� com apenas 4,4% da capacidade m�xima. A decis�o foi tomada em reuni�o da Ag�ncia Nacional de �guas (ANA), com a participa��o de representantes do Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS), da Cemig, da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do S�o Francisco e Parna�ba (Codevasf) e de outros �rg�os.
Alerta
O risco de paralisa��o da Usina de Tr�s Marias foi mencionado em um documento divulgado pelo Comit� da Bacia Hidrogr�fica do S�o Francisco, entidade que monitora toda a regi�o influenciada pelo rio. De acordo com a entidade, Tr�s Marias tende a atingir no final de outubro, mais tardar no in�cio de novembro, o “volume zero”, ou “volume morto”, como se convencionou falar.
“A represa ainda ter� �gua, mas numa quantidade insuficiente para gerar energia”, explica M�rcio Tadeu Pedrosa, coordenador do comit� respons�vel pelo Alto S�o Francisco, o trecho que corta o estado a partir da nascente.
Segundo Tadeu, o problema ocorre porque hoje a barragem, que funciona como uma caixa d’�gua, despeja rio abaixo muito mais �gua do que recebe do rio acima. Como a seca castiga o S�o Francisco desde a nascente, pouco mais de 30 metros c�bicos por segundo entram em Tr�s Marias atualmente, mas na outra ponta est�o sendo liberados cerca de 150 metros c�bicos por segundo.
A Cemig, empresa que tem a concess�o da usina de Tr�s Marias at� 2015, foi reduzindo a gera��o ao longo do ano, desligando uma turbina de cada vez, � medida que a seca restringia a �gua. A falta de Tr�s Marias sobrecarrega o sistema el�trico e precisa ser coberta por outras usinas hidrel�tricas, t�rmicas e e�licas.
No entanto, a produ��o hoje � t�o pequena, que j� n�o � considerada fundamental no atual est�gio da seca. “A Cemig acredita que pode manter a gera��o com a �gua pr�xima de zero, mas deixou se ser relevante se Tr�s Marias vai ou n�o gerar energia porque ela est� produzindo muito pouco”, diz Hermes Chipp, diretor geral do Operador Nacional do Sistema, o ONS, respons�vel pela gest�o da energia no Brasil. “Operamos a usina pensando nos demais usu�rios e usinas que dependem da �gua rio abaixo.”
Depois de Tr�s Marias, o Rio S�o Francisco continua seu curso pelo Norte de Minas e por outros seis Estados, abastecendo a agropecu�ria e a popula��o de mais de 400 munic�pios, bem como outras cinco hidrel�tricas, incluindo as de Xing�, entre Alagoas e Sergipe, o complexo de Paulo Afonso e a usina de Sobradinho, na Bahia, essenciais ao abastecimento de energia do Brasil.
O ONS defende reter um volume maior de �gua na barragem neste momento para que possa ter instrumentos para manter o abastecimento rio abaixo nas pr�ximas semanas. “Para o setor el�trico, o importante � monitorar a �gua de Tr�s Marias para garantir que Sobradinho chegue a final de novembro com 15%”, diz Chipp. Hoje, o reservat�rio da usina baiana tem 27,5% de �gua.
Com informa��es da Ag�ncia Estado