
Segundo o professor Carlos Barreira Martinez, coordenador do Centro de Pesquisas em Engenharia Hidr�ulica e Recursos H�dricos da UFMG, � tecnicamente poss�vel mandar �gua com press�o suficiente para as partes mais altas, mesmo em um contexto de racionamento. Nesse caso, � necess�rio fazer investimentos em bombas e outros equipamentos. Por�m, o especialista n�o acredita que esse seja o melhor caminho, principalmente devido ao tamanho das perdas que a Copasa registra em seu sistema, que chegaram a 39,9% em 2014 – entre vazamentos e liga��es clandestinas. “Em um racionamento, todos acabam sofrendo os efeitos. O melhor caminho � a diminui��o da press�o, porque ela reduz essas perdas. Mas, dessa forma, certamente quem est� em locais mais altos ter� menos �gua”, alerta.
A presidente da Copasa afirma que a meta � evitar quadros muito discrepantes entre partes altas e baixas espalhadas por Belo Horizonte e demais cidades da regi�o metropolitana. “N�o d� para trabalhar com um consumidor (de bairros altos) ficando sem �gua por sete dias na semana e outros por dois, quatro ou cinco dias, dependendo do cen�rio que for constru�do. Um estudo hidr�ulico est� sendo feito para minimizar esse tipo de problema, relacionado com a caracter�stica de ocupa��o da nossa regi�o”, disse, em entrevista ao EM na quinta-feira. Uma das estrat�gias analisadas � o corte de �gua em parte do dia. Para o professor Carlos Martinez, essa op��o representaria mais conforto para a popula��o. “� uma forma de garantir que, enquanto a �gua da rua n�o estiver chegando, o morador ainda tenha alguma quantidade em seu reservat�rio”, afirma.

No mesmo Bandeirantes, j� no topo da Avenida Sic�lia, o advogado Marcelo Henrique Carneiro Santos, de 44, que tem uma caixa d’�gua com capacidade para 3 mil litros, comprou outros cinco recipientes: outra caixa de 1 mil litros e quatro tambores de 200 litros cada. “Fiquei um fim de semana sem �gua no m�s passado, quando abri a torneira e n�o tinha nada nem para escovar os dentes. Achei melhor armazenar da chuva, pois, com a topografia que temos, com certeza o Bandeirantes vai ficar sem �gua se houver alguma medida mais dr�stica”, afirma ele, calculando que conseguir� passar de cinco para oito dias sem �gua da rua, se as caixas estiverem cheias. A dona de casa Ana Carolina de Souza, de 27, que mora no limite dos bairros Ouro Preto, Paquet� e Bandeirantes, tem uma caixa de 1 mil litros e aguarda a chegada de outra com a metade da capacidade. Por�m, ela pretende estocar �gua da pr�pria Copasa. “Tenho duas crian�as e uma av� que � cadeirante. Chegamos a ficar quatro dias em janeiro sem fornecimento e estamos muito preocupados”, afirma.
Dona de um dep�sito de material de constru��o no Bairro Paquet�, tamb�m na Pampulha, Maria Aparecida Santiago conta que desde janeiro tem vendido muitas caixas d’�gua, tambores e outros recipientes que possibilitam armazenamento de �gua. “Tem casos tanto de pessoas que querem guardar mais �gua da Copasa quanto de outras que buscam fazer o reuso, pegando da chuva ou de outras fontes, como da m�quina de lavar”, explica. Gente que quer evitar quadros como o enfrentado pelo s�ndico de um edif�cio no alto do Bairro Ouro Preto: Ot�vio C�sar de Carvalho Oliveira, de 36, conta que precisou pedir caminh�o-pipa no m�s passado, quando os cond�minos ficaram tr�s dias sem abastecimento. Devido � alta demanda, a �gua s� chegou quando ele j� havia pagado pelo refor�o. “Combinei que ficar�amos com os 10 mil litros de cr�dito, pois essa parte mais alta sempre sofre mais e isso nos deixa extremamente apreensivos”, conclui.