As cerim�nias da semana santa, encerradas ontem, mostraram a f� em estado bruto e fervilhante dos mineiros. Prociss�es acompanhadas por multid�es de cat�licos, igrejas lotadas na celebra��o do domingo de P�scoa e outros ritos seculares que fortalecem a hist�ria das Gerais e mostram a riqueza cultural de seu povo. Outros crist�os, como os evang�licos, se reuniram em multid�o, na sexta-feira, no Barreiro, durante o tradicional Serm�o da Montanha. Para o conforto do corpo e da alma, dentro de um variado leque de cren�as, Belo Horizonte tem ainda mesquita, sinagogas, templo budista, terreiros de candombl�, centros esp�ritas, sem contar as pessoas que seguem tradi��es ind�genas e exot�ricas, ritos orientais e o hindu�smo.
Conforme o �ltimo censo (2010) do Instituto Brasileiro de Geografia e Est�stica (IBGE), BH tem 59,8% de cat�licos, o correspondente a 1,4 milh�es de pessoas. J� os evang�licos somam 25%, ou 595,2 mil. Esp�ritas chegam a 4%, quase o mesmo percentual de Pedro Leopoldo, na regi�o metropolitana (3,9%), onde nasceu o m�dium Chico Xavier (1910–2002) – nome m�ximo, no pa�s, da doutrina crist� que junta ci�ncia, filosofia e religi�o. Na capital, foram registrados no censo ainda 8% que se declaram sem religi�o e 0,82% de ateus, ou 19,4 mil pessoas. O percentual � superior ao do Brasil (0,32%) e de Minas (0,36%).
Entre os que professam a f� cat�lica, nos 28 munic�pios que comp�em a Arquidiocese de Belo Horizonte, h� 720 padres, 2 mil comunidades de f� e 277 par�quias, das quais 145 na capital. Al�m da Catedral Cristo Rei, no Bairro Juliana, na Regi�o Norte, est�o sendo constru�dos mais 12 templos em pontos diferentes da cidade. O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, tem uma quest�o: “Ser� que somos verdadeiramente atentos �s necessidades dos fi�is? Estamos presentes na vida das pessoas, sobretudo nos momentos mais dif�ceis, em situa��es de sofrimento e luta? Por isso mesmo � importante lembrarmos que n�o queremos simplesmente consolidar um ‘n�mero’ para dizer que formamos a maioria. O importante � o an�ncio do Evangelho, trabalhar para que cada pessoa tenha a oportunidade de viver um verdadeiro encontro com Jesus Cristo”.
Dom Walmor acrescenta que a Igreja se empenha em promover a vida e a ora��o. “Em nossa miss�o, valorizamos e priorizamos o di�logo e a aten��o com aqueles que mais precisam. A Igreja Cat�lica investe no ecumenismo, o que n�o significa a busca por uma uniformidade. Esse caminho contribui para a constru��o de um mundo mais fraterno. Trabalhamos para que as pessoas tenham a chance de viver o encontro com Cristo Rei. Isso significa promover sempre a experi�ncia do acolhimento, da fraternidade e da solidariedade”, define.
O presidente do Conselho de Pastores de Minas Gerais (CPMG), pastor Jorge Linhares, da Igreja Batista Templo Gets�mani, no Bairro Dona Clara, na Regi�o da Pampulha, em BH, ressalta que o ser humano busca Deus, e a B�blia conduz � “palavra”. “O mineiro vai em busca do que a B�blia ensina e opta pelo que est� certo”, afirma. Na opini�o do pastor, o cat�lico tem mais tradi��o do que propriamente pr�tica religiosa, enquanto o evang�lico � participativo, sendo os pastores mais pr�ximos do seu rebanho, presentes no cotidiano das fam�lias. Em Minas, conforme Linhares, h� 2,4 mil pastores filiados e sete semin�rios evang�licos. Na capital, s�o 400 templos, com mais de 20 nomenclaturas, distribu�das entre as tradicionais hist�ricas (batista, metodista, presbiteriana e luterana), pentecostais e neopentencostais.
Belo Horizonte sedia ainda a �nica mesquita de Minas, na Rua Jo�o Camilo de Oliveira Torres, mais conhecida como Rua do Amendoim, no Bairro Mangabeiras, na Regi�o Centro-Sul da capital. Fundada em 1991 seguindo o modelo marroquino, a mesquita conta hoje com 200 membros efetivos, segundo a Comunidade Isl�mica Central de Belo Horizonte, sendo 70% deles brasileiros revertidos ao islamismo, al�m de libaneses, eg�pcios, africanos e indianos. “O mu�ulmano � um ser que consegue viver no mundo de maneira pura, conforme nos ensinou Muhammad”, define o sheik Mokhtar El Khael na cerim�nia, conduzida em portugu�s e em �rabe perante a plateia masculina. Com a cabe�a coberta por v�us, mulheres participam de uma parte da celebra��o em andar separado, para evitar que sejam vistas se ajoelhando perto dos homens. “Esse cuidado serve para preservar o conforto e o respeito da mulher”, diz o sheik, autoridade m�xima na mesquita.
J� o candombl�, totalmente celebrado no dialeto africano iorub�, vem perdendo for�a para a umbanda, que conta com 250 casas e terreiros catalogados em Belo Horizonte. “Os fundamentos do candombl� est�o se perdendo com a morte dos mais velhos”, lamenta a ialorix� (m�e de santo) Eliane de Oxum. Ela herdou dos tatarav�s a incumb�ncia de levar adiante a Casa de Ax� Olhos d’�gua da Adivinha��o, atualmente no Bairro C�u Azul, na Pampulha, sendo escolhida por uma hierarquia para dar seguimento aos preceitos dos orix�s, definidos como esp�ritos evolu�dos reencarnados. “A umbanda est� crescendo, porque as pessoas est�o buscando ajuda e apoio na religi�o. Acreditamos que se planta o milagre com muita ora��o, passes e limpezas energ�ticas com ervas sagradas”, explica o pai Marcelo de Oxossi, zelador da Casa do Divino Esp�rito Santo das Almas, no Bairro S�o Geraldo.