Mananciais da RMBH est�o sendo engolidos por esgotos dom�sticos e lixo industrial

Primeiro, veio a polui��o que matou os c�rregos, trazida pela ocupa��o desordenada de terrenos pr�ximos aos pastos e ro�as. Depois, chegou a viol�ncia, que tirou o sossego de quem dormia de portas e janelas abertas. Agora, a obra que promete aliviar o tr�nsito de Belo Horizonte pode tirar as propriedades de 20 fam�lias em Vespasiano, na Grande BH. Nascido e criado na comunidade de Angicos, �s margens do C�rrego Sujo, o fazendeiro S�rgio Vit�rio Fonseca, de 60 anos, conta que as �guas hoje turvas de tantas part�culas oleosas de esgoto eram cristalinas e tinham v�rios usos pela comunidade. “A gente lavava roupas e at� bebia dessa �gua. Em cima, tinha pedras onde as mulheres lavavam roupas. Embaixo, o pocinho e o po��o onde a meninada mergulhava. A gente pescava e usava a �gua para tudo. Hoje, n�o d� nem para chegar perto”, afirma. E completa: “O progresso, para mim, s� trouxe amola��o e agora pode destruir minha comunidade”, reclama, temendo o desaparecimento do lugarejo com a implanta��o do Rodoanel Metropolitano Norte.

Al�m da viabilidade da megaobra rodovi�ria, que est� sendo estudada pela Secretaria de Estado de Transporte e Obras P�blicas (Setop) mesmo depois de conclu�do o processo licitat�rio, no ano passado, outro aspecto das �reas mais afastadas da Grande BH tem sido revelado pelos levantamentos no tra�ado: a extrema polui��o dos mananciais das periferias da terceira maior regi�o metropolitana do pa�s, com quase 6 milh�es de habitantes.

Os diagn�sticos qu�micos feitos na etapa de projeto do Rodoanel indicam que sete dos oito principais mananciais que ser�o cortados pela obra est�o criticamente afetados pelo despejo de esgotos clandestinos e ac�mulo de lixo industrial em suas margens.
S�o cursos d’�gua afastados da �rea central da capital mineira, nas bacias dos rios Paraopeba e das Velhas, como o Ribeir�o das Areias, que faz limite com Ribeir�o das Neves, Vespasiano e Pedro Leopoldo, e o C�rrego Sujo, em Vespasiano, que, apesar do nome, tinha apenas barro em suas �guas e hoje se tornou um manancial morto, praticamente um canal de esgoto a c�u aberto.

A expectativa de implanta��o da autoestrada que desviar� o tr�fego das BRs 040 e 381 das �reas urbanas da capital e da regi�o metropolitana amplia o temor dos moradores para uma degrada��o ainda maior, embora a Setop tenha informado que uma decis�o sobre o tra�ado e a modalidade de gest�o da nova rodovia ser� acertada apenas depois de avalia��es que terminam neste semestre.