Com sete filhos, incluindo dois adotivos, a fam�lia de Lourdes Lopes, de 68 anos, ainda encontrou espa�o para acolher mais uma crian�a. Marcelinho* (nome fict�cio) chegou em casa aos 2 meses, rejeitado ainda na maternidade pela jovem m�e biol�gica. O pai n�o foi identificado. Pelo fato de a m�e n�o ter feito o acompanhamento pr�-natal, n�o se sabia que o beb� teria um desenvolvimento especial. “Nunca iria devolv�-lo por causa disso. Marcelinho � um docinho, uma gracinha…”, diz a m�e acolhedora, desfiando elogios ao beb�, todos eles no diminutivo.
O destino de Marcelinho est� nas m�os do Juizado da Inf�ncia e da Juventude. No caso dele, o juiz concedeu autoriza��o especial para prorrogar o prazo de acolhimento, devido � dificuldade de encaixar a crian�a com necessidades especiais em uma fam�lia adotiva. “Al�m de ser novo, um dos entraves para que o programa decole � o medo das fam�lias de n�o conseguirem se desapegar das crian�as acolhidas em casa”, pondera Maria Margarethe Pereira, coordenadora do servi�o Fam�lia Acolhedora, parceria entre a Pastoral do Menor e a Secretaria Municipal Adjunta de Assist�ncia Social.
MOMENTO DIF�CIL “Sempre � dif�cil a hora de a crian�a partir, mas a gente cura um choro com a alegria de receber outro beb� para cuidar”, ensina Maria do Carmo, a tia Du, que em cinco anos j� recebeu g�meos, crian�as mais velhas e beb�s por quatro meses e at� por um ano. Ela n�o abre m�o de participar do anivers�rio de um ano, quando aproveita para conferir se est� tudo bem com os beb�s. “O objetivo do programa � que a crian�a me esque�a r�pido e passe a formar o v�nculo com a nova fam�lia. S� fa�o quest�o de que a transi��o seja feita aqui em casa, no ambiente onde o beb� j� est� acostumado. Ele se sente mais seguro”, diz.
Na agenda di�ria, tia Du anota os gostos e prefer�ncias de cada uma das crian�as, incluindo rejeitar melancia e preferir manga, entre outros. O livro do beb� seguir� com a nova fam�lia. Na caminhada, tia Du j� encontrou crian�as que se negavam a beber �gua em copo de vidro e que manifestavam pavor de andar de �nibus. “Procurei saber o hist�rico da crian�a e me contaram que toda vez que ela entrava no coletivo com o pai agressivo, ele armava o maior barraco”, explica ela, que ajudou o pequeno a vencer o medo, inventando voltas e voltas de �nibus pela cidade.