Esgotos lan�ados em Vargem das Flores deixam a �gua impr�pria para consumo humano

A falta de chuvas na Grande BH que obrigou o Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam) a declarar situa��o de escassez h�drica e restri��o de consumo nos mananciais do Sistema Paraopeba (Rio Manso, Serra Azul e Vargem das Flores) revelou outro problema. Com menos �gua, a concentra��o de esgoto, que era dilu�da no reservat�rio de Vargem das Flores, se tornou maior, expondo a necessidade de captar dejetos lan�ados irregularmente por im�veis formalmente instalados e pelas invas�es.

Segundo os levantamentos para a implanta��o do Rodoanel, a quantidade de coliformes termotolerantes, que s�o indicativo de lan�amento de esgoto, � 57% maior do que o m�nimo aceit�vel pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Dessa forma, a �gua de Vargem das Flores se caracteriza como classe 3, ou seja, � impr�pria para banho e consumo humano, s� podendo ser aproveitada depois de tratamento convencional e at� avan�ado.

Essa degrada��o obriga a Copasa a investir pesado no tratamento da �gua de Vargem das Flores, usada para abastecer a Grande BH. A ocupa��o de �reas de tribut�rios do lago e a falta de saneamento s�o fen�menos que o especialista em an�lise ambiental e modelagens de sistemas ambientais Paulo Eduardo Borges classifica como est�gio “incontrol�vel”, do ponto de vista de planejamento. “BH � um polo atrativo de com�rcio e de ind�strias e, com isso, mais pessoas precisam habitar regi�es pr�ximas, restando a quem tem menos condi��es a aglomera��o nessas periferias, que, apesar de prec�rias, t�m ainda um sistema de transporte que permite trabalhar na cidade e morar distante a baixo custo”, avalia.

Um dos principais tribut�rios do sistema Vargem das Flores � o Ribeir�o Betim, que j� est� polu�do antes mesmo de percorrer o centro da cidade, a quinta mais populosa cidade mineira. Entre os bairros Praia e Vista Alegre, por exemplo, a concentra��o de esgoto chega a ser 1.870% superior � permitida pelo Conama. “Eu pescava aqui. Essas margens eram usadas para lazer e encontro da comunidade. Hoje, al�m de tudo, o rio enche e traz lixo e esgoto para a porta das nossas casas. O descaso � grande e at� a ponte j� est� toda rachada. A gente mora muito longe e por isso sofre aqui, esquecido”, reclama o propriet�rio de um ferro-velho � beira do Ribeir�o Betim, Agnaldo Jos� Costa, de 67.

No que diz respeito a esgoto, no entanto, o C�rrego Brumado e o Ribeir�o Vermelho, que percorrem fazendas e chacreamentos em Sabar�, ainda n�o foram contaminados e apresentam qualidade boa, podendo ter contato humano com a �gua, que ainda pode ser consumida. Os dois rios passam pr�ximo � por��o final do Rodoanel, que fica na BR-381, em Ravena.

Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semad), os planos de despolui��o e de conserva��o de mananciais est�o ainda em an�lise de prioridades com outros programas que haviam sido iniciados na gest�o anterior,  e, por isso, n�o h� ainda perspectiva de que os corpos d’�gua que ser�o cortados pelo Rodoanel sejam contemplados por medidas de despolui��o.

SAIBA MAIS
Via para desafogar Anel Rodovi�rio
O Rodoanel Metropolitano Norte � um projeto de via duplicada com 66 quil�metros que conectar� dois segmentos da BR-381 (sa�das para Vit�ria e para S�o Paulo) e interligar� oito munic�pios de Leste a Oeste da Grande BH (Betim, Contagem, Ribeir�o das Neves, Pedro Leopoldo, S�o Jos� da Lapa, Vespasiano, Santa Luiza e Sabar�), contornando toda a �rea urbana da capital. Um dos principais impactos seria reduzir o transporte pesado no Anel Rodovi�rio. Com a nova rota, a previs�o � de que uma viagem entre Betim e Ravena, por exemplo, seja reduzida de uma hora para 36 minutos, e de Betim a Confins, de 90 para 30 minutos. O tr�fego estimado � de cerca de 70 mil ve�culos por dia. A vencedora da licita��o foi a concession�ria Rota do Horizonte, formada por Odebrecht TransPort (60%), EcoRodovias Infraestrutura e Log�stica (20%) e Barbosa Mello Participa��es e Investimentos (20%). O grupo seria respons�vel pela constru��o, manuten��o e opera��o da via. O contrato de parceria p�blico-privada teria dura��o de 30 anos, com investimentos de R$ 4 bilh�es. A Setop analisa termos e investimentos e deve fazer altera��es ainda neste semestre.