
Desde 2002, ano da morte do promotor Francisco Jos� Lins do R�go Santos, foi criada em Minas Gerais a Coordenadoria de Planejamento Institucional (Copli) para resguardar a vida dos promotores, com apoio da Pol�cia Militar. At� agora, por alegados motivos de seguran�a nunca foi divulgado o n�mero de promotores e procuradores do Estado sob amea�a de morte ou que j� tenham sofrido atentados, como Marcos Vinicius. “O caso do promotor de Monte Carmelo nos deixa ainda mais cautelosos quanto � necessidade dessa divulga��o”, afirmou ontem o coordenador Fabr�cio Ferragini. Ele adiantou apenas j� ter trabalhado em situa��es de casos graves, atendendo a v�rias amea�as potenciais em Minas. Em sua defesa, os promotores t�m � disposi��o um telefone 24 horas, com a previs�o de envio de um 'agente de campo', em caso de necessidade. Em rela��o ao atentado a Marcus Vinicius, o promotor n�o chegou, desta vez, a solicitar cobertura da Copli, como fez em ocasi�o anterior, h� cerca de dois anos, em outra investiga��o.
Ubaldino levantou ainda outra hip�tese para o crime praticado pelo filho do vereador. Segundo ele, outra frente de investiga��o de Marcus Vin�cius aborda organiza��es criminosas envolvendo tr�fico de drogas no Tri�ngulo Mineiro, com a disputa entre grupos rivais. Em fun��o dessa preocupa��o, ao saber que o promotor havia sofrido um atentado foi deslocada para a cidade uma equipe do Deoesp, al�m das pol�cias militar e civil, que atuaram em conjunto. “Sabemos que o filho do vereador tem liga��es com o tr�fico na cidade e que j� foi objeto de investiga��es. Se ele foi alertado por advogados, pode estar alegando ter atirado contra o promotor que destruiu a vida do pai dele como forma de atenuar a penalidade. Se for julgado por homic�dio simples, a pena prevista � de seis a 20 anos de pris�o. Se for condenado por vincula��o ao tr�fico, sobe para 12 anos a 30 anos de cadeia”, compara Ubaldino, coordenador do Grupo de Atua��o Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).
Segundo o procurador, o jovem de 21 anos Juliano Aparecido de Oliveira, filho do ex-vereador de Monte Carmelo mostrou-se frio ao prestar depoimento �s autoridades. Revelou tamb�m ter escondido a arma do crime em um matagal apontado como lugar usado por ele como esconderijo habitual da pistola calibre 380. “Est� claro que ele foi meticuloso e adotou uma certa cautela ao se desfazer da arma, o que demonstra certo grau de intelig�ncia do rapaz”, afirma Ubaldino, que acrescenta ainda que o outro irm�o de Juliano j� teria sido preso por dano ao patrim�nio.
Ao ser apresentado em coletiva, nesta segunda-feira, Juliano Aparecido de Oliveira negou-se a responder �s perguntas dos rep�rteres. Ele s� apresentava alguma rea��o, fazendo gestos de negativa com a cabe�a, todas as vezes em que foi perguntado se o pai dele estava envolvido no crime. O ex-vereador Valdelei Jos� de Oliveira est� preso preventivamente, desde o fim de semana, quando se dirigiu at� a delegacia para pedir not�cias do pr�prio filho. Ao contr�rio de Juliano, o pai n�o admitiu qualquer culpa pelo atentado. “Se voc� fez isso, voc� que assuma”, contou o delegado de Monte Carmelo, Wilton Jos� Fernandes, que presenciou pessoalmente o encontro entre os dois. Ele e a delegada Cl�udia Coelho Franchi estiveram tamb�m na apresenta��o do preso, na Cidade Administrativa.
O pai est� preso pelas autoridades entenderem que pode haver necessidade de novos esclarecimentos. De acordo com os delegados, Juliano foi preso por volta de meia noite, na casa da irm� da sua companheira, em pleno churrasco, na cidade pr�xima de Romaria. Ele foi para a comemora��o depois de descarregar 15 tiros no promotor, dos quais acertou tr�s, sendo dois nas costas e um no bra�o. Ainda tentou recarregar a arma, mas o pente de balas caiu no ch�o e ao se abaixar da moto para pegar, o rev�lver travou. Nesse meio-tempo, Marcos Vinicius conseguiu correr e gritar por socorro. “Testemunhas disseram que ele montou campana na pra�a Jos� Bonif�cio a tarde inteira, em frente ao Minist�rio P�blico, montado na moto, aguardando a sa�da do promotor. Ele dava umas sa�das para despistar e depois voltava. Aguardou de 15h at� umas 20h, quando ele deixou a promotoria”, relata a delegada.

Na tarde desta segunda-feira, durante entrevista � imprensa na Cidade Administrativa, ressaltou-se a import�ncia da integra��o das for�as de seguran�a para o esclarecimento do crime. Participaram da entrevista o secret�rio de Estado de Defesa Social, Bernardo Santana, o chefe da Pol�cia Civil, delegado-geral Wanderson Gomes, o comandante da Pol�cia Militar e o coronel Marco Ant�nio Badar� Bianchini. “Uma viol�ncia desse tipo � inaceit�vel a qualquer cidad�o. Nesse caso em especial, � uma resposta de Estado quando existe uma agress�o a qualquer membro do Sistema de Defesa Social que trabalha para trazer seguran�a � sociedade. Essa resposta conjunta visa, tamb�m, coibir e dizer que o Governo de Minas n�o admite, na sua luta pela busca da legalidade, ataques �s for�as de seguran�a”, destacou Bernardo Santana.
De acordo com o chefe da Pol�cia Civil, Wanderson Gomes, o fato “lament�vel e grave” foi esclarecido em menos de 24 horas, com a pris�o dos suspeitos e a apreens�o da arma utilizada no crime. O delegado observou que o desfecho da investiga��o foi devidamente embasado com provas testemunhais e materiais, que inclu�ram at� mesmo a constata��o de res�duos de p�lvora nas roupas e no carro de Juliano.