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Estado de Minas

Evolu��o no �ndice de Desenvolvimento n�o garante fim dos extremos sociais na Grande BH

Embora tenha evolu�do no �ndice de Desenvolvimento Humano Municipal, regi�o metropolitana da capital mant�m moradores vivendo em extremos sociais e com reivindica��es bem distintas


postado em 26/11/2014 06:00 / atualizado em 26/11/2014 09:07

Dona Geni: falta melhorar
Dona Geni: falta melhorar "quase tudo" no Conjunto Cristina (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Numa ponta, o lugar que j� foi chamado “Caldeir�o do Inferno”, em Santa Luzia. Na outra, a Regi�o Centro-Sul, quadrante da Belo Horizonte “Cidade Jardim” dos mineiros. Em um desses extremos, o �ndice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) � 0,597. No outro, o indicador bate em 0,955, bem perto do n�mero 1, que indica o topo da tabela. Em quest�o, vida longa e saud�vel, acesso ao conhecimento e padr�o de vida – sa�de, educa��o e renda. Em uma tarde de contrastes, o Estado de Minas percorreu bairros dos dois extremos – distantes 25 quil�metros apenas. A cor de terra do Bairro S�o Benedito, em Santa Luzia, est� longe, bem longe, do verde cheio de vida observado no Bairro de Lourdes, Centro-Sul de BH. Costumes e necessidades s�o como Norte e Sul no tra�ado das viv�ncias. Em ambos os lados, para muitos, n�o h� tanto o que comemorar.

Tomás Neves: sossego para viver na Zona Sul de BH(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Tom�s Neves: sossego para viver na Zona Sul de BH (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)


Lourdes divide com o Bairro Santo Agostinho, tamb�m na Zona Sul de BH, o t�tulo de mais bem conceituado da Grande BH dentro do IDHM, com 0,955. Esse indicador chega a ser 60% superior ao dos mais baixos bairros e regi�es, que s�o Angu Duro, Bom Destino, Conjunto Palmital, Vila Baronesa, Vila das Ac�cias, Vila Ferraz, Vila dos Drag�es, Vila Nova Esperan�a, Vila Serra Pelada e Vila Baronesa, todos em Santa Luzia, e Morro Alto, em Vespasiano, que apresentaram �ndice de 0,597. Em Belo Horizonte, nenhum bairro esteve entre os de piores �ndices. Uma explica��o � que o percentual de pessoas com renda mensal inferior a R$ 70, consideradas extremamente pobres, caiu 66,8% na capital mineira, de 2,38% para 0,79% da popula��o, entre 2000 e 2010. A quantidade de pobres, que recebem entre R$ 70 e R$ 140, foi reduzida em 64,04%, de 17,23% da popula��o para 3,80%.

Marcos Maia, no Bairro de Lourdes:
Marcos Maia, no Bairro de Lourdes: "Morar no exterior � mais em conta" (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)


Trilhando os caminhos da diferen�a, na principal via de acesso a Santa Luzia, na sa�da da Linha Verde, o engarrafamento � quilom�trico. Bem parecido com a Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, em todos os turnos do dia. Diferentes na Avenida Bras�lia s�o os carros – a maioria populares e mais velhos. Tamb�m se v� por l� ve�culos rebaixados, vidros baixos e m�sica na maior altura. Obra na avenida afunila a passagem e complica ainda mais o tr�nsito. Mocinhas em roupas curtas – como na noite em BH – e rapazes em cabelos desenhados na navalha. Nada de fios tratados a peso de ouro nos estabelecimentos de beleza de luxo. Os sal�es s�o muitos, por�m. Mas, na regi�o, com R$ 10 � poss�vel arranjar o visual. Tem trato no outro extremo que pode chegar a R$ 1 mil.

