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Estado de Minas

Filtro verde � promessa da vez na tentativa de despoluir a Lagoa da Pampulha

Usando biotecnologia, projeto de R$ 6 mi, o oitavo em 20 anos, � nova aposta para ajudar na despolui��o do cart�o-postal de BH


postado em 26/02/2015 06:00 / atualizado em 26/02/2015 07:17

Córrego Água Funda, um dos que desaguam na represa, terá estação-piloto (foto: Beto Novaes/EM/D.a press)
C�rrego �gua Funda, um dos que desaguam na represa, ter� esta��o-piloto (foto: Beto Novaes/EM/D.a press)
Na tentativa de reduzir a polui��o que tornou a Lagoa da Pampulha um enorme dep�sito de sujeira, a Prefeitura de Belo Horizonte anunciou nessa quarta-feira mais uma investida com a esperan�a de frear a chegada de esgoto ao principal cart�o-postal da cidade. A Superintend�ncia de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) tem um projeto para fazer o tratamento do C�rrego �gua Funda/Bom Jesus, um dos oito mananciais que despejam esgoto todos os dias no reservat�rio. � o oitavo procedimento, desta vez avaliado em R$ 6 milh�es, adotado pela administra��o municipal nos �ltimos 20 anos para tentar melhorar a qualidade da �gua. Agora, a ideia � usar plantas que ret�m mat�ria org�nica, sem interfer�ncia de produtos qu�micos. A meta � reduzir o aporte de sedimentos e estender o projeto a outros mananciais que carregam detritos, principalmente de Contagem, na Grande BH, para a Pampulha. Por�m, a novidade n�o significa �gua limpa em um horizonte pr�ximo. A �ltima promessa era entregar a represa apta a receber esportes n�uticos durante a Copa do Mundo, mas desapropria��es necess�rias para obras da Copasa de intercepta��o de esgoto est�o paradas na Justi�a e as autoridades n�o arriscam fixar nova data para ver o problema resolvido.

“A Copasa aparentemente n�o d� conta de segurar toda essa polui��o difusa, inclusive esgoto clandestino. Ficar� mais barato ao longo do tempo investir nesse tratamento de c�rrego do que ficar desassoreando a lagoa ou fazendo tratamento de limpeza da �gua da lagoa”, disse ontem o prefeito da capital, Marcio Lacerda. O chefe do Executivo municipal afirma que a estrat�gia foi pesquisada por t�cnicos da Funda��o Zoobot�nica, que visitaram outros pa�ses com a inten��o de conhecer o sistema. Segundo a Sudecap, a tecnologia de “jardins filtrantes” consistir� em desviar o curso do c�rrego para uma esta��o natural de tratamento. “Essa unidade seria respons�vel por reduzir a carga poluidora durante a estiagem. No per�odo das cheias, a vaz�o excedente continuar� a escoar pelo leito natural do c�rrego”, informou a superintend�ncia, em nota.

Ainda n�o foi definido qual ser� o tipo de planta usada nesse processo, segundo fontes da Sudecap. O projeto depende de detalhamentos, mas j� � certo que a esta��o ter� um canal de desvio do curso d’�gua, gradeamento para barrar res�duos de grande porte e tanques com as plantas, nos quais vai ocorrer a deposi��o do material org�nico vindo do esgoto. “Adicionalmente, a prefeitura est� desenvolvendo estudos para instala��o de gradeamento para reten��o de s�lidos grosseiros (garrafas e sacolas pl�sticas) nos demais afluentes da Pampulha”, acrescenta a Sudecap. A lagoa � abastecida pelos c�rregos Mergulh�o, Tijuco, Ressaca, Sarandi, �gua Funda, Bra�nas, Olhos D’�gua e AABB.

O professor Ricardo Motta Pinto Coelho, coordenador do Laborat�rio de Gest�o Ambiental de Reservat�rios da UFMG, diz que essa tecnologia surgiu na d�cada de 1970 e � bastante conhecida. � comum em pa�ses mais populosos da �sia, como a �ndia, mas o especialista lembra que j� houve casos no Brasil em que as plantas foram jogadas na �gua de qualquer forma e ficaram fora de controle. “A pr�pria chegada dos aguap�s � Pampulha veio a reboque dessa tecnologia. O problema � que, se n�o houver controle, pode haver problemas, como o aumento de mosquitos, e gera��o de mais polui��o do que antes”, afirma o especialista. Ele lembra que � mais indicado usar as plantas nos afluentes do que na lagoa, para evitar esse descontrole. “� importante manter todo um manejo, pois as plantas retiram poluentes da �gua e os acumulam em sua biomassa. � preciso acondicion�-las da forma correta em aterros sanit�rios. J� vi exemplos modernos em que essas plantas ficam em barragens cobertas e podem at� virar compostagem para aduba��o de pra�as e jardins”, explica o professor.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)


