Luiz Ribeiro e Luana Cruz

Segundo o coordenador do departamento de Meio Ambiente da AMM, Lic�nio Xavier, a entidade acompanha de perto as dificuldades enfrentadas pelas 136 cidades diante da crise h�drica. “S�o munic�pios que foram obrigados a impor alguma medida que afetou o abastecimento de �gua, seja o racionamento ou a suspens�o do fornecimento em determinado per�odo do dia ou da semana”, explicou Xavier. “Em anos anteriores, enfrentamos enchentes nesta �poca. O problema agora � a seca. A previs�o � que a chuva que est� por vir n�o ser� suficiente para recuperar os reservat�rios ao ponto de regularizar o abastecimento. Poderemos ter um ano de flagelo”, acrescentou.
De acordo com Xavier, diante das previs�es meteorol�gicas nada otimistas, a AMM se prepara para o pior e vai promover uma campanha educativa, com confec��o de cartilha sobre o uso racional da �gua, a ser distribu�da para as prefeituras, que dever�o fazer o trabalho de orienta��o junto aos moradores. Na cartilha, explica, ser�o repassadas informa��es de medidas a serem adotadas pela popula��o para reduzir o gasto do recurso h�drico, como n�o lavar carro e passeios, fechar a torneira enquanto estiver escovando os dentes e diminuir o tempo do banho.
Xavier lembra que a Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) estima que o gasto de �gua por indiv�duo varia de 70 a 110 litros por dia. “Mas existem cidades em Minas onde n�o � feita cobran�a de �gua que o consumo per capta � muito maior, exatamente porque n�o se paga pelo uso do recurso”, explica o representante da AMM, lembrando que a Copasa responde por 78% das cidades do estado, com os outros 22% ficando por conta de servi�os municipais de �gua e esgoto.
Al�m de orientar os moradores para economizar, as prefeituras precisam de recursos para atender as comunidades atingidas pela seca. Esta � a grande preocupa��o da Associa��o dos Munic�pios da �rea Mineira da Sudene (Amams), que representa 85 prefeituras do Norte de Minas, onde a escassez de chuvas – um problema hist�rico – se agravou nos �ltimos meses.
O presidente da Amams, C�sar Em�lio Lopes Oliveira, prefeito de Capit�o En�as, disse que est� fazendo levantamento sobre a falta d’�gua e os demais danos provocados pela estiagem prolongada na regi�o. O objetivo � encaminhar um pedido de socorro aos governos estadual e federal. “Com n�meros dos preju�zos em m�os, buscaremos ajuda dos governos para solu��o a curto prazo”, afirma Oliveira.
CALAMIDADE P�BLICA Um dos munic�pios mais castigados pela estiagem prolongada no Norte de Minas � Francisco S�, de 23,4 mil habitantes. A barragem do Rio S�o Domingos, que abastece a cidade, ontem, estava com 8,6% de sua capacidade, segundo a prefeitura. Em virtude do baixo volume do reservat�rio, desde o in�cio deste m�s, o fornecimento de �gua no munic�pio est� racionado. Com isso, a cidade foi dividida em duas regi�es. Cada uma delas recebe �gua em dias alternados pelo Servi�o Aut�nomo de �gua e Esgoto (SAAE).
Devido � estiagem prolongada, foi decretado estado de emerg�ncia em Francisco S� desde setembro passado. Ontem, o prefeito Den�lson Silveira assinou o decreto de calamidade p�blica. “Chegamos numa situa��o de dificuldade extrema, e a prefeitura n�o tem recursos. Al�m aumentaram as despesas com a necessidade de levar �gua para quase toda popula��o da zona rural”.

As dificuldades de abastecimento chegaram a mais duas cidades mineiras. Em Ewbank da C�mara, na Zona da Mata, alguns bairros ficaram quase 10 dias sem �gua. Em Lavras, no Sul do estado, a popula��o enfrenta intermit�ncias no fornecimento por causa do baixo n�vel dos rios onde � feita a capta��o.
A �gua fornecida em Ewbank da C�mara n�o � cobrada da popula��o. A distribui��o � de responsabilidade da prefeitura, mas por causa dos desperd�cios e abusos a situa��o deve mudar em breve. O secret�rio de obras, Paulo Jos� Quetz, explica o per�odo de longa estiagem acabou com a "fartura" do recurso h�drico na cidade e s�o necess�rias a��es de remanejamento, porque os reservat�rios baixaram muito. “Estamos construindo dois po�os artesianos para captar �gua e compensar o fornecimento”.
Em Lavras, a Copasa informou que o per�odo de forte calor e poucas chuvas vem reduzindo os n�veis dos ribeir�es �gua Limpa e Ribeir�o Santa Cruz, que, juntamente com o Rio Grande, abastecem o munic�pio, provocando intermit�ncias no abastecimento de �gua de algusns bairros da cidade. A companhia pede a colabora��o dos moradores para a economia de �gua em casa.
EMERG�NCIA Em Francisco Badar�, no Vale do Jequitinhonha, os moradores da �rea urbana est�o recebendo �gua nas torneiras somente durante quatro dias da semana por causa da dificuldade de capta��o, por conta da estiagem. Por causa da seca, foi decretado estado de emerg�ncia no munic�pio no dia 14. Desde novembro, 26 cidades mineiras decretaram estado de emerg�ncia por conta da falta de chuvas. (LR / LC)