Para Geni Maria da Silva Teixeira, de 83 anos, o que mais falta no Conjunto Cristina, em Santa Luzia, � “quase tudo”. A pensionista, m�e de fam�lia, com nove filhos, 14 netos e quatro bisnetos, n�o v� grandes avan�os na regi�o. “Aqui melhorou muito pouco, meu filho. Sa�de � um problema grave. Seguran�a, nem se fala. � muita droga e pouco policiamento”, reclama. Dona Geni chama a aten��o para a falta de lazer para as crian�as. “Temos aqui uma Pra�a da Juventude que, infelizmente, se tornou a pra�a das drogas. � muito triste. Falta espa�o e boa ocupa��o para os jovens, que ficam muito expostos � viol�ncia”, lamenta.

Bárbara e Amanda, de Santa Luzia: faltam saúde e emprego(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
B�rbara e Amanda, de Santa Luzia: faltam sa�de e emprego (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)


Menos de 30 quil�metros dali, na Pra�a Mar�lia de Dirceu, no Bairro de Lourdes, Marcos Viana Maia, de 28, tamb�m tem queixas sobre a qualidade de vida. Mas a maioria bem diferentes. “O custo de vida subiu demais. Morar no exterior � bem mais em conta”, avalia. Para o estudante de engenharia, nascido no Bairro Cidade Jardim, n�o houve melhoria na renda. “Pelo contr�rio. Na minha fam�lia e entre meus amigos, percebo ainda mais dificuldade”, avalia. De acordo com Marcos, a seguran�a � ponto mais cr�tico na Regi�o Centro-Sul. O estudante, que tirou parte da tarde para levar o primo Felipe para brincar no Largo Luis de Cam�es, cobra melhores sal�rios e maior qualifica��o para os policiais.

Desgosto
De volta a Santa Luzia, Linha Verde acima, no Bairro Cristina B, H�lio Evangelista Brum, de 70, reclama da falta de postos de sa�de. Tamb�m demonstra desgosto com o estado das ruas. “Olhe s�… � muita sujeira, pedra e mato.” O futuro das crian�as � outra preocupa��o de H�lio. “A criminalidade � um problema s�rio. N�o existe nada de lazer para as crian�as. Com isso, elas ficam sem op��o. N�o est� certo”, diz. Quarteir�o abaixo, meninos soltam papagaio. Na Rua In�cio de Loiola Oliveira, o garoto assustado com o carro da reportagem sugere: “Filma ali, filma ali… os tiros da pol�cia”. Na parede sem reboco, buracos de alto a baixo.

Embora a preocupa��o com seguran�a tamb�m marque presen�a, o clima � outro na Zona Sul de BH. O franc�s Tom�s Neves, de 23, estudante de rela��es econ�micas internacionais, veio pequeno, aos 2 anos, para Belo Horizonte. � morador do Bairro de Lourdes. Diz-se tranquilo com a regi�o e fala em “liberdade sem medo”. “� uma regi�o mais rica, com policiamento mais presente e sem nenhuma favela nos limites do bairro. Quando moramos no Sion, ao lado do aglomerado, havia mais medo, com casos de a��o da marginalidade, infelizmente”, explica. Tom�s avalia que melhoraram renda e oportunidades para os mais pobres. “Na UFMG, temos mais alunos vindos de escolas p�blicas, que trabalham durante o dia”, comenta. Para o estudante, situa��o cr�tica � a da mobilidade urbana – “sem compara��o” com os pa�ses mais desenvolvidos.

B�rbara Carolaine, de 16, e Mel Amanda, de 13, percebem mais educa��o e melhor transporte em Santa Luzia. No entanto, cobram mais respeito por parte da pol�cia, que, segundo elas, trata todos do entorno na Pra�a da Juventude como bandidos. “A pra�a tinha tudo para ser um bom lugar para os jovens, mas � tanta viol�ncia e discrimina��o que falta paz para a comunidade”, lamenta B�rbara, que reclama ainda em falta de emprego e de bom atendimento nos postos de sa�de. “Outro dia, precisei de atendimento, fui de tardinha ao posto e sai de madrugada. Sa� pior do que quando cheguei”, critica. A irm� dela, Camila, est� h� cinco meses desempregada. “N�o acho que a vida melhorou tanto assim”, avalia.

 


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