
Em resposta ao tr�fico de drogas e � viol�ncia que t�m assustado a comunidade acad�mica da Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas (Fafich) da Universidade Federal de Minas Gerais, a congrega��o da unidade anunciou 10 medidas para atacar os problemas, denunciados pelo Estado de Minas na �ltima sexta-feira. A principal determina��o � o fechamento da sala onde funciona o Diret�rio Acad�mico (DA) Idal�sio Soares Aranha Filho, local em que a reportagem revelou flagrantes de venda livre de drogas como maconha, coca�na e LSD. Tamb�m est�o entre as decis�es a proibi��o de festas na unidade, amplia��o do efetivo de seguran�a e pintura das �reas externas e internas da Fafich – essas duas �ltimas dependendo de apoio da reitoria, devido a quest�es or�ament�rias e de contratos geridos pela administra��o central. O reitor Jaime Arturo Ram�rez imediatamente se pronunciou garantindo ajuda, em nota divulgada pela UFMG. Outras povid�ncias dizem respeito � abertura de discuss�es sobre os problemas, como a promo��o de audi�ncia p�blica e de consulta aos alunos, por meio de pesquisa.
Dentro da sala, depois que cada delibera��o foi exposta por integrantes da reuni�o, o conjunto das 10 medidas foi submetido a vota��o em bloco, segundo os participantes. O momento de maior intensidade de vaias foi o da apresenta��o da proposta de fechamento da sala do DA, para revitaliza��o. Ao fim da reuni�o, os que foram contr�rios � maioria das decis�es subiram para o diret�rio e se reuniram para uma conversa entre os estudantes.
A reuni�o da Congrega��o da Fafich j� estava previamente agendada, mas a pauta se voltou exclusivamente para a viol�ncia e o tr�fico na unidade depois que a reportagem do EM mostrou o medo de alunos e professores e a degrada��o do DA, com com�rcio de drogas feito abertamente e sem constrangimento. L�, um pino de coca�na era vendido a R$ 30, um ponto de LSD, por R$ 25 e uma por��o de maconha, por R$ 20. Professores, servidores e alunos tamb�m relataram casos de roubos, furto e ass�dio sexual. Muitas pessoas relataram constrangimento e at� mesmo a mudan�a de h�bitos, para evitar situa��es de risco e passagem pelos locais mais degradados.
O conjunto de medidas anunciadas ontem se divide entre uma vertente mais pr�tica e imediata e delibera��es que incentivam os debates sobre os problemas, o que foi lembrado por Jana�na Mara Soares Ferreira, uma das representantes dos servidores administrativos que participaram da reuni�o da Congrega��o. “O objetivo � combater a quest�o do tr�fico, de imediato, al�m de recuperar o espa�o p�blico para conviv�ncia das pessoas”, afirma. Uma das coisas que t�m incomodado bastante a coordenadora da biblioteca da Fafich, Vilma Carvalho, que tamb�m participou da reuni�o, s�o as festas dentro da unidade, devido ao barulho que invade o espa�o de pesquisa e leitura. “J� prejudicou at� quando a gente gravava textos para deficientes visuais, diante dos ru�dos”, afirmou.

A UFMG e o diretor da Fafich, Fernando Filgueiras, n�o informaram detalhes sobre a coloca��o em pr�tica das medidas anunciadas, como a data de fechamento do DA. A reitoria informou apenas, em nota, que foram adotadas novas a��es de seguran�a, desde sexta-feira passada. A novidade � um sistema de rondas com vigias percorrendo os andares da Fafich, mas n�o h� aumento do efetivo da vigil�ncia, que passou por cortes recentes devido a restri��es or�ament�rias anunciadas pelo governo federal.
Apesar dos protestos na reuni�o da congrega��o, entre estudantes da unidade h� tamb�m os que receberam bem as decis�es. “Era urgente uma interven��o para acabar com essa degrada��o da faculdade. N�o d� para aceitar que um local de dissemina��o do conhecimento seja tomado pelo tr�fico de forma t�o expl�cita”, disse uma aluna de psicologia, que preferiu n�o se identificar. “Acho que a manuten��o dos espa�os � o mais importante para criar um ambiente menos in�spito. A ilumina��o � muito prec�ria. Um ambiente escuro aumenta a sensa��o de inseguran�a”, afirmou outra aluna do mesmo curso.
REA��O Mas as decis�es est�o longe de ser consenso. “Acho que os problemas foram potencializados demais. Talvez uma conversa franca com o DA evitasse a necessidade de fechar o espa�o”, afirma um estudante do curso de Ci�ncias Sociais, que tamb�m pediu anonimato. Em nota, a chapa Avante!, respons�vel pela gest�o do DA da Fafich, elogiou medidas que incentivam os debates sobre os problemas, como a cria��o de um projeto de extens�o para discutir a inclus�o da comunidade externa. Mas considerou “inadmiss�vel e autorit�rio” aprovar o fechamento da sala do DA.
“Nem no per�odo da ditadura militar um DA foi fechado. Acreditamos que fechar o espa�o, al�m de atacar uma conquista dos estudantes, n�o resolve nem enfrenta os problemas ali existentes, apenas os desloca”, diz trecho da nota. “Seguiremos em mobiliza��o estudantil cobrando da universidade a resolu��o dos hist�ricos problemas de infraestrutura (como a ilumina��o adequada da Fafich e do c�mpus), a forma��o de uma seguran�a universit�ria humanizada e a constru��o de um di�logo propositivo com toda a comunidade acad�mica e a comunidade externa acerca dos atuais problemas que enfrentamos”, conclui o texto.
Decis�es anunciadas
* Fechar o espa�o do Diret�rio Acad�mico Idal�sio Soares Aranha Filho para revitaliza��o e avaliar como o DA realizar� atividades em lugar mais vis�vel no pr�dio
* Instaurar sindic�ncia para apurar den�ncias de tr�fico de drogas, ass�dio sexual e depreda��o do espa�o p�blico
* Proibir por tempo indeterminado a realiza��o de festas na Fafich
* Promover melhoria das condi��es de ilumina��o do pr�dio e estender o hor�rio de funcionamento da biblioteca, da cantina e de outros servi�os
* Aumentar o efetivo de seguran�as
* Pintar o pr�dio da unidade, interna e externamente
* Manter os Centros Acad�micos (CAs) em funcionamento e discutir condi��es e responsabilidades dessas unidades
* Fazer consulta p�blica com alunos sobre os problemas, para definir pol�ticas e indica��es sobre o uso da unidade
* Criar uma pol�tica de extens�o capaz de incluir, de forma construtiva, a comunidade externa � universidade
* Realizar audi�ncia p�blica sobre a viol�ncia, com todos os segmentos da comunidade acad�mica da Fafich, em 8 de abril
O roteiro da crise
Na sexta-feira, den�ncia de que traficantes de drogas agem livremente no DA da Fafich, na UFMG, foi publicada pelo Estado de Minas. A reportagem mostrou o medo da comunidade e a degrada��o do diret�rio, com venda livre de coca�na, LSD e maconha. Professores, servidores e alunos relatam casos de roubo, furto e ass�dio sexual na unidade. A decis�o do curso de hist�ria de suspender as aulas reflete a gravidade do problema de inseguran�a que, segundo nova mat�ria do EM, n�o se restringe � Faculdade de Filosofia e Ci�ncias Humanas. Cortes no or�amento da Uni�o agravaram a crise, ao provocar medidas como a demiss�o de vigilantes, mas a reitoria decidiu refor�ar as rondas no c�mpus. Fontes policiais revelaram que a maior parte das drogas que chegam � universidade tem como origem a Vila Sumar�.