Guilherme Paranaiba
Enviado especial

Vi�osa – Na esteira da crise das universidades federais que foram atingidas em cheio por uma redu��o dr�stica de recursos destinados pela Uni�o, a Universidade Federal de Vi�osa (UFV), na Zona da Mata, j� contabiliza os preju�zos do corte de um ter�o de sua verba mensal. Alunos sentem falta de materiais b�sicos para a rotina das aulas, professores reclamam da dificuldade de adquirir insumos para manter laborat�rios e funcion�rios do servi�o de manuten��o geral dizem que n�o h� materiais no estoque, como l�mpadas, tomadas, pinc�is, tinta e outros.
O Decreto 8.389, de 7 de janeiro, reduz em 33% os recursos mensais de �rg�os subordinados � Uni�o. Enquanto o Projeto de Lei Or�ament�ria Anual (Ploa) n�o for apreciado pelo Congresso Nacional, n�o h� perspectiva de que o problema seja sanado. Por isso, o repasse de 1/12 do dinheiro mensalmente, situa��o comum em anos que come�am sem a defini��o do or�amento, foi contingenciado pelo Minist�rio do Planejamento e caiu para 1/18 dos recursos que estavam previstos, redu��o de um ter�o. Em Vi�osa, isso significa de R$ 2 milh�es a R$ 2,5 milh�es a menos todos os meses. O or�amento previsto para a UFV este ano � de R$ 118 milh�es.
O clima entre os trabalhadores da empresa terceirizada Adcon, respons�vel pela manuten��o do campus, � de muita incerteza. H� boatos de que as equipes ser�o reduzidas. Entre os servi�os mantidos est�o aqueles que usam apenas a for�a de trabalho. “N�o temos rolo e nem tinta. Alguns tipos de l�mpada n�o s�o trocados caso elas queimem. Estamos juntando peda�os de vidros espalhados para fazer reparos em janelas”, afirma outro homem, quem tamb�m pediu anonimato.
Uma fonte ligada � administra��o da UFV informou que a maior dificuldade enfrentada atualmente � o fato de a m�o de obra j� ter sido contratada ano passado. “As pessoas est�o � disposi��o, mas os procedimentos para comprar o material se arrastam h� meses por falta de recursos. Outro problema s�o os atrasos de pagamento �s empresas que executam obras no campus. Isso acaba deixando as firmas em situa��o complicada”, diz a fonte.
RAN�RIO O professor Oswaldo Pinto Ribeiro Filho, que coordena o criat�rio de r�s da universidade, lembra que a crise de 2015 j� coloca em cheque a ra��o que precisa ser comprada para alimenta��o das animais. “Estou tendo que recorrer ao dinheiro arrecadado com a venda de produtos produzidos aqui no departamento, que normalmente � usado para manter o laborat�rio de pesquisa. Tamb�m estamos necessitando de uma reforma no ran�rio para sanar vazamentos, mas as perspectivas n�o s�o boas”, afirma.
Aluna do curso de secretariado executivo, a estudante Carolina Vaz, 21 anos, diz que as salas do Departamento de Letras j� sentem a falta dos aparelhos de proje��o para as aulas. “O datashow �s vezes estraga e demora muito a ser consertado. � um aparelho que a gente usa bastante e temos sentido essa falta”, disse. Outra estudante, que n�o quis se identificar, lembra que material b�sico para pesquisa, como formol em um dos setores do Departamento de Veterin�ria, j� est� escasso. “Temos que nos virar com a quantidade que chega, quando chega”, afirma.
A reitora da UFV, Nilda de F�tima Ferreira Soares, explica que foram feitos cortes apenas em a��es sem rela��o com desempenho acad�mico dos alunos ou com as bolsas que s�o oferecidas aos estudantes de baixa renda. Ela classifica como pontuais as reclama��es. “N�o segurei nenhum processo de materiais necess�rios para garantir o aprendizado dos alunos. Por exemplo, uma cerca que estava prevista para ser colocada em uma parte do campus, isso vai ter que esperar. Assim como um aceiro que seria feito em uma �rea experimental e outras situa��es que n�o impactam em nada a vida acad�mica”, declarou.
IMPACTOS A professora diz ainda que est� escolhendo os meses em que paga determinadas contas, como a de energia, mas disse que todos os departamentos receberam uma verba para sobreviver durante os tr�s primeiros meses do ano. “� claro que v�o receber mais quando o or�amento for aprovado, mas cada um tem a responsabilidade de planejar o recurso que j� foi enviado”, responde.
Sobre a falta de materiais diversos no dep�sito da universidade, Nilda de F�tima diz que � justamente nessa �poca do ano que se encerram as compras do ano anterior e se iniciam os novos contratos. “� bom lembrar que tudo dentro de uma universidade tem que ser feito mediante licita��o. E esses procedimentos podem atrasar naturalmente, por conta de questionamentos das empresas envolvidas”, diz ela. Por�m, a reitora teme os impactos de agora em diante, caso o or�amento de R$ 78 milh�es de custeio e R$ 40 milh�es entre obras e equipamentos exclusivos para a UFV sofra perdas. “Se isso acontecer vamos ter que sentar e repensar em quais setores poderemos abrir m�o dos recursos”.