(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Chamada de 'negra fedida' na Pra�a Sete, mulher desiste de prestar queixa ao receber R$ 200

Pol�cia Militar foi acionada mas, diante do acordo entre v�tima e agressor, n�o registrou ocorr�ncia


postado em 15/01/2015 17:25 / atualizado em 15/01/2015 20:06

Quanto vale uma ofensa, um xingamento, uma inj�ria racial? Em Belo Horizonte, nesta quinta-feira, custou R$ 200. "Negra imunda, negra insolente, negra fedida, puta!', gritou em uma casa lot�rica na Pra�a Sete um senhor, ao ser esbarrado por uma mulher que entrava no estabelecimento. Apesar de cometer um crime inafian��vel, o homem deixou o local livre, sem algemas e sem vergonha pelo feito, ao custo de duas centenas de reais. A Pol�cia Militar foi acionada mas, ao inv�s de registrar a ocorr�ncia, presenciou o pagamento pelo sil�ncio da mo�a ofendida, por�m feliz em receber dinheiro.


De acordo com o m�sico e produtor cultural Leo Dias, que presenciou toda a cena, nem mesmo os negros t�m dimens�o da import�ncia em se revoltar contra o preconceito que at� hoje � vivenciado no Brasil. " A ra�a negra foi historicamente segregada e isso ainda ocorre. Fiquei revoltado com o que vi e n�o podia deixar barato. Me indignei, falei com o senhor que ele estava cometendo um crime e que merecia ser preso. Infelizmente ainda h� muita falta de informa��o e alinhamento das pol�ticas de promo��o da igualdade racial com as pol�ticas de coibi��o ao crime de inj�ria racial e preconceito", diz.

Segundo o m�sico, que compartilhou toda a experi�ncia em sua p�gina no Facebook, enquanto argumentava com o homem e explicava que ele n�o podia falar com a mulher daquele jeito, pessoas que estavam na fila da lot�rica se comoveram e aplaudiram. "V�rias pessoas, em apoio, disseram que eu estava fazendo a coisa certa e at� bateram palmas, mas ouvi coment�rios como "preto tamb�m � gente', o que mostra que o preconceito est� mais vivo na sociedade do que se imagina," completa.

A mulher, ao ser ofendida, saiu da casa lot�rica e retornou com um policial militar, tamb�m negro. A autoridade pediu que o senhor sa�sse do estabelecimento juntamente com a v�tima da inj�ria, para os procedimentos cab�veis. Leo se prontificou em testemunhar o crime e informou seus dados pessoais, mas deixou o local para resolver quest�es pessoais na esperan�a de reencontrar a v�tima e seu agressor na delegacia. Para sua surpresa, ao passar pela Pra�a Sete momentos depois, avistou o policial sozinho. Ele perguntou onde estavam o senhor e a mulher e ouviu do militar que o caso estava encerrado. O homem havia oferecido R$ 200 reais para a mo�a, que prontamente aceitou a quantia e foi embora, segundo a vers�o do PM, 'rindo de uma orelha � outra'.

"Senti que nem mesmo o policial, que tamb�m � negro, teve consci�ncia da gravidade do que aconteceu. Eu agi como uma pessoa que presenciou um crime e tomou uma atitude frente a isso. Infelizmente o desfecho n�o foi o esperado, mas como julgar uma pessoa que est� em dificuldade, precisa do dinheiro e v� a chance de receb�-lo? � uma situa��o complicada, que mostra que essa quest�o precisa ser discutida", pondera o m�sico.

Procurada pela reportagem, a PM informou que a conduta do militar foi correta j� que o fato consiste em a��o penal p�blica condicionada, ou seja, o crime s� pode ser registrado se a pessoa ofendida decidir prestar queixas. Segundo a corpora��o, todos os policiais s�o orientados a instruir v�timas de inj�ria sobre seus direitos em casos como este, entretanto, n�o soube dizer se neste epis�dio espec�fico a mulher foi informada de que, caso n�o aceitasse o dinheiro, poderia receber indeniza��o ainda maior fixada por um juiz, al�m de colocar seu agressor atr�s das grades. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)