Guilherme Paranaiba

Os hippies e artes�os que exp�em produtos na Rua Rio de Janeiro, nos arredores da Pra�a Sete, no Centro de Belo Horizonte, come�aram a migrar para um dos quarteir�es fechados da Rua dos Carij�s, conforme obriga uma portaria da prefeitura publicada em 3 de outubro. Depois de tr�s dias de a��es educativas, fiscais da administra��o municipal foram ontem � Rio de Janeiro com o objetivo de refor�ar que ali n�o � mais permitido vender as mercadorias. No quarteir�o entre a Pra�a Sete e a Rua dos Tamoios, ainda h� hippies, mas sem artesanato exposto. Outros vendiam as pe�as na Rua dos Carij�s. N�o houve apreens�es de materiais ou multas durante o primeiro dia de a��o efetiva.
Segundo o gerente de Licenciamento e Fiscaliza��o da Regional Centro-Sul da prefeitura, Cl�udio Ant�nio Mendes, os fiscais se posicionaram logo cedo nos arredores da Pra�a Sete para iniciar o trabalho de orienta��o dos artes�os. “Em 8, 9 e 10 de outubro, viemos com o objetivo de fazer uma a��o educativa. A c�pia da portaria foi distribu�da para que todos ficassem informados da nova medida”, afirma o gerente. “Hoje (ontem) vamos manter essa postura, mas quem insistir em vender os produtos na �rea proibida poder� ser multado em R$ 834,32, al�m da apreens�o da mercadoria que estiver exposta”, acrescenta o gerente de fiscaliza��o. A a��o ser� repetida em outras ocasi�es, de acordo com cronograma interno da prefeitura.
Ao exigir que apenas determinados locais acolham os hippies, a prefeitura se apoia na Portaria 111/2014, publicada em 3 de outubro no Di�rio Oficial do Munic�pio (DOM). A iniciativa visa a conter a a��o de camel�s, que vendem produtos industrializados espalhados entre os artes�os, e regular a liminar que permite a venda de artesanato nas ruas, segundo anunciou na �poca o Executivo municipal. Ficaram definidos dois espa�os para esse tipo de trabalho: a Rua dos Carij�s entre Pra�a Sete e Rua Esp�rito Santo e a Pra�a Rio Branco (Pra�a da Rodovi�ria).
Por�m, as reclama��es s�o muitas. Ontem, proibido de tirar das sacolas pulseiras, colares, brincos e outros tipos de artesanato para vender na Rio de Janeiro, um grupo de hippies permaneceu sentado em um dos quarteir�es fechados. Um deles carregava uma placa pedindo ajuda financeira, j� que eles n�o podem trabalhar. Para Eneas Henrique, de 39 anos, h� 23 trabalhando na Pra�a Sete, parte da hist�ria da Rio de Janeiro foi constru�da pelos hippies e � covardia tir�-los de l�. “Vamos lutar at� o fim. Esperamos contar com a ajuda das pessoas para reverter isso na Justi�a.” O colega Lucas Eduardo Andrade, de 32, avalia a Pra�a Rio Branco como muito violenta e acredita que a prefeitura quer substituir marginais que atuam no local pelos hippies. “Ningu�m vai sair daqui. Nosso trabalho deve ser liberado para qualquer pra�a. O que estamos atrapalhando? Voltamos � ditadura?”, questiona Lucas.
Enquanto os fiscais vigiavam a Rio de Janeiro, o movimento de expositores aumentou na Rua dos Carij�s. O artes�o Anderson Francisco, de 33, apesar de contrariado, n�o perdeu tempo e come�ou a vender as mercadorias que carregava. “N�o achei a mudan�a boa porque eu era conhecido na Rio de Janeiro. Mas preciso trabalhar. Tomara que a mudan�a crie uma refer�ncia de artesanato aqui na Carij�s.” Outro que tamb�m trabalhou ontem foi Nelson Matos, de 63. “O problema � que h� muita gente junta neste lugar. Isso atrapalha os artes�os. Se tivesse mais espa�o nos outros quarteir�es da pra�a seria bom para todos.” L�cio Seminovo, de 60, criticou o fato de os artes�os n�o terem sido consultados sobre o novo local de trabalho. “N�o tem conversa, temos que cumprir e pronto. Pelo menos nos deram uma op��o. Eu preciso trabalhar para me sustentar.”