CAPTA��O DE ESGOTO
Um dos problemas para a entrada de esgoto na Lagoa da Pampulha � a situa��o das obras para a constru��o de quatro quil�metros de redes interceptoras, de responsabilidade da Copasa, em �reas de Contagem. Segundo o gestor da despolui��o pela empresa de saneamento, Valter Vilela, oito processos ainda sem decis�o judicial travam a desapropria��o de 17 im�veis da cidade vizinha, por onde os canos precisam passar. “Somente com a conclus�o dessas obras teremos condi��o de interceptar todo o esgoto que � lan�ado nos c�rregos da bacia”, afirma Vilela. Outro problema � a presen�a de 6 mil im�veis em Contagem e 800 em BH que j� t�m rede de esgoto dispon�vel na rua, mas ainda n�o fizeram a liga��o. “A Copasa est� trabalhando com as prefeituras de BH e de Contagem para sensibilizar essas pessoas. Esperamos que at� setembro esse n�mero seja reduzido”, completa. Atualmente, 22 milh�es de litros de esgoto chegam todos os dias � esta��o de tratamento do On�a, considerado apenas o material proveniente de Contagem que ia para a lagoa.

Enquanto a situa��o n�o se resolve, moradores da Pampulha contabilizam as v�rias tentativas de limpeza e criticam a falta de continuidade dos projetos e os altos custos dos processos. A diretora da Associa��o Pr�-Civitas, Cacilda Bonfante, que representa os bairros S�o Luiz e S�o Jos�, vive h� 40 anos na regi�o e se preocupa com os gastos excessivos, ao longo dos anos, para uma despolui��o que nunca foi efetiva. “Quando � que as autoridades v�o cumprir suas promessas?”, questiona. Tamb�m h� quatro d�cadas acompanhando a situa��o da lagoa, o presidente da Associa��o Comunit�ria do Bairro Bandeirantes, Afr�nio Alves de Andrade, diz que muitas atividades significam “jogar sal no oceano”, sem resultados ou efeitos. “� preciso haver entendimento pol�tico entre as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem para resolver os problemas de polui��o dos c�rregos e dos esgotos”, afirma. (Com Gustavo Werneck).

D�cadas de falhas

Confira as tentativas fracassadas de limpar a lagoa

Aguap�s 1

Em meados da d�cada de 1970 a lagoa foi invadida pelos aguap�s. Segundo moradores mais antigos, a planta foi introduzida para tentar “limpar” o reservat�rio, que recebia grande quantidade de esgoto

Aguap�s 2

Tentativa de solu��o, os aguap�s viraram novo problema. Na d�cada de 1990 come�am as a��es para retirar as plantas, que se tornaram problema cr�nico e cobriam grande parte do espelho d’�gua

Barco

No in�cio de 2000, com a queda da oxigena��o na �gua, foram usados barcos de forma emergencial, com algum efeito positivo. Ao girar, a h�lice da embarca��o misturava ar e �gua, permitindo introdu��o do oxig�nio

Redes coletoras

Tamb�m no ano de 2000, a Copasa d� in�cio � constru��o das redes coletoras de esgoto e intercepta��o das liga��es clandestinas. Trata-se de um novo tempo na trajet�ria do reservat�rio

Floatflux

Em 2004, a um sistema chamado floatflux entra em opera��o nos c�rregos Ressaca e Sarandi, para retirar 80% de mat�ria org�nica e 90% de f�sforo – nutriente que propicia o crescimento de algas

Dragagem

Em 2013/2014 � feita dragagem para retirar sedimentos da lagoa. No total, foram 800 mil metros c�bicos de material

Recupera��o da qualidade da �gua


A licita��o dos Servi�os de Recupera��o da Qualidade da �gua da Lagoa da Pampulha foi suspensa por decis�o da Prefeitura de BH, at� que estejam integralmente implementadas as a��es de coleta e intercepta��o de esgotos na Bacia da Pampulha, que est�o sendo realizadas pela Copasa